O Corpus Christi é uma data muito especial e tradicional, por celebrar a presença real de Cristo na Eucaristia, do Jesus Ressuscitado, que cumpriu o perfeito plano da salvação dos homens. O padre redentorista Flávio Cavalca de Castro, doutor em Teologia, nos fala sobre a importância das celebrações do Corpus Christi.
Confira a entrevista abaixo!
CD: De que forma devemos celebrar o Corpus Christi?
Pe. Flávio Cavalca: A palavra Corpus Christi significa o Corpo de Cristo. Nesta data, celebra-se a presença real do Cristo na Eucaristia, do Jesus ressuscitado no nosso meio. E essa realidade é algo muito importante, porque se insere muito bem em todo o contexto de que o filho de Deus realmente se fez homem, se deu por amor de nós e hoje está no nosso meio. É importante termos essa percepção da realidade da salvação, do corpo e do sangue de Cristo ressuscitado entre nós. No pão e no vinho consagrados estão presentes o corpo e a alma de Cristo, que rejeita qualquer simbolismo. Isso é para nos lembrar a presença de Cristo.
São João diz, em seu Evangelho, que tudo foi criado por Jesus, para Ele e por Ele. "Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez" (Jo 1,3). Um momento muito forte da Bíblia é aquele que Jesus ressuscitado aparece aos apóstolos e eles podem tocá-lo. Isso se repete por várias vezes. Essa presença do Cristo visível é continuada pela presença do Cristo na Eucaristia. Eu sei que Deus está presente em toda a parte e também nesta reunião da comunidade, na celebração de Corpus Christi, ele está presente na sua humanidade e sua divindade.
CD: Como se originou a festa de Corpus Christi?
Pe. Flávio Cavalca: No final do século XIII, surgiu em Liège, Bélgica, o movimento que originou vários costumes eucarísticos, como a exposição e bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante a elevação na missa e a festa do Corpus Christi.
Santa Juliana de Mont Cornillon teve uma visão da Igreja sob a aparência de lua cheia com uma mancha negra, que significava a ausência dessa solenidade. Santa Juliana comunicou a visão aos bispos e estes levaram o assunto ao Papa Urbano IV, que aprovou esta celebração.
A festa mundial de Corpus Christi foi decretada em 1264, seis anos após a morte de santa Juliana, em 1258, com 66 anos. A festividade foi realizada pela primeira vez no ano 1247, na quinta-feira após a festa da Santíssima Trindade.
CD: Por que a celebração de Corpus Christi se tornou um evento de expressão religiosa, artística e cultural tão forte?
Pe. Flávio Cavalca: A tradição da celebração e procissão foi trazida da Europa para o Brasil pelos portugueses. No período barroco brasileiro é que definitivamente se tornou costume a arte dos tapetes artísticos nas ruas. Em nosso país, a tradição de enfeitar as ruas com os tapetes feitos com motivos religiosos se deu em Ouro Preto, interior de Minas Gerais.
A procissão é uma manifestação pública de fé e religião, muito bonita, muito alegre. Esse aspecto festivo compõe um conjunto que expressa que os cristãos não louvam a Deus só na Igreja, mas na comunidade. Com isso estamos dizendo que Cristo é o Senhor.
"O que queremos expressar nestas manifestações de Corpus Christi é tudo aquilo que é profundamente humano, a cultura, a arte, a história, a tradição do povo, uma homenagem que colocamos diante do Cristo. E essa realidade, algo importante e que se insere muito bem no contexto de que o filho de Deus realmente se fez homem e se deu por amor de nós".
É essa a palavra central das cartas do Novo Testamento: Jesus de Nazaré é filho de Deus, tem em suas mãos todo o poder e está presente na Eucaristia. Esse é o sentido a dar a essa procissão. O católico não pode ser meramente expectador da passagem da procissão. Se ele acredita, ele tem que entrar nesta caminhada de alegria e entusiasmo e mostrar que ali está Cristo Jesus, invisível, mas realmente presente. Não tem sentido venerar a presença real de Cristo na procissão e depois não participar da Eucaristia. Não tem sentido participar da celebração da Eucaristia e não participar da vida da comunidade, em seus vários sentidos. Ele foi real, e não é uma ilusão e sabermos é importante para termos a percepção da realidade da salvação.
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