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Quem é católico pode ser cremado?

Padre Evaldo César Souza, C.Ss.R, diretoria da Fundação Nossa Senhora Aparecida (FNSA) (TV Aparecida)

Escrito por Pe. Evaldo César de Souza, C.Ss.R. - Jornal Santuário

12 JUL 2021 - 00H00 (Atualizada em 12 JUL 2021 - 12H02)

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Este tema pode ser a oportunidade de conversamos sobre um momento muito sensível de nossa vida, que é a morte. Vamos começar respondendo à pergunta de modo simples: SIM, um católico pode ser cremado, se este foi seu desejo em vida ou se a família assim decidir.

Mas vamos aprender mais um pouco sobre a morte. Ela faz parte da vida, e, como tudo, precisa revestir-se de significados simbólicos, que se tornem memoráveis. Se na vida temos rituais que prestigiamos e amamos, na morte não é diferente. As mais antigas manifestações antropológicas que conhecemos e temos preservadas estão relacionadas com a morte. Animais não enterram seus mortos. A morte ritualizada é algo exclusivamente humano!

O cristianismo, desde sempre, dedicou respeito aos mortos, dando inclusive um passo a mais na compreensão da morte. Mais do que respeitar os mortos, com base na experiência da fé na Ressurreição de Jesus Cristo, o cristianismo vê a morte como uma etapa necessária para a verdadeira glorificação do homem. Jesus ressuscitou, nós ressuscitaremos, gloriosos  em corpo e espírito. Com isso, o cristianismo deu à morte um caráter ainda mais respeitoso, e os cuidados com os defuntos foram sendo cada vez maiores.

Durante algum tempo, por causa de premissas um tanto quanto materialistas sobre a morte, supunha-se que o defunto cristão deveria ser sepultado em terra, em local apropriado, pois no dia da ressurreição aquele corpo inerte seria novamente animado, algo como descrito na visão do profeta Daniel (Dn 37,10). Mas essa não é a realidade teológica da Ressurreição, em sua totalidade.

O corpo, a matéria, isso será decomposto pelo tempo. O que ressuscita, o corpo que é glorificado por Deus, é algo novo, que nem sequer sabemos descrever. Jesus assim se manifestou, glorificado: era Ele mesmo, mas, num primeiro momento, não foi reconhecido pelos seus amigos mais íntimos (Madalena não o reconhece, os discípulos de Emaús não o reconhecem, Pedro não o reconhece). Ou seja, na ressurreição seremos os mesmos, mas seremos distintos do que somos!

Por isso, o desenvolvimento teológico e o catecismo da Igreja não mais proíbem a cremação dos corpos. Despedir-se do ente querido, cremando seus restos mortais e, depois, depositando as cinzas em local digno e respeitoso, já faz parte do dia a dia do cristianismo, ainda que o sepultamento seja ainda muito mais comum e praticado.

O que a Igreja pede, quando se faz a cremação, é que as cinzas sejam colocadas em local respeitoso, e não tratadas como símbolo mágico. Mesmo se feito cinzas, o corpo defunto aguarda sua ressurreição, e esta verdade não pode estar longe do olhar de fé daquele que se propõe a cremar um ente querido!

.:: Veja abaixo um vídeo que também aborda a mesma temática da cremação e se aprofunde mais sobre o assunto!



Escrito por
Padre Evaldo César Souza, C.Ss.R, diretoria da Fundação Nossa Senhora Aparecida (FNSA) (TV Aparecida)
Pe. Evaldo César de Souza, C.Ss.R. - Jornal Santuário

Jornalista e missionário redentorista

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