Por Eduardo Gois Em Notícias Atualizada em 01 MAR 2018 - 10H47

Jovens arriscam-se em busca de uma estética idealizada

É comum ver pessoas, principalmente jovens, submeterem-se a diversos tipos de sacrifícios e riscos em nome da beleza. Na maioria das vezes já são pessoas bonitas e têm consciência disso, mas, mesmo assim, passam por cirurgias, procedimentos estéticos, dietas. O fato é que nunca sentem-se satisfeitas. Diante de tal realidade, podemos atribuir esse tipo de comportamento a quais aspectos?

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Quem esclarece são as psicólogas Carla Caligiorne, Kelli Cardoso e o neuropsicólogo Fabio Roesler: “Pode-se atribuir a esse comportamento aspectos como a banalização e inconsistência da informação que circula na mídia e as mudanças dos conceitos espirituais e éticos da sociedade”, aponta Carla Caligiorne.

Já Kelli Cardoso, tem a opinião de que cada pessoa busca processos estéticos e sacrifícios por questões individuais e sociais. “O que se pode observar é que realmente existe uma grande parcela de pessoas insatisfeitas com a beleza física e que sempre buscam mais procedimentos até chegar a extremos, como sinal máximo da insatisfação. Atualmente, a beleza física se tornou a principal busca das pessoas, o corpo se tornou um cartão de visita sobrepondo-se a questões importantes, que antes eram mais valorizadas. Portanto, o que diferencia são as escolhas individuais, no caso se vai ser uma busca saudável ou de riscos”, explica.

Na avaliação de Carla, a ciência avançou e a tecnologia é atualizada cada vez mais rapidamente gerando mudanças contínuas em todos os níveis. “A mídia fabrica uma imagem de beleza idealizada e a ser alcançada a qualquer custo através dos muitos recursos da estética e propaga por meio de programas de televisão, propagandas de outdoor, novelas e seriados, o culto a imagem de mulher eternamente bela e jovem, com biótipo físico moldado para ser perfeito, e de homens musculosos e sarados que estão muito distantes da realidade e do senso comum. No entanto, são modelos cobiçados por uma grande maioria.”

Segundo Carla é uma espécie de crença errônea de que o impossível é possível. “Parece que se pode modelar o corpo como se modela bonecos, argila, que desmancha-se e faz de novo, como se desmancham as linhas de um texto escrito no Word, do Facebook ou numa mensagem de Whatsapp.”

Na explicação do Neuropsicólogo Fábio Roesler, algumas pessoas possuem transtorno dismórfico corporal, o que faz com que nunca estejam satisfeitas com o seu próprio corpo, nunca estão suficientemente magras ou fortes. Por outro lado, existem aquelas pessoas cuja autoestima é muito baixa e por isso buscam compensar seus conflitos psíquicos através de uma mudança corporal que nunca é alcançada. “Isso geralmente é um reflexo de dois fatores, uma disponibilidade genética e também de fatores ambientais que facilitem o gatilho disso. É preciso avaliar até que ponto essa busca pela perfeição corporal é pautada em algo normal ou num transtorno emocional. Há casos nos quais o sujeito está anoréxico e mesmo assim não se convence de sua magreza”, conta.

Crise de discernimento

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De acordo com Carla, ignorar os avanços da medicina e da tecnologia é impossível. A evolução da comunicação e toda a tecnologia a serviço, são fatos reais e incontestáveis, porém a sociedade precisa desenvolver estratégias para assimilar todo o avanço tecnológico e da medicina com ações que sejam mais criteriosas, e projetos que acolham e promovam a educação de jovens, para a consistência da formação do pensamento, da crítica, dos valores para se viver em sociedade. “É preciso proporcionar consistência na formação espiritual e intelectual, ampliando a avaliação crítica da mente nova, e incentivando a aceitação do diferente e original. Essa responsabilidade é do adulto que orienta que exemplifica que educa. O adulto pai, mãe, professor, tem o dever de desenvolver essas mentes jovens para a compreensão do que é a vida em sua essência, e desenvolver a consciência de Deus, o conceito de bom e mal, de certo e errado, de humano e desumano, para a aceitação do diferente e do original, do que é de fato real”, explica

Carla argumenta que é preciso auxiliar a mente jovem a ser capaz de discernir entre o real e o irreal, a aceitar-se e a aceitar a realidade como ela se apresenta em vez de maquiar, ajeitar e disfarçar “defeitinhos”, ignorar o que se é e até rejeitar-se. “É importante cultivar a beleza e tratar-se sim. Inventar imagem e tornar-se o que não é pode levar ao desvio de personalidade, que é indesejado para a saúde psicológica da pessoa e danoso para a sociedade.”

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Carla Caligiorne acrescenta que isso pode ser reflexo de algum vazio emocional, espiritual ou cobranças sociais. Para a psicóloga, as famílias estão em crise há quase três décadas. “Tudo mudou. O cenário de uma família é totalmente diferente. Novos modelos de família estão sendo formados. A formação dos jovens ao longo dessas décadas ficou no limbo. Quem é responsável? O pai ausente, a mãe trabalhadora e provedora e ausente da casa, o professor cansado e descrente? Quem tem oferecido o alicerce emocional, educacional, e espiritual aos jovens? A sociedade está em mudança e as pessoas estão buscando apoios em novos parâmetros. Precisam consolidar os conceitos espirituais, éticos e morais que embasam a vida real.”

Carla também considera que é necessária uma vida espiritual “Precisam da Palavra, do Evangelho, da experiência com Deus e da compreensão de que a vida é muito mais que essa beleza física padronizada e estereotipada, esse acúmulo de bens patrimoniais e um celular moderno e cheio de aplicativos.”

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