Por Pe. Leo Pessini (in memoriam) Em Igreja

O cuidado e a responsabilidade para com a nossa casa comum!

A Campanha da Fraternidade (CF) coordenada pela Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) no Brasil, que ocorre anualmente em nosso país, durante o tempo litúrgico da quaresma, há mais de meio século (início em 1964) transformou-se ao longo deste tempo, num forte momento de conscientização, evangelização e conversão para toda a Igreja e sociedade em Geral, ao longo de todo o ano. São sempre escolhidos para as discussões, temáticas de grande atualidade e importância para a vida do povo brasileiro, depois de auscultar e acolher as sugestões que provêm das comunidades cristãs.

gesto concreto casa comum

É assim que em 2016, a CF terá como tema: “Casa Comum: nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). Neste ano a CF é realizada pela 4ª. vez (2000,2005,2010) na sua história é realizada de forma ecumênica, envolvendo outras Igrejas Cristãs membros do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil).Uma outra característica específica da CF 2016 é que ela tem um caráter internacional com a presença da Misereor, organização dos bispos católicos da Alemanha, que já tanto ajudou a Igreja católica brasileira.

Com o tema e lema definidos, passa-se ao objetivo geral que toca uma das questões básicas de saúde pública para se garantir a vida e saúde do nosso povo: “Assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum”.

Em outros momentos desta história de mais de meio século a CF tocou temáticas diretamente ligadas com a saúde e ecologia, a saber: Preserve o que é de todos (1979); Saúde para todos (1981); para que todos tenham vida (1984), Terra de Deus, terra de irmãos (1996); água, fonte de vida (2004); fraternidade e a vida no planeta (2011) e saúde pública: que a saúde se difunda sobre a terra (Eclo 38,8) em 2012.  

Vivemos em tempos de grande sensibilidade ecológica, tendo em vista os grandes desastres ambientais ocorridos recentemente em muitas partes do mundo, inclusive entre nós (rompimento de barragem em Marina- MG). Não é à toa que o Papa Francisco do alto de sua autoridade moral, escreve uma encíclica sobre ecologia: “Laudato Si: a responsabilidade humana para com a nossa casa comum” (2015) e a realização da 21ª. Conferência do Clima da ONU, denominada COP 21, que reuniu 195 chefes de Estado de todo o planeta (Paris, dezembro de 2015), a humanidade assume um compromisso frente as ameaças terríveis das mudanças climáticas de proteger o futuro da vida no planeta e da humanidade em particular, através da redução da emissão de gases estufa na atmosfera. Se nada for feito, a existência de um futuro será um grande ponto de interrogação.

É claro que a humanidade tem pela frente, uma agenda ética com uma pauta de compromissos dificílimos, mas inadiáveis, para além de qualquer interesse político e econômico.  Como saudou o Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moom, somos a primeira geração a sentir os efeitos das mudanças climáticas e a última que poderá fazer algo para mudar esta história. Daí a urgência inadiável de ações de governança global, coordenada pela ONU juntamente com todos os governos, que se priorize projetos e ações de mudança do paradigma energético de energias limpas no planeta. O modelo em vigor, marcado por energia produzida por combustíveis fósseis (petróleo e carvão), tem seus dias contados, pois provocou o efeito estufa, e o aquecimento da temperatura no planeta, causando eventos extremos (inundações, tsunamis, elevação do nível dos oceanos, secas, etc.) que já causaram a morte de seres humanos na face da terra.  A humanidade não quer mais isto, urge uma mudança drástica e dramática, a partir dos valores que garantam e preservem o futuro da vida em geral e do ser humano no planeta.  Não temos mais a opção de não agir. O não agir, nos compromete num caminho irreversível da morte e da não existência no amanhã!   

assinatura padre leo pessini

 

Escrito por
Pe. Léo Pessini Currículo - Aquivo Pessoal (Arquivo Pessoal)
Pe. Leo Pessini (in memoriam)

Professor, Pós doutorado em Bioética no Instituto de Bioética James Drane, da Universidade de Edinboro, Pensilvânia, USA, 2013-2014. Conferencista internacional com inúmeras obras publicadas no Brasil e no exterior. É religioso camiliano e atual Superior Geral dos Camilianos.

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