Por João Antônio Johas Leão Em Opinião

O martírio em nossos dias

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Quem são os mártires e o que eles têm a dizer a todos os cristãos?

Qual é o núcleo da experiência cristã? Como podemos resumir em poucas palavras a experiência de vida de todo aquele que se diz cristão? Penso que essa resposta é dada de modo muito eloquente por aqueles chamados mártires. Com sua vida (e morte) levam às últimas consequências o seu encontro com Jesus, mostrando uma força que supera muito a humana e que só pode vir de Deus. Quem são os mártires e o que eles têm a dizer a todos os cristãos? 

A palavra mártir vem de uma palavra grega, martirion, que significa testemunho. O mártir é aquele que dá testemunho. No cristianismo, a pessoa martirizada entrega a própria vida, dando testemunho de sua fé em Cristo. E, apesar do horrível que possa ser o martírio, é justamente nisso que consiste a beleza desse testemunho. O mártir mostra, na própria vida, que o encontro pessoal que teve com Jesus é o centro da sua vida, o tesouro mais valioso pelo qual vale a pena entregar tudo, inclusive a própria vida, confiando na promessa de Jesus que disse: “...quem perder a sua vida por minha causa e pelo Evangelho salva-la-á!” (Mc 8, 35). 

 

"Há mais mártires na Igreja hoje do que nos primeiros séculos", Papa Francisco.

Existem mártires muito famosos na História da Igreja como São Pedro, São Paulo, Santo André e muitos outros. Todos eles possuem em comum o fato de dar a vida pela fé. Mas seria muito ingênuo pensar que o martírio é algo do passado e fechar os olhos para os martírios que acontecem atualmente. De fato, o Papa Francisco disse: "Há mais mártires na Igreja hoje do que nos primeiros séculos". Essa é uma afirmação muito forte que deve nos fazer pensar. Somos conscientes dessa realidade? 

Talvez a nossa experiência católica nos afaste um pouco dessa realidade. Se bem encontramos muitas vezes oposições e ataques contra a fé, não é muito frequente na nossa realidade que essas perseguições cheguem a tirar a vida dos cristãos. Isso pode nos anestesiar para o fato de que hoje, no século XXI, existem irmãos nossos que estão dando a vida por nada menos que a fé. Esses irmãos precisam lutar por sua fé e seria muito fácil renegá-la, mas não o fazem porque encontram nessa mesma fé aquele tesouro valiosíssimo que já mencionamos. Quantos de nós, em situações parecidas, faríamos o mesmo? Encontramos esse mesmo tesouro? 

Mas voltemos a origem da palavra martírio, testemunho. Sabemos que todos somos chamados a dar testemunho da nossa fé na nossa realidade concreta. Essa é a essência do cristianismo, anunciar o Reino de Deus enquanto convidamos todas as pessoas à conversão para que possam se encontrar com o amor misericordioso de Deus. Nesse sentido, todos estamos chamados a sermos mártires ao máximo das nossas capacidades e possibilidades. E isso realmente exige sacrifício, morte interior. Todos os desafios que passamos em nossa vida cristã podem ser lidos desde essa ótica: "Se a semente que cair na terra não morrer, não dará fruto". Outra maneira de entender isso é dizer que realmente não há cristianismo sem cruz. 

Talvez não cheguemos a dar a vida, literalmente, pela fé. Mas a daremos todos os dias se queremos ser verdadeiros cristãos. E na verdade, o martírio é um dom de Deus para alguns, e a força para tal não vem de nós, mas do mesmo Deus que nos concede sempre o necessário para cumprir nossa missão. O que nos resta então é buscar ser fiel no nosso aqui e agora, sabendo que em todos os desafios Deus está ao nosso lado. Queremos dar a nossa vida por Ele, da maneira como Ele quiser. Que Deus nos conceda a graça para tanto.

 

A Fundação Pontifícia 'Ajuda à Igreja que Sofre' produziu um vídeo intitulado "O Silêncio Culpado" com depoimentos de lideranças religiosas que atuam diretamente nessa realidade. Veja os depoimentos:  

 

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