Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus, diz o Eclesiastes (Cf. 3,1). É tempo de férias escolares! Tempo de descanso, tempo de recomeço, tempo de reabastecer as esperanças. Como vivemos o tempo?
Um trava língua popular nos ajuda pensar no tempo: “O Tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo, tempo tem”.
Refletir sobre o tempo é de fundamental importância para mantermos abertas às interrogações essenciais à vida. O tempo nos desafia. O tempo nos alegra. O tempo nos entristece, mas o tempo autentica nossa existência, quando vivido com a presença total dos profundos sentidos, que para nós Cristãos, é Jesus.
Papa João Paulo II, agora Santo, nos ensina na Carta Encíclica Fides et Ratio:
"Assim, a revelação de Deus entrou no tempo e na história. Mais, a encarnação de Jesus Cristo realiza-se na 'plenitude dos tempos' (Gal 4, 4). À distância de dois mil anos deste acontecimento, sinto o dever de reafirmar intensamente que, 'no cristianismo, o tempo tem uma importância fundamental'. Com efeito, é nele que tem lugar toda a obra da criação e da salvação, e sobretudo merece destaque o fato de que, com a encarnação do Filho de Deus, vivemos e antecipamos desde já aquilo que se seguirá ao fim dos tempos (cf. Heb 1, 2)" (Cap I, 11).
"No Tempo de Deus não há relativismo, efemeridade, superficialidade e banalização. Em Deus o tempo é bem vivido. É Kairós!"
Tendo a Revelação de Deus entrado em nosso tempo e em nossa história, precisamos educar para que o Tempo de Deus seja obedecido. No Tempo de Deus não há relativismo, efemeridade, superficialidade e banalização. Em Deus o tempo é bem vivido. É Kairós! O tempo vivido com qualidade, com essência, com os sentidos especiais da existência. Respeitando o Tempo de Deus, o Kairós, o nosso tempo é vivido como uma ocasião especial, uma oportunidade única. Tempo conveniente e apropriado. Tempo não relativizado, banalizado, superficializado ou efemerizado.
Padre Zezinho reflete em uma canção: “Cada coisa tem seu tempo neste mundo, seu momento e sua hora, tem as coisas de amanhã, tem as de ontem e outras coisas tem que ser tempo de agora”.
A mensagem da canção não é tarefa fácil de ser vivida, pois enfrentamos tempos difusos, tempos de turbulências, tempos de efemeridades, tempos de relativismo e tempos de superficialidades. Somos atacados quando queremos esperar, amadurecer, respeitar cada momento, cada tempo. Em tempos, em que cada um defende a própria verdade, somos ridicularizados quando defendemos que a “verdade é bem maior”. Em muitos casos desprezam as coisas do “tempo de ontem”, que podemos compreender como “Tradição e Valores Perenes” e escolhem somente as coisas do “tempo de hoje”. Em outros casos, não há clareza de como viver os “tempos de agora”.
O Papa João Paulo II também na Carta Encíclica Fides Et Ratio, nos ajuda bem compreender essa confusão que divulga a mentalidade difusa:
"Na interpretação niilista, a existência é somente uma oportunidade para sensações e experiências onde o efêmero detém o primado. O niilismo está na origem de uma mentalidade difusa, segundo a qual não se deve assumir qualquer compromisso definitivo, porque tudo é fugaz e provisório". (Cap VII, 46)
E continua:
"Uma coisa, todavia, é certa: as correntes de pensamento que fazem referência à pós-modernidade merecem adequada atenção. Segundo algumas delas, de fato, o tempo das certezas teria irremediavelmente passado, o homem deveria finalmente aprender a viver num horizonte de ausência total de sentido, sob o signo do provisório e do efêmero. Muitos autores, na sua crítica demolidora de toda a certeza e ignorando as devidas distinções, contestam inclusivamente as certezas da fé. De algum modo, este niilismo encontra confirmação na terrível experiência do mal que caracterizou a nossa época". (Cap VII, 91)
Estamos diante de um imenso desafio do qual não podemos fugir: é necessário educar para os sentidos do tempo. Educar para o Kairós. A Educação, principalmente a escolar, assim como demais instituições, tem sido diretamente atingida pela “pela ausência total do sentido, sob o signo do provisório e do efêmero e da mentalidade difusa, segundo a qual não se deve assumir qualquer compromisso definitivo”.
Não podemos nos deixar levar pelas propostas fugazes e provisórias que nos prometem prazeres imediatistas e que tentam derrubar nossas Certezas Cristãs. Nosso tempo não deve ser desligado do Tempo de Deus. Deus é dono do tempo! Qual tem sido nossa resposta à proposta de vivermos nosso próprio tempo? O Tempo de Deus tem sido a base de nossos planos? Educar para o Kairós deve ser nossa resposta à proposta da mentalidade difusa.
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