Entre os muitos ícones da Mãe de Deus e nossa, o mais conhecido no mundo é sem dúvida esse do Perpétuo Socorro, a Virgem da Paixão, venerado na igreja dos Redentoristas em Roma.
O Papa Pio IX entregou à Congregação do Santíssimo Redentor esta célebre pintura, ordenando que a tornássemos conhecida no mundo inteiro. Desde então, o quadro milagroso foi levado pelos filhos de Santo Afonso por toda parte nas Missões que pregavam. A Mãe do Perpétuo Socorro tornou-se a Padroeira das Missões e em todas elas o sermão que mais tocava o coração dos pecadores chamando-os à conversão era justamente aquele sobre Nossa Senhora, a “Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa”. O quadro era deixado, depois, como presente e recordação, nas igrejas visitadas pelos Redentoristas.
Foi assim que encontrei com grande emoção, visitando a catedral de Lisieux, cidade de Santa Terezinha, um quadro do Perpétuo Socorro, com os dizeres: “Lembrança das Santas Missões pregadas pelos Redentoristas em 1896.” Sim, 1896, um ano antes de ela morrer. Veio-me à memória um cântico que aprendi no seminário, que se chamava “Hino de Santa Terezinha a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”:
Por tua imagem, Mãe querida e pura,
Desde a infância atraída me senti.
Eu via em teu olhar tanta doçura,
Que era sempre feliz junto de ti.
Findo o desterro em que minha alma chora,
Irei te ver no céu, ó Mãe querida!
Mas tua doce imagem desde agora
É perpétuo socorro em minha vida.
Como é bom saber que este famoso quadro encantou uma santinha tão querida, que diante dele rezava carinhosamente à sua Mãezinha do céu: “Doce imagem de Mãe, eternamente meu tesouro serás, minha alegria... Voando às plagas celestiais, vou assentar-me em teus joelhos... receberei teus beijos de ternura...” E recordando sua infância, dizia a Santa: “Quando eu era boazinha e obediente, / tinha a impressão de que sempre me sorrias; / mas se era, às vezes, meio levadinha, / eu cria ver-te sobre mim chorando...”
Esse olhar de Maria impressionou Terezinha por sua misteriosa profundidade. A Mãe não olha para o Filho, olha para nós, e com quanta compaixão! Parece nos dizer que foram os nossos pecados a causa dos sofrimentos do seu Filho inocente. Ela transmite serenidade e paz, fortaleza de ânimo no meio da dor e aceitação da cruz que lhe cabe na obra redentora do Filho. Esta paz lhe vem do fato de estar sempre com Deus. Isto é expresso no ícone pelo fundo dourado, que representa a felicidade do céu, que sempre reinou no coração de Maria.
Outro cântico aprendido na minha infância dizia: “Mãe do Perpétuo Socorro, / a teus pés deixa-me gozar / da doçura inefável que brota / deste abismo de amor que é teu olhar”.
O Menino se assusta com a visão dos instrumentos da sua futura Paixão apresentados pelos anjos e busca refúgio em sua Mãe. As três mãos que se encontram bem no centro do quadro não têm paralelo em nenhum outro ícone. A confiança com que as mãozinhas de Jesus apertam a mão direita de Maria me ensina a entregar a ela o meu futuro, sem me preocupar com nada, porque ela promete estar sempre com seus filhos. Ao Menino ela parece dizer: “Fique tranquilo, eu estarei com você na hora em que tudo isto acontecer. Deus nos fará vencer todo mal”.
Pe. Raimundo Vidigal, C.Ss.R.
Missionário Redentorista
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