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Em Mossoró (RN) grupo faz sucesso e ganha repercussão nacional

Foto de: Reprodução

Keké Isso na TV - Foto Reprodução

 

Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Parece já batida a frase de Glauber Rocha, figura-chave da época do Cinema Novo no Brasil, mas em tempos de tecnologia de alta qualidade e preços acessíveis, a diferença é que ter uma câmera na mão e uma ideia na cabeça agora é sonho perfeitamente possível no dia a dia de muitas pessoas, ou seja, nunca foi tão simples e barato tornar-se um cineasta, um repórter, um ator, um cantor, um humorista.

Diferentemente do passado, ninguém precisa mais do aval de uma emissora de televisão ou uma produtora de cinema para fazer aquilo que tem vontade e sonha, pois com a ajuda da internet tornar uma ideia conhecida ficou muito mais fácil.

Agora o vídeo grosseiro, caseiro, ganha espaço e pode fazer até mais sucesso que grandes produções; além disso, a falta de figurino também pode ser improvisada com as próprias roupas, o cenário pode ser uma parede verde usada como recurso para recorte nos já barateados programas de edição de vídeo e o protagonista pode ser qualquer pessoa. Acreditando nisso, muitas pessoas planejam viver de internet, e outras ficam famosas de repente. Os resultados podem ser além do esperado. Um grande exemplo é uma trupe que nasceu em Mossoró (RN), em 2010, e ganha a cada dia mais fãs pelo Brasil na internet e na televisão, é a turma do Keké Isso na TV.

O início de um fenômeno

Uma brasileira, auxiliar de serviços gerais, passa rapidamente a ser uma professora muito solicitada na internet, mas como? O motivo são os vídeos realizados por seu filho de nome Kerginaldo e um amigo dele, o Jedson. Dona Irene, até então, é uma pessoa anônima, mas somente até o momento em que ela e os rapazes decidem colocar os vídeos no Youtube.

As chamadas Aulas da Irene começaram como uma brincadeira e apresentavam as respostas mais improváveis para perguntas menos prováveis ainda. Engraçada, natural, divertida e com uma carinha de vovó que muitos netos gostariam de ter, dona Irene rapidamente conquistou o coração do povo de Mossoró e suas aulas se tornaram um quadro em um programa na TV local. Irene é capaz de assimilar qualquer informação, responder perguntas de qualquer área do conhecimento, associar magnificamente ideias e ainda transmite toda a sua sabedoria, principalmente com as aulas de Açu-le-tra-ção. Assim mesmo como se escreve.

“Eu trabalhava de auxiliar de serviços gerais em um hospital, daí fiquei impossibilitada de trabalhar por ter perdido a visão de um olho; então, com meu tempo livre, comecei a brincar com os meninos. Deus me fechou uma porta e abriu outra”, conta dona Irene.

Em 2011 as Aulas da Irene se tornaram um fenômeno no Estado do Rio Grande do Norte e passaram a ser um quadro dentro de um programa da televisão local. Dona Irene, seu filho Kerginaldo (Keké) e o amigo Jédson continuaram reproduzindo vários vídeos inéditos na internet e na TV, bateram a Rede Globo local em audiência e chamaram um reforço, a Dona Zuzu. Uma figura que não gosta de usar dentadura, tem um talento especial para a música e sabe chorar melhor que muita atriz famosa. Rapidamente o quadro virou um programa de TV, com direito a novelinha própria, telejornal apresentado por Irene e Zuzu, entrevistas etc. Tudo sem abandonar o conceito do amadorismo. O simples, o tosco e o texto sem roteiro, as bobagens e a bagunça são o toque especial vindo da internet para a TV. Uma mudança de tempos, uma quebra de paradigmas. É o momento em que pessoas comuns passam a ter voz, e talvez daí surja a grande identificação com o público.

Internet, sociedade e consequências

De acordo com o mestre em comunicação, professor Carlos André Gonçalves, é possível explicar o sucesso e a rápida repercussão de vários canais na internet. Para ele, a maioria dos vídeos compartilhados por milhares de pessoas são aqueles que possuem a capacidade de despertar determinadas emoções em quem assiste aos vídeos e que remetem diretamente ao fato de a sociedade vivenciar um declínio substancial, tanto na vivência quanto na externalização de emoções por parte de cada indivíduo. “A constituição das cidades, dos novos processos de trabalho e das novas formas de contato e relação fazem com que tenhamos cada vez mais uma menor capacidade (e possibilidade) de sermos emotivos. O indivíduo vê e compartilha aquilo que o toca, de alguma forma, em suas emoções não externadas. É como se a emoção presente no vídeo fosse sua, mas, por não ser, ele o legitima a compartilhar”, explica.

Há também um segundo ponto, que é a necessidade do indivíduo de exercer seu senso crítico. “Vivemos em uma sociedade que dificulta e reprime a vivência do ser crítico. É interessante, pois o processo deveria ser justamente o contrário, visto que, com o advento das redes sociais, nossa possibilidade de ‘falar’ com milhares de pessoas é cada vez maior. Mas é justamente essa grande possibilidade de visibilidade que inibe e restringe grande parte do ser crítico que há dentro de cada indivíduo”, cita.

Já são quase 1.000 vídeos produzidos por dona Irene e sua turma, acesse: www.kekeissonatv.com.br

Confira uma compilação dos melhores momentos:

 

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