Por Ir. Gilberto Teixeira da Cunha Em Crescendo na Fé Atualizada em 02 FEV 2018 - 09H38

Confessar-me para quê?

Na audiência geral da última quarta-feira, 19 de fevereiro, o Papa Francisco deu uma catequese sobre o Sacramento da Reconciliação. Gostaria de aproveitar essa catequese para falarmos um pouco sobre este valioso sacramento e buscar responder a algumas dúvidas, medos e até preconceitos que muitas vezes nos impede de receber, nas palavras de Francisco, o “abraço da misericórdia infinita do Pai”. Quem não gosta de ser abraçado, de receber o perdão, ter a chance de recomeçar melhor ainda do que antes? Quem prefere viver frustrado, com uma sensação de vazio, de estar em falta ao invés de ser amado profundamente e ter uma vida com pleno sentido?

Lembremos primeiramente que “o Sacramento da Reconciliação foi-nos dado por Jesus no domingo de Páscoa, quando disse aos discípulos: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados»” Essas primeiras palavras de Francisco responde a uma das justificativas que muitas pessoas dão para não buscar esse sacramento: “ah, eu posso confessar-me diretamente com Deus, igual Ele vai me perdoar”. Se fosse realmente assim, por que Jesus se daria ao trabalho de escolher homens para perdoar os pecados como Ele fez no tempo de sua vida pública?

No Youcat (número 228) podemos encontrar uma pista de porque Jesus quis assim: “Ele conhece-nos. Naquilo que diz respeito ao pecado, costumamos fazer manhas, varrendo o assunto para debaixo do tapete. Por isso, Deus quer que expressemos os nossos pecados e os confessemos face-a-face. E para isso servem os sacerdotes”. Lembremos que é Cristo que atua na pessoa do sacerdote. E não é tão bom escutar aquelas palavras cheias de perdão, de acolhida, de alívio, “os teus pecados estão perdoados?”

Mas o padre é pecador como eu, então por que eu devo me confessar com ele? Justamente por isso Cristo quer valer-se do frágil, do humano para nos elevar, para resgatar-nos do pecado e dar-nos vida nova. Os sacerdotes, pecadores como nós, são apenas transmissores da graça de Deus: “o perdão dos nossos pecados não o podemos dar a nós mesmos, mas é dom do Espírito Santo: Ele derrama sobre nós torrentes de graça e misericórdia do Pai, que jorram sem cessar do Coração aberto de Cristo Ressuscitado.” (Papa Francisco)

Outro aspecto muito valioso e que o Papa Francisco falou na catequese é a dimensão eclesial deste sacramento: “não basta pedir perdão a Deus no íntimo do próprio coração, mas é necessário confessar os pecados ao sacerdote. Este, no confessionário, não representa apenas Deus, mas toda a comunidade eclesial, a qual se reconhece na fragilidade dos seus membros, constata comovida o seu arrependimento, reconcilia-se com eles e encoraja-os no caminho de conversão e amadurecimento humano e cristão.” 

É tão legal saber que existem tantos outros como nós, no campo de batalha, frágeis, com tantas limitações, que precisam constantemente da ajuda de Deus. E buscarmos juntos a reconciliação com Deus nos une ainda mais como família, nos fortalece e essa graça se difunde entre todos os cristãos, em todo o mundo. Entenda então dessa forma: toda vez que eu me arrependo e busco a reconciliação é como se acendesse um farol no mundo. A fé é renovada (lembro que sou filho de Deus e tenho um Pai que me ama), a esperança é fortalecida (acredito novamente que posso ir adiante, que sou valioso e que posso realmente ser feliz para sempre e plenamente) e isso me leva naturalmente a amar mais a mim mesmo e aos meus irmãos, especialmente os que mais precisam. Deus se alegra muito com ver-me bem, ver novamente eu ser o melhor de mim. Ele reconhece novamente a imagem do seu Filho em nós. Fica tão contente que dá uma grande festa no céu. Basta a gente lembrar das parábolas da misericórdia (Ver Lc 15).

Queridos jovens, não tenhamos medo, vergonha ou preconceito de buscar com frequência a reconciliação pois “este sacramento significa sermos envolvidos num abraço caloroso da infinita misericórdia do Pai.” E se falta um pouco de coragem, vá acompanhado da mão amorosa de Maria. Ela certamente nos guiará com mão firme de mãe ao encontro do seu Filho, para que cada dia sejamos mais semelhantes a Ele.

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