Por Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. - Jornal Santuário Em Artigos

Moral de atos e moral de atitudes

É relativamente fácil constatar que vivemos numa sociedade pautada pela moral de atos, prescindindo completamente da tão sonhada moral de atitudes. O que isso quer dizer, em outras palavras?

Tomemos como exemplo um pai de família que se dedicou a vida inteira à esposa, aos filhos e ao lar. Trabalhou de sol a sol para dar condições de estudo a sua prole e para angariar subsídios necessários ao sustento de sua família. Um pai totalmente exemplar. Bem, suponhamos que este bom marido e excelente pai venha a cair no erro grave da traição, do adultério (o que acontece com relativa frequência no Ocidente). É absolutamente previsível que as pessoas ao seu redor venham a julgá-lo severamente, postura compreensivelmente lógica em relação ao senso de justiça. O grande problema é que esse único ato errôneo na vida desse pai de família o definirá para sempre como adúltero. O substantivo “traidor” será a essência de sua pessoa, o que é claramente um aprisionamento semântico cruel feito por uma moral de atos.

Em poucas palavras, para esse modelo de moral, a pessoa se define pelos erros que comete durante a vida, e não por suas virtudes e atitudes. A moral de atos encerra o ser humano em suas limitações, não dando chance para que se realize plenamente. Não importa se a maior parte da vida de uma pessoa foi dedicada a gestos e atitudes altruístas, mas ela será sempre definida pelas falhas que cometeu.

A moral alternativa ideal para uma sociedade civilizada é a de atitudes. A pessoa é um ser em construção, por isso, importam mesmo as suas atitudes diante dos variados desafios da vida. O ser humano não é ladrão porque um dia furtou; não é adúltero e inescrupuloso porque traiu em alguma ocasião; não é explosivo porque perdeu a paciência em algum momento; não é mentiroso porque faltou com a verdade em algum instante da vida; não é fracassado porque um dia falhou. Se esse parâmetro moral fosse posto em prática, tomaríamos maior consciência de nossas limitações e nos empenharíamos ainda mais para evitar os erros.

Em suma, somos pessoas que batalham a cada dia para construir uma personalidade irrepreensível, mas resvalamos com frequência nestas estradas lisas e sinuosas da vida. O erro jamais definirá nosso caráter, mas, sim, as atitudes que empregamos para combatê-los e corrigi-los; essas, sim, identificam-nos como seres humanos!

Padre José Luís Queimado, C.Ss.R., é diretor do Portal A12.com

Escrito por
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. (Arquivo Santuário Nacional)
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. - Jornal Santuário

Redentorista, formado em Filosofia e Teologia. Pesquisador das Sagradas Escrituras e História. Acumulou experiência nas Missões Populares e no Santuário Nacional de Aparecida.

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