Por Elisangela Cavalheiro Em História da Igreja

24. Páginas da História da Igreja

História da Igreja no Brasil – XXIII

Até agora nos debruçamos sobre a História Política do nosso país, passando seguidamente pelas suas fases históricas mais importantes, destacando os acontecimentos marcantes e suas influências.

Desta forma chegamos até os nossos dias, mas agora faremos uma volta ao começo para acompanhar mais de perto a História da Igreja no Brasil, em suas características marcantes, fatos mais significativos e pessoas mais influentes.

O século XX e os primeiros anos do século XXI viram acontecer na América Latina e, por tabela no Brasil, uma série de fatos que veio modificar a nossa história e propiciar que a Igreja passasse a trilhar por um caminho muito mais nítido e próximo ao povo. Entre estes fatos podemos citar as conferências episcopais de Medellim (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007).

Nos últimos anos do século XX, a nossa Igreja Católica esteve empenhada num grande projeto de evangelização e pastoral que surgiu por incentivo do papa João Paulo II. No dia 10 de novembro de 1994 ele escrevia uma carta a toda Igreja intitulada ″Tertio Milennio Adveniente” traduzida como ″Advento do Terceiro Milênio”.

Ao mesmo tempo em que a Igreja se preparava para celebrar os dois mil anos do nascimento de Jesus Cristo e enfrentar o 3º milênio, com muita esperança, nós do Brasil, tivemos um motivo a mais para nos engajarmos; foi a celebração dos 500 anos da primeira evangelização de nossa terra e de nossa gente.

Varias medidas foram propostas e executadas para celebrar bem este jubileu, seja em nível mundial, como em nível local. O Brasil viu acontecer o grande Jubileu do ano 2000, junto com os 500 anos de sua primeira evangelização (1500-2000). A CNBB fez acontecer sua assembleia anual em Porto Seguro, BA, local onde desembarcaram os primeiros europeus brancos a chegarem aqui em 1500.

Este fato nos permitiu também fazer uma ação dinâmica e pedagógica de três tempos: Olhar para traz, vendo a herança que recebemos de todos aqueles que nos precederam, vendo também os pecados e as luzes de nossa caminhada; olhar para o presente, contemplando a Igreja e sua presença na sociedade brasileira, bem como sua contribuição na superação da atual crise da modernidade e finalmente olhar para o futuro, vislumbrando sinais de muita esperança e fé na caminhada.

Vamos aqui tratar, portanto, a partir de agora da História da Igreja no Brasil nos seus mais de 500 anos de evangelização.

 

RETOMANDO A CAMINHADA:

 

A evangelização do Brasil está muito ligada à formação de nossa pátria.  Todos nós temos, pelo menos algum conhecimento de nossa História, e das grandes linhas da formação do povo brasileiro. A motivação destas reflexões e deste meu contributo é lançar um pouco de luz e de conhecimento sobre nossa história, pois sem raízes fincadas no passado seremos um povo condenado a não ter um futuro certo.

Convido, portanto, todos os leitores desta página a olharmos juntos a nossa história: Brasil, no 3º milênio, numa caminhada de mais de 500 anos de história e de evangelização.

Vamos neste texto traçar, em algumas pinceladas, um pouco da história de nosso país, de nossa Igreja, uma vez que, pelo menos nas suas primeiras fases evangelização e colonização estão interligadas.

 

Divisão Tradicional da história do Brasil:

Brasil Colônia: De 1500 a 1822 (Independência do Brasil)

Brasil Império: De 1822 a 1889 (Proclamação da República)

Brasil República: De 1889 aos nossos dias.

 

A história da Igreja também acompanhava estas três grandes fases. Mas nos últimos tempos, a nossa história vem sendo estudada com novos critérios e, graça aos estudiosos do CEHILA (Centro de estudos da história da Igreja Latino Americana), esta periodização é feita de maneira diferente e mais de acordo com nossa realidade.

 

Lembretes:

É bom a gente lembrar que os acontecimentos não sofrem uma interrupção. A divisão que fazemos da história em períodos tem uma função pedagógica, ou seja, visa apenas facilitar a compreensão.  Toda periodização tem um efeito didático.

A nossa história sempre foi escrita sob um ponto de vista europeu, de quem fomos dependentes, e continuamos sendo em boa parte. A atual preocupação dos estudiosos do CEHILA é criar uma história genuinamente brasileira e latino-americana, sem esta dependência da Europa e de sua história.

Até hoje conhecemos muito pouco a nossa história. Nas escolas se estuda de tudo um pouco, mas a nossa história fica sempre relegada a um plano inferior na organização dos currículos escolares.

Ainda hoje existem certos preconceitos sobre a história. O modo de se estudar história também é errado, pois na maioria das vezes os educadores se preocupam muito com nomes e datas importantes e menos com o desdobramento de certos acontecimentos, e com a compreensão global dos fatos e pessoas que fazem ou cada período de nossa história.

Por isso, nos debruçamos um pouquinho sobre a história da Igreja no Brasil, mas como o Brasil não está sozinho, isolado no mundo; precisamos conhecer o contexto no qual passamos a existir como nação e como Igreja.

Convido o leitor a voltar os seus olhos e pensamentos para o século XVI, período em que a Europa estava saindo de uma fase de isolamento e partindo à conquista do mundo de então. Vamos ver a situação da Europa e de Portugal na época em que supostamente o Brasil foi ″descoberto” usando uma terminologia errada, mas que nos é mais conhecida.

No principio do século XVI a Europa estava passando por um período de grandes e profundas modificações.

 

PODER RELIGIOSO E PODER TEMPORAL:

Desde o século IV a Igreja caminhava para se tornar o maior poder institucional da face da terra. A autoridade do papa era tanta que ele podia até mesmo depor reis e rainhas, como por diversas vezes aconteceu. Mas a autoridade da Igreja estava em crise. Desde o século XV havia na Europa um movimento da reforma e contra reforma e os protestantes pediam mudanças urgentes e profundas na Igreja.

O movimento protestante tinha uma tríplice corrente: Na Alemanha foi encabeçado por Martinho Lutero, na Suíça por Calvino e na Inglaterra pelo Rei Henrique VIII e mais tarde, pela Rainha Elisabete I. Deste movimento protestante surgiriam outras correntes e, fato comum, o movimento continua se dividindo até os dias de hoje.

O movimento protestante exigiu uma tomada de posição da Igreja, mas ainda assim diversos países e territórios da Europa saíram da área de influência da Igreja católica. E claro, os papas vão apoiar e incentivar o movimento de reconquista e dominação, pois Espanha e Portugal que saíram à frente eram países católicos e o movimento da reforma protestante penetrou muito pouco nestes dois países.

Com a união de forças entre o papado, reis católicos e burguesia comercial a empreitada seria levada adiante. Por causa disto, no Brasil e nas demais colônias que se formaram a partir de então, colonização e cristianização caminharam juntas e às vezes se confundiam.

Na defesa de seu poder na Europa a Igreja usava diversas armas como a evangelização, a catequese do povo, a convocação de Sínodos, a pregação e a divulgação de uma literatura religiosa. Usava também de argumentos mais fortes como a inquisição.

Estes argumentos foram usados também nas áreas de missão que se formavam.

A Europa do século XVI era formada por diversas nações modernas, entre elas Portugal e Espanha, países situados na Península Ibérica; o português e o espanhol eram línguas originárias do latim. As colônias formadas em nosso continente por estas duas potências europeias viriam a formar o que hoje chamamos de América Latina, pelo fato de que as línguas faladas em nossos países seguem o latim.

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