Por Tatiana Bettoni Em Igreja

Freira de 76 anos auxilia luta contra a exploração de haitianas em Manaus

 

Foto de: www.icm-sec.org.br

Irmã Davina Cardoso em Manaus (AM)

Após viver durante 23 anos no Haiti, Irmã Davina Cardoso retornou ao Brasil em 2010 para continuar sua missão na Congregação do Imaculado Coração de Maria, comunidade de Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul. Mas enquanto trabalhava em assentamentos localizados na divisa entre Brasil e Uruguai, ao final de 2013, a Irmã foi surpreendida com um convite para viajar a Manaus, no Amazonas, onde se encontraria com imigrantes haitianos em situação de vulnerabilidade. A missão durou 35 dias e deixou saudade nas mulheres da comunidade e na religiosa, que, entre aulas de canto e língua portuguesa, buscava alertá-las para os perigos da exploração e do tráfico de seres humanos.

O convite tinha como objetivo aumentar para três o número de missionárias na região. Enquanto as duas Irmãs já instaladas por lá ofereciam formação aos religiosos e líderes da comunidade, Irmã Davina ficou encarregada de trabalhar junto às demais haitianas. “Aquelas mulheres vieram em busca de melhores condições de vida, procurando um bom emprego. Acharam que seria fácil, mas acabaram ficando em situação de extrema vulnerabilidade. Sabemos que, com tantas dificuldades, elas aceitam qualquer convite. E é muito grande o risco de se tornarem vítimas dos aliciadores”, relatou em entrevista ao portal A12.

Foto de: www.icm-sec.org.br

Religiosa durante encontro com haitianas

De acordo com a freira, há casos de trabalho escravo, de mulheres exploradas sexualmente e até comércio de órgãos humanos. “A população é desinformada e tudo isso acontece há muito tempo. Sabemos que a defesa da vida está nas nossas mãos e precisamos preservar estas pessoas”, afirma.

O trabalho com as mulheres da Obra São Francisco, segundo ela, foi uma grande troca de experiências, exatamente como aconteceu no Haiti: “É uma experiência de nulidade, você tem que morrer para nascer de novo, e fazer tudo com muita humildade. Dou graças a Deus, porque o povo me ensinou muito”.

Irmã Davina se despediu dos haitianos no último sábado, 4 de janeiro, com uma festa organizada em agradecimento por sua dedicação. Agora, de volta a Livramento, e aos 76 anos, ela ainda considera a possibilidade de cruzar o país novamente para voltar a Manaus. “Aqui somos apenas três, e minha missão é grande junto aos assentamentos. Mas se chegar alguém para me substituir, eu posso voltar”, disse a missionária de fala calma e firme. 

Foto de: www.icm-sec.org.br

Festa de Confraternização e despedida de Irmã Davina Cardoso, 76, de camisa azul ao centro

 

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