Homenagens antecedem beatificação de Madre Assunta Marchetti

“Madre Assunta foi migrante como os migrantes, sendo um dom de Deus em meio aos que migravam”
Irmã Etra Modica, mscs

 A sexta-feira (24) foi marcada por homenagens e uma coletiva de imprensa com autoridades eclesiásticas envolvidas no processo de beatificação de Madre Assunta Marchetti, cuja cerimônia será amanhã na capital paulista. A cofundadora da Congregação das Irmãs Scalabrinianas de São Carlos Borromeu inspirou um monumento, uma estátua e um memorial na Casa Madre Assunta Marchetti, na Vila Prudente, onde morou por 17 anos.

O carisma da missionária, focado no acolhimento de migrantes que chegaram ao Brasil na primeira metade do século 20 e de órfãos vítimas da exploração de mão de obra importada, foi destacado em todos os momentos.

A véspera da beatificação teve sentido especial para quatro Missionárias presentes às comemorações: a Superiora Geral da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas, Irmã Neusa de Fátima Mariano, mscs; a postuladora da causa de beatificação de Madre Assunta por 21 anos, a italiana Irmã Laura Bondi,mscs; a atual postuladora da Causa de beatificação, Irmã Leocádia Mezzomo, mscs; e a conselheira geral para a Formação, a italiana Irmã Etra Modica, mscs.

As religiosas foram diretamente responsáveis pelo processo que durou cerca de 28 anos, até ser aprovado por Papa Francisco em 2013. Emocionada, Irmã Laura Bondi, 81 anos, falou brevemente sobre sua atuação enquanto postuladora entre os anos de 1992 e 2013.

Irmã Laura explicou que postulantar é “procurar tudo o que pode servir para ilustrar para a Congregação da Causa dos Santos a vida e a virtude que a Serva de Deus viveu. Às vezes, os documentos são raros. Cada documento é um pequeno tesouro. (...) Tudo o que se produz será objeto de juízo e avaliação, mas tenho que completar que Deus conseguiu sempre me dar alívio e vitória, senti sempre Madre Assunta ao meu lado, conduzindo meu caminho nos momentos mais difíceis. Nossa bem-aventurada merece de minha parte infinita gratidão”.

Foto de: A12

Irmã Laura Bondi, mscs, em pé.

Citando a simplicidade de Madre Assunta, a missionária ainda afirmou: “Ela foi radical e sua radicalidade eu invejo, verdadeiramente. Ela foi provada em tudo, exceto pelo pecado. O que a ajudou a vencer foram silêncio, virtude e santidade, porque silêncio leva à santidade”.

Nas palavras do Cardeal Dom Ítalo Castellani, arcebispo de Luca (Itália) - terra natal da Serva de Deus, antes mesmo da cerimônia oficial “já podemos chamá-la de beata”, pois Madre Assunta esteve “totalmente à disposição das pessoas em situações de pobreza” e colocou em prática as lições de Jesus Cristo quando dizia “Tudo aquilo que fizestes a um destes pequeninos, fizestes a mim” (Mateus 25).

A relação entre o processo migratório atual e o do século passado foi lembrada por Dom Odilo Pedro Sherer, cardeal arcebispo de São Paulo: “Esta beatificação é um apelo para que possamos manter os olhos abertos aos migrantes e pessoas colocadas em situações de fragilidade e vulnerabilidade”. Ele frisou o grave contexto das migrações por que passam os refugiados, a exemplo de países como a Síria.

A coletiva de imprensa contou com a presença do Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal Angelo Amato, que presidirá a cerimônia de beatificação. O representante do Vaticano definiu Madre Assunta como “Benfeitora da humanidade” e ressaltou que ela “era muito amada, mãe das crianças órfãs, dos doentes e das mulheres sem trabalho, dando-lhes uma oportunidade na vida”.

Toda a vida e obra de Madre Assunta Marchetti será levada a conhecimento através dos monumentos e do Memorial de onde saíram as relíquias da nova beata. “Estamos diante de uma figura extraordinária. A sua vida é testemunho de tudo que é capaz uma pessoa motivada pelo amor de Deus, caridade fraterna e fé cristã”, concluiu o arcebispo de São Paulo.