Por Joana Darc Venancio Em Igreja Atualizada em 25 SET 2017 - 11H22

A consciência bem formada é reta e verídica

Por que a interrogação sobre a educação deve nos interessar? A partir de quais sentidos essa interrogação se torna para nós uma exigência? O primeiro deles é que a tarefa essencial da educação permanece ligada à formação integral do homem. Portanto, indissociável da necessidade de compreensão do que ele é, e do que ele pode se tornar mediante a educação. O Catecismo da Igreja Católica (1784), afirma: 

Uma educação prudente ensina a virtude: preserva ou cura do medo, do egoísmo e do orgulho, dos ressentimentos da culpabilidade e dos movimentos de complacência, nascidos da fraqueza e das faltas humanas. A formação da consciência garante a liberdade e gera a paz do coração. 

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O segundo sentido é aceitar que sempre há, explícita ou implicitamente, uma concepção sobre como o homem pode se tornar melhor pela educação. A pergunta sobre a educação não pode ser eliminada, não está esgotada e, na verdade, jamais o estará. Deve, ao contrário, ser fonte permanente de reflexão e de questionamento sobre as finalidades, meios e possibilidades da mesma. A filosofia tem uma importância ímpar, pois sua tarefa principal é nos permitir o exercício de uma reflexão sempre aberta e não de nos oferecer respostas definitivas sobre quem é o sujeito da educação, pois poderia ocultar seus essenciais sentidos.

O primeiro problema que se coloca para a educação é o que diz respeito à própria possibilidade de conhecer: pode o homem ter algum conhecimento verdadeiro? Kant em sua Obra “Sobre a Pedagogia”(1999, p.15) diz:

O homem não pode se tornar um verdadeiro homem senão pela educação. Ele é aquilo que a educação dele faz. Note-se que ele só pode receber tal educação de outros homens, os quais a receberam igualmente de outros. Portanto, a falta de disciplina e de instrução em certos homens os torna mestres muitos ruins de seus educandos. Se um ser de natureza superior tomasse cuidado da nossa educação, ver-se-ia, então, o que poderíamos nos tornar. 

 

  "A formação da consciência é  indispensável aos seres  humanos, submetidos a  influências negativas e  tentados pelo pecado a  preferir o seu juízo próprio e a  recusar os ensinamentos  autorizados". Catecismo da  Igreja Católica. 

Kant revela uma educação que não se esvazia em sua ação imediata, mas se projeta para o futuro e acredita no Sujeito da educação para além de seu estado atual. A educação é o caminho proposto para que o ser humano vença os obstáculos e limites que o jogam no ocultamento de suas potencialidades. Uma das finalidades da educação é formar a consciência, pois esta livrará o homem do ocultamento de sua condição, fortalecendo o seu desejo de uma vida reta e conduzida pelos juízos morais esclarecidos pela consciência. O Catecismo da Igreja Católica (1783) deixa claro:

A consciência deve ser informada e o juízo moral esclarecido. Uma consciência bem formada é reta e verídica; formula os seus juízos segundo a razão, em conformidade com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A formação da consciência é indispensável aos seres humanos, submetidos a influências negativas e tentados pelo pecado a preferir o seu juízo próprio e a recusar os ensinamentos autorizados. 

Encontrando a retidão e a verdade, frutos da razão, encontra o equilíbrio que faz recusar ensinamentos contrários ao bem. As atitudes humanas, nesse sentido, já não necessitam de controles externos, mas de sua própria escolha. Ser bom passa a ser uma condição da existência e não uma obrigação para cumprir as determinações externas. O Catecismo da Igreja Católica elucida: As virtudes morais crescem pela educação, pelos atos deliberados e pela perseverança no esforço. A graça divina purifica e as eleva. (1839)

A educação tem um grande e intransferível papel, pois é através dela que o indivíduo poderá ter condições de fazer escolhas deliberando suas ações para o bem. O enigma sobre a educação humana deve nos inquietar e nos conduzir à disposição para o bem. Uma vez educado, caberá o homem escolher seus caminhos: Tomo hoje por testemunhas o céu e a terra contra vós: ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a tua posteridade”(Dt 30, 19).

Escrito por
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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