Por Irmão Diego Joaquim, C.Ss.R Em Igreja

Golpe ou virada de mesa?

O governo chama o processo de impeachment de “golpe”. A oposição diz que segue os trâmites previstos pela Constituição. Mas, observando mais de perto, o que se constata é que há é um golpe e um contragolpe, mas nada que represente qualquer quebra da ordem democrática.

Assistimos, na verdade, a mais uma ação que prova a irresponsabilidade dos políticos brasileiros que, sem nenhum compromisso com o progresso do país, fazem e desfazem suas alianças apenas em busca de seus interesses no poder. Vamos procurar entender?

Dilma Rousseff vinha desagradando o PT por conta do seu estilo de governar que não favorece o diálogo. E, antes da crise, ela sempre procurou se diferenciar do ex-presidente Lula. O PMDB, partido que sempre cobrou muito caro por suas alianças, percebeu o governo perdendo credibilidade e força, e traçou o plano do desembarque, que pode levar o maior partido político do país a ocupar a Presidência da República.

Enquanto isso, a oposição viu a oportunidade de derrubar o partido que ocupa o poder central há 13 anos, e para isso, dividiu o país em dois. Publicamente, Michel Temer diz que vai fazer um governo que priorize o diálogo. Ele terá o apoio da oposição tucana, enquanto o PT tentará trazer Dilma de volta ao poder, até o fim do processo no Senado.

Mas há outros planos paralelos. Temer governará com o apoio do PSDB e não se candidatará à reeleição, mas nos bastidores dizem que seu desejo é ter apoio tucano para se lançar candidato ao governo de São Paulo em 2018. Enquanto isso, o PT já se organiza para trabalhar pelo pior no governo de Temer, e tentar voltar como “salvador da Pátria” em 2018, seja com Lula, ou mesmo com Dilma.

Já corrupção, a que vicia a máquina pública e que alimenta o que há de pior na política brasileira, deve continuar. Por tudo isso, não cabe chamar o que está aí de “golpe”, mas sim de “virada de mesa”. Somente uma reforma política, que parta de uma base realmente popular, seria um verdadeiro “golpe” na viciada política brasileira.

 

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Assinatura Ir. Diego Joaquim

Escrito por
Irmão Diego Joaquim, C.Ss.R.
Irmão Diego Joaquim, C.Ss.R

Missionário Redentorista da Província de Goiás

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