O cardeal Fernando Filoni que foi Núncio Apostólico durante cinco anos no Iraque lançou recentemente um livro que trata sobre a presença da Igreja em terras iraquianas contando sua experiência neste país. A publicação 'A Igreja no Iraque' recorda a história, a evolução e a missão da Igreja iraquiana desde o início até os dias atuais.
A Igreja iraquiana já foi definida por Bento XVI e Francisco como uma "Igreja heroica" que expressa um forte testemunho de fé diante das perseguições, especialmente nas jihadistas do Estado Islâmico na atualidade.
Cardeal Filoni ocupou a função de Núncio no país durante a Guerra do Golfo, em 1990-1991. Depois dessa missão, ele ainda foi enviado duas vezes ao país em missão entre os refugiados, pelo Papa Francisco.
Para o cardeal, a preocupação do Papa Francisco pelos cristãos iraquianos é "vivíssima" dada a realidade pela qual passam milhares de cristãos do país.
"É vivíssima por vários motivos. Antes de tudo porque os cristãos, neste momento, junto a outras pequenas minorias, são os pobres, realmente os pobres desta situação, porque tiveram que abandonar tudo, não somente as próprias casas, mas também seus pertences. O Papa teve um papel importante – e todos reconhecem isso – por ter focalizado a atenção internacional sobre a situação de guerra e dos nossos cristãos, que foram expulsos. A guerra é sempre uma injustiça. E aqui vemos que todas as populações, e não somente as cristãs, também as muçulmanas e de outras minorias, sofrem as consequências da destruição, da morte e das famílias divididas", disse em entrevista à Rádio Vaticano.
Sobre o período em que atuou no país, cardeal Filoni recorda como foi "chocante" vivenciar a Guerra do Golfo e a importância de ser retornado ainda duas vezes para manifestar a preocupação e a solidariedade da Igreja por este povo.
"O primeiro encontro foi chocante, porque nos encontrávamos em meio a milhares de famílias que haviam fugido e dormiam no chão, onde era possível, sob as árvores, em situações absolutamente desumanas, com um calor que durante o verão chega a 45, 48 graus. Portanto, podemos imaginar esta pobre população que fugiu sem água, sem condições de viver dignamente e decentemente, com todos os problemas relacionados às doenças, à alimentação, à água potável. Foi um choque. A segunda visita foi para demonstrar aos nossos cristãos que encontrei que nós não nos esquecemos deles: era um gesto, como o Papa diz com frequência, uma 'carícia', uma carícia que não deve ser feita só uma vez, mas deve ser repetida para que sintam que estamos próximos a eles. A segunda vez eu a defini como uma 'peregrinação' porque era o período da Semana Santa e, portanto, via o calvário, o sofrimento e a via-sacra daquela gente", finalizou.
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