Por Elisangela Cavalheiro Em História da Igreja

17. Páginas da História da Igreja

História da Igreja no Brasil – XVI

A Igreja às Vésperas da República

O período que vai de 1822 a 1889, ao menos no que diz respeito ao episcopado, foi um tempo de pouco crescimento, pois ao longo do século XIX foram criadas poucas dioceses. Em 1854 o papa Bento XIV criou a Diocese de Diamantina em Minas Gerais pela Bula “Gravissimum Sollicitudinis”, desmembrando – a da diocese de Mariana. Pela Bula “Animarum Salute” criou a Diocese de Fortaleza, CE desmembrando – a de Olinda.

Em 1826, pela Bula “Sollicita Catholicae Gregis” o papa Leão XII elevou a Prelazia de Goiás à condição de diocese, como sufragânea da Arquidiocese de Salvador. Em 1848 o papa Pio IX criou a diocese de Porto Alegre, RS desmembrando – a do Rio de Janeiro pela Bula “Ad Oves Dominicas”.

Assim que a república foi proclamada o Brasil tinha: 01 arquidiocese – Salvador, BA. 12 dioceses

Ainda neste tempo tínhamos duas tendências ou duas correntes mais fortes no interior da Igreja, sobretudo do episcopado.

A) Corrente Liberal – Regalista:

Os integrantes desta corrente queriam restituir à Igreja o seu esplendor primitivo. Ela era favorável ao controle do estado sobre a Igreja e queria que o estado fizesse as mudanças que julgasse necessário no interior da Igreja continuando a política do regalismo. Outros pontos de seu pensamento: Pregava o maior desligamento possível da Igreja no Brasil em relação a Roma, sendo contrária à centralização.

Outras propostas concretas: Que o presbitério (clero) fosse um órgão de assessoria e colaboração no governo das dioceses (para diminuir o poder dos bispos) e que o celibato fosse abolido para que homens casados pudessem ser ordenados.

Estas medidas não foram levadas em frente por causa da oposição de Roma e do próprio clero que achava o povo despreparado para estas mudanças, pois eram medidas por demais avançadas para a época.

B) Revitalização Ultramontana:

Queria a centralização do poder nas mãos do papa. Esta corrente buscava a uniformidade de doutrina baseada na Infalibilidade Pontifícia. Outras propostas: Queria um esforço de moralização dos costumes. Buscava a espiritualização do clero, desligando – o o máximo possível do social e do político. Combatia o liberalismo radical e os avanços científicos.

Propostas concretas: Os bispos deviam afinar – se com Roma (com as determinações do Syllabus). Neste tempo, influenciados por esta proposta os bispos passam a buscar congregações religiosas europeias. Elas são chamadas para cuidar dos seminários e da educação. Novas associações religiosas são criadas sem os vícios das antigas e congregações chegam para pregar Santas Missões e cuidar dos santuários, como forma de educar o povo.

Como esta tendência veio a predominar na Igreja, pois era mais conservadora e de acordo com a mentalidade da época, as irmandades foram expurgadas dos membros maçons e a Igreja se fechou ainda mais nas questões doutrinais, perdendo o contato com as elites intelectuais, com as classes liberais e com uma parcela do próprio povo.

A Igreja e a República no Brasil

Em 1889 o sistema republicano foi implantado no Brasil que passou a ser governado por presidentes. Os antigos presidentes das províncias seriam os futuros governadores e as províncias transformam – se nos estados atuais. Todas estas mudanças vão trazer reflexos na vida e na organização interna da Igreja.

No período republicano que teve início com o golpe militar encabeçado pelo Marechal Deodoro e outros militares de alta patente, a presença da Igreja na sociedade brasileira pode ser dividida em 04 fases distintas:

A) De 1889 a 1916: Período de transição: A Igreja aprende a usar a liberdade adquirida com o fim da Lei do Padroado pela Constituição Republicana de 1891..

B) De 1916 a 1945: Tempo da mobilização das forças católicas. Este período também é chamado de Neo - cristandade.

C) De 1945 a 1980: Progressiva polarização da Igreja ao redor da questão social. Constitui – se a Igreja Pós – Conciliar marcada pela influência do Concílio Vaticano II.

D) De 1980 aos nossos dias: A Igreja se depara com o sistema neoliberal, com a globalização e com as fortes influências da Modernidade.

Ventos de Mudanças

Durante o século XIX a sociedade brasileira havia passado por varias e intensas mudanças e transformações em sua estrutura, sendo que elas contribuiriam também para a mudança no sistema político implantado no país desde a sua independência.

A Questão Religiosa enquanto reflexo da pressão dos grupos maçônicos e das forças liberais contribuiu para que a Igreja retirasse seu apoio em relação à monarquia, colaborando no seu enfraquecimento diante dos grupos que lutavam pela instauração da república.

Apesar de não participar diretamente da luta republicana a Igreja contribuiu para a queda da monarquia combatendo o regalismo do estado e reivindicando maior liberdade de ação. Desta forma tirou um dos suportes que garantiam a estabilidade do império.

Atitudes da Igreja

Primero colocou – se num estado de espera, criticando duramente algumas medidas anti - católicas como o contrato civil do matrimônio instituído a partir de 1891. Orientou os católicos sobre como comportar – se diante do novo regime pela Pastoral Coletiva de 1890. Aceitou o novo regime, combatendo, porém, o ateísmo e secularização de seus dirigentes.

A liberdade tão sonhada veio de forma inesperada, por isso no primeiro momento a Igreja sentiu – se perdida, sem medidas concretas e sem saber como agir. Por um lado agradecia a liberdade conseguida, mas por outro lamentava a perda da base de apoio que tinha no estado, inclusive no sentido da sustentação.

A grande figura de destaque deste tempo foi Dom Macedo Costa que se tornou o 10º bispo da Diocese do Pará em 1860, participou e sofreu com a Questão Religiosa e foi nomeado arcebispo de Salvador e primaz do Brasil em 1890, mas morreu em Barbacena, MG antes de assumir o governo pastoral daquela diocese.

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