A evolução pela qual a Igreja passou a partir das décadas de 40 e 50 do século XX trouxe fortes mudanças em sua estrutura e organização interna que coincidiram com as profundas alterações no contexto sócio-político e econômico do Brasil. Desta forma, sobretudo, a partir dos anos 80, coincidindo com a instauração do Neoliberalismo no país, a Igreja passou a sentir o impacto da modernidade ou da pós-modernidade que alguns estudiosos chamam de líquida e fluida.
O impacto da modernidade:
São sinais característicos do impacto da modernidade:
Na Política: A instabilidade e agitação dos anos 50 e início dos anos 60, que vão levar ao golpe militar de 1964 e à ditadura militar, a partir de 1967/68. A partir do fim dos anos 60 surgem os movimentos guerrilheiros que pregam a luta armada e o terrorismo, como forma de debilitar o sistema. Tais movimentos são duramente reprimidos com o endurecimento do regime de exceção que governa através de Atos de Exceção, os famigerados AIs de triste memória como o AI-5. Estes atos substituem a constituição.
Na Economia: A industrialização e a modernização levam a uma presença maior do Brasil no cenário internacional, apesar de sermos ainda um país exportador de matérias primas (commodities). Para combater o leão voraz da inflação, planos e mais planos econômicos, alguns mirabolantes, são engendrados, mas sem conseguir solução. O último, Plano Real, de 1994, conseguiu por fim estabilizar a moeda e a economia, recuperando o poder de nossa moeda.
Foto de: reprodução.
O sucesso do Plano Real garantiu a
eleição do ministro Fernando Henrique
como presidente da República.
Sociedade: O êxodo rural e as migrações internas, especialmente no sentido Norte/Sul, acompanhados de uma forte explosão demográfica provocam o enchimento das cidades e todas as consequências daí decorrentes, sobretudo, a falta de planejamento e o estrangulamento do transporte.
Cultura: O impacto dos meios de comunicação, e mais recentemente com o fenômeno das redes sociais, determina mudanças no comportamento individual, grupal e familiar e a consequente crise de valores que hoje experimentamos de uma forma muito mais cruel e avassaladora. Por isso mesmo, vivemos a “Era do Descartável” e do transitório.
Se os anos 70 do século XX foram marcados pelo famoso “Milagre Brasileiro” com forte desenvolvimento interno, investimentos em obras faraônicas, mas com o endividamento externo, os anos 80 serão marcados pela desigualdade continuada e acelerada; o sistema neoliberal foi implantado nos anos 90, mas apesar disso o Brasil continuava atrasado, com forte desigualdade social, endêmico e com grande índice de analfabetismo. Nem a melhoria da qualidade de vida conseguida no início do terceiro milênio conseguiu reduzir de todo esta marca, até porque o governo federal enveredou mais uma vez pelo caminho das medidas assistencialistas e clientelistas como o Projeto Bolsa Família.
Todas estas mudanças fizeram com que o impacto da modernidade fosse duramente sentido, obrigado o Brasil rural a se transformar rapidamente, mas pagando um alto preço para isso.
Foto de: reprodução.
Vivemos na “era do descartável”
e do transitório.
Uma Igreja que surge das bases
Os anos 70 e 80 trouxeram o desafio da mudança qualitativa da Igreja, com um grande esforço na renovação das paróquias e nas instituições tradicionais de Igreja. A consequência seria a rápida difusão das Comunidades de Base (CEBs) e das pastorais sociais que se desenvolveram sob o patrocínio da CNBB.
A Igreja se inseriu nos meios populares e redobrou sua atenção para com os excluídos da sociedade. Surgiram novas formas de vida religiosa e a mulher e os leigos ganharam um destaque na sua ação pastoral. A partir de 1979, depois de 15 anos de regime militar, começou o processo que na época foi chamado de distensão. O país começou a voltar à normalidade democrática. O processo somente seria concluído em 1985, quando tivemos as eleições diretas para presidente da republica, e a instauração da chamada Nova República, com a normalização democrática, num processo que dura até os dias de hoje.
As aceleradas transformações dos anos 80 mudaram o nosso contexto social e político, com forte impacto nas estruturas econômicas. Naquele tempo, por influência do papa João Paulo II, a Igreja começou a despertar para o que se chamou de Nova Evangelização.
A volta da democracia, a Nova Constituição (1988), a grave crise econômica sofrida pelo Brasil que o levou à moratória da dívida externa nos anos 80, o impeachment do Presidente Collor, a implantação do Plano Real e diversos outros acontecimentos fizeram com que a Igreja se abrisse para um novo esforço evangelizador, destacando-se a necessidade da inculturação e o enfrentamento dos desafios sociais, especialmente no grande meio urbano.
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Pela primeira vez um papa enviou mensagem a um encontro de CEBs.
Hoje, com a eleição e o pontificado do Papa Francisco a Igreja no Brasil e no mundo vive novos ares. Janelas e portas são abertas e a renovação, tão temida por alguns setores, finalmente começa a acontecer, inclusive com o fortalecimento das Comunidades de Base e com o desejo de que a Igreja volte de novo para o meio do povo.
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