Por Redação A12 Em Opinião

O professor e a arte de humanizar

O que esperamos do professor? Se um professor propuser uma educação humanista, terá espaço em nossa sociedade?

No dia 15 de outubro, no Brasil, comemora-se o dia do professor. Essa imprescindível profissão, que na verdade é uma vocação, navega, atualmente, com ventos desfavoráveis. Não se trata apenas de reconhecer a vergonha da remuneração que a maioria dos educadores recebe por seu trabalho. Esse é apenas um dos sinais visíveis do quanto nossa sociedade precisa crescer para valorizar a educação afetivamente e efetivamente.  Num mundo em rápidas mudanças somente os países que investem em educação tornam-se protagonistas de uma mudança. É preciso um novo paradigma educacional. O que entendemos por educação? O que esperamos do professor? O quanto confiamos em nossos professores? Como apoiamos uma escola e uma universidade capazes de formar cidadãos e não apenas profissionais? Se um professor propuser uma educação humanista, terá espaço em nossa sociedade?

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A escola e a universidade educam, antes de tudo, por meio do contexto de vida, do clima que os estudantes e professores criam entre si, no ambiente em que desenvolvem as atividades de instrução e de aprendizagem. Esse clima é imbuído pelos valores não só informados, mas vividos, pela qualidade dos relacionamentos interpessoais que ligam professores e alunos, pelo cuidado que os professores têm diante das necessidades dos alunos e das exigências da comunidade local, pelo claro testemunho de vida oferecido pelos professores e por todos os funcionários das instituições educativas.

A educação precisa formar homens e mulheres capazes de pensamento crítico, dotados de elevado profissionalismo, mas também de uma humanidade rica e orientada em colocar a própria competência ao serviço do bem comum.

 

"Ao professor cabe, apesar das dificuldades e resistências, não perder o sonho de uma humanidade nova, pois ao assumir a missão de educar, o ser humano enleva sua capacidade de pensar e construir um mundo melhor.

Muitas propostas educativas atuais sublinham a razão instrumental e a competitividade, são portadoras de um conceito puramente funcional da educação, como se ela só tivesse legitimidade ao serviço da economia de mercado e do trabalho. Tudo isso reduz fortemente a visão integral de educação É importante valorizar não só as competências relativas aos âmbitos do saber e do saber fazer, mas também aquelas do viver junto com outros e crescer em humanidade. É preciso trabalhar o saber “ser”.

Nesse sentido, a educação não deveria ceder à lógica tecnocrática e econômica. Não se trata de minimizar as exigências da economia ou a gravidade do desemprego, mas é preciso respeitar os estudantes na sua integralidade, desenvolvendo uma multiplicidade de competências que enriquecem a pessoa humana, a criatividade, a imaginação, a capacidade de assumir responsabilidades, a capacidade de amar o mundo, de cultivar a justiça e a compaixão.

A proposta da educação integral, numa sociedade que muda tão rapidamente, exige uma reflexão contínua. Ainda que seja importante a busca da qualidade e da excelência, nunca se deve esquecer que os estudantes têm necessidades específicas, que muitas vezes vivem situações difíceis e merecem uma atenção pedagógica que esteja atenta às suas exigências.

Ao professor cabe, apesar das dificuldades e resistências, não perder o sonho de uma humanidade nova, pois ao assumir a missão de educar, o ser humano enleva sua capacidade de pensar e construir um mundo melhor. Alguém poderia achar isso utópico e irrealizável, somente quem conhece a força da educação sabe o quanto ela é capaz de construir o imprevisível no serviço do bem comum.

Professor, parabéns pelo empenho cotidiano, nem sempre devidamente reconhecido, mas totalmente indispensável para que um ser humano possa crescer integralmente.

Dom Leomar Brustolin, Bispo auxiliar de Porto Alegre
Referencial da Comissão Pastoral para a Cultura
e a Educação do Regional Sul 3 da CNBB

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