Por Ir. Gilberto Teixeira da Cunha Em Igreja Atualizada em 02 ABR 2019 - 16H17

30 anos da Exortação Reconciliação e Penitência: A busca pela reconciliação

Exortação Pós-sinodal Reconciliação e PenitênciaHoje completa 30 anos em que foi escrita a Exortação Apostólica Pós-sinodal Reconciliatio et Paenitentia por São João Paulo II. Nela são propostas a reconciliação e a penitência como um caminho de conversão, como missão da Igreja.

Apesar de ter passado tantos anos penso que esse documento continua muito atual e diria que faz-se necessário aprofundá-lo e vivê-lo nos dias de hoje.

O Papa São João Paulo II começa falando de uma série de fenômenos sociais do mundo daquela época, que ele caracteriza como o rosto doloroso da divisão (Reconciliatio et Paenitentia, 2). Ao revisarmos esses fenômenos constataremos que seguem vigentes nos tempos atuais.   O Papa também deixa muito claro que essa experiência de divisão também está presente no interior da Igreja.

Somos convidados por ele a ter um olhar profundo sobre a realidade para descobrir a raiz desta divisão, o pecado: “À luz da fé chamamos-lhe pecado, começando pelo pecado original, que cada um traz consigo desde o nascimento, como uma herança recebida dos primeiros pais, até aos pecados que cada um comete, abusando da própria liberdade.” (Reconciliatio et Paenitentia, 2)

A nostalgia de reconciliação

Apesar de um diagnóstico dramático, percebemos no interior de todo ser humano sincero consigo mesmo, um desejo de curar as feridas, de recuperar a unidade e comunhão perdida. O Papa João Paulo II chamou essa experiência de nostalgia de reconciliação. (Reconciliatio et Paenitentia, 3)

Essa reconciliação deve ser profunda e atingir a raiz de todos os males: o pecado. Deve recuperar a comunhão do ser humano com Deus, consigo mesmo, com os irmãos e com a criação.

 

"Essa reconciliação deve ser profunda e atingir a raiz de todos os males: o pecado. Deve recuperar a comunhão do ser humano com Deus, consigo mesmo, com os irmãos e com a criação".

Um exemplo desse desejo de promover a reconciliação podemos perceber na última viagem que o Papa Francisco fez à Turquia. Destacaria a declaração conjunta, lida e assinada pelo Santo Padre e pelo Patriarca Ecumênico Bartolomeu. 

Breve esquema do documento

A exortação está dividida em três partes. A primeira delas, Conversão e reconciliação: tarefa e compromisso da Igreja, como o próprio nome sugere, fala da missão da Igreja. A Igreja é, segundo o Concílio Vaticano II, “em Cristo, como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (Ver Lumen Gentium, 1)

A segunda parte, O amor maior do que o pecado, busca aprofundar na dura realidade do pecado e suas manifestações e apresenta aquele que pode reconciliar a humanidade definitivamente: Cristo.

Além de algumas definições, como o pecado pessoal e social, o pecado venial e o mortal, gostaria de destacar o que acredito ter sido uma das grandes intuições de São João Paulo II: a perda do sentido do pecado como um dos maiores males do nosso tempo. (Reconciliatio et Paenitentia, 18)

 

"Além de algumas definições (...) o que acredito ter sido uma das grandes intuições de São João Paulo II: a perda do sentido do pecado como um dos maiores males do nosso tempo". 

Finalmente a terceira parte propõe algo de caráter mais prático: A pastoral da penitência e da reconciliação. Um dos meios privilegiados, além de uma catequese e acompanhamento do penitente, é a promoção do sacramento da reconciliação.

Hoje mais do que nunca faz-se necessário promover esse encontro entre o Pai misericordioso e nós, pecadores. O Papa Francisco tem promovido que as Igrejas estejam de portas abertas para acolher a todos que busquem a Cristo Reconciliador.

No Santuário Nacional esse sacramento é bastante promovido e existem vários sacerdotes que generosamente dedicam várias horas para atenderem os devotos durante todos os dias da semana, de manhã e à tarde na Capela das Confissões.

Reconciliação

Com Maria sejamos promotores da reconciliação

A tarefa de promover a reconciliação é de cada um de nós como nos lembra o apóstolo São Paulo: “Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação” (2Cor 5,18).

Só que antes de sermos promotores da reconciliação, somos convidados primeiramente a estarmos reconciliados com Deus, pois ninguém dá o que não tem: “Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5, 20).

Estamos chamados a sermos Igreja reconciliadora e reconciliada (Reconciliatio et Paenitentia, 8-9). E como Maria pode nos ajudar nesta tarefa?

Cristo desde o alto da Cruz, momento em que está realizando em plenitude a nossa reconciliação, quis em uma de suas sete palavras deixar o que São João Paulo II chama de “testamento da Cruz”. (Cf. A Mãe do redentor, 23.).

Pronuncia aquelas palavras intensas, cheias de esperança: “Mulher eis aí o teu filho. Filho, eis aí tua Mãe” (Jo 19,26-27). Cristo diz essas palavras porque Ele sabe que todos nós necessitamos de uma mãe que nos cuide, que vele por nossa felicidade.

Maria, como sabemos por fé, é primícia da reconciliação. Ela foi concebida Imaculada, sem mancha. Podemos dizer que Maria é a mulher reconciliada por excelência.

Maria, a mulher reconciliada, sabe melhor que ninguém da grandeza desse dom da reconciliação que oferece o Pai através de seu Filho. Ela quer que esse dom chegue a todos, quer que todos nós, seus filhos, vivamos reconciliados, sejamos semelhantes a seu Filho. E não é isso que o nosso coração mais anseia?

O caminho mais seguro de vivermos reconciliados com Cristo é através de Maria. Não é isso que experimentamos quando rezamos a Maria, quando voltamos o nosso olhar ao seu Imaculado Coração? Maria sempre nos leva a Jesus!

Sejamos cooperadores da missão amorosa de nossa Mãe: reconciliar todos com Cristo, começando pela gente.

Leia a exortação:

https://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_02121984_reconciliatio-et-paenitentia_po.html 

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