Imaculada Conceição de Nossa Senhora

A Palavra: dos ouvidos ao coração!

A aliança sonhada pelo Pai, de ele ser nosso Deus e nós o seu Povo, ele a selou e de modo irrenunciável, já na criação do ser humano. Ele nos quis imagem-semelhança sua, então já como seus filhos e filhas.

Mas, na desobediência ou pecado, rejeitamos seu plano, o que nós mesmos confessamos ter sido desastrosa ilusão: “a serpente enganou-me e eu comi”, confessa a mulher a Deus. Que tristeza, pois, pensados como filhos e filhas em feliz convivência com Deus, vimo-nos totalmente mal com nós mesmos, com ele, com tudo. Sentimo-nos nus, com medo e nos escondemos dele.

Nem por isso, porém, ele se escondeu de nós. Não destruiu a “serpente” nem sua descendência desobediente, nós-pecadores. Mas, a partir da “mulher” que, pela desobediência, agiu como filha da “serpente”, quis iniciar uma descendência nova, inimiga da serpente, então obediente a ele. Assim, eis o que nos cabe: obedecer a ele, em luta ferrenha contra a “serpente” e seus poderes para o mal.

Mas aquela aliança dos inícios, o Pai queria que fosse ao menos conhecida, e ainda tida como possível de ser vivida na terra. Em atenção a seu Filho-Deus, que aceitou vir encarnar aquela plena obediência na terra, o Pai já livra sua mãe Maria, ao ser concebida, de toda mancha de desobediência. Maria, a nova Eva, a perfeita oposição à desobediente “serpente”.

E dessa Mãe Imaculada nasce o Filho Jesus, fundando a descendência obediente da mulher. “Em virtude de nossa união com Cristo, no céu”, o Pai nos abençoa “com toda bênção do seu Espírito”: escolhe-nos, “antes da fundação do mundo” para sermos “santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor”, predestina-nos a “sermos seus filhos adotivos”.

A Mãe – Fonte Imaculada – é a encarnação da obediência, é a plena filha: “eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Já prometida em casamento, mas, ante esta nova proposta do Pai, de ser a Mãe do Messias, Maria se faz o total vazio obediente, a ser preenchido só por Deus e sua vontade. E o Filho-Messias, que jamais rompera sua divina e eterna obediência na Trindade, é a encarnação da obediência na terra.

A nós cabe, naquela união com Cristo, vencer o que ainda resta em nós da desobediência da “serpente”, e nos fazer filhos e filhas da obediência nos passos do Filho e também de sua e nossa Mãe Imaculada, no amor, no serviço aos irmãos, construindo a família obediente do Pai na terra.

Pe. Domingos Sávio da Silva, C.Ss.R.