Igreja

Tecnologias na promoção do desejo de aprender mais e da Comunhão

Joana Darc Venancio (Redação A12)

Escrito por Joana Darc Venancio

03 MAR 2021 - 06H00 (Atualizada em 09 JUN 2021 - 15H48)

Reprodução

Não é necessária pesquisa aprofundada para afirmar que as tecnologias mudaram o comportamento individual e coletivo. Elas não mudaram somente o dinamismo diante dos fatos, mas também os paradigmas e, em alguns casos, até o comportamento das pessoas. Podemos citar que o conceito de “distância”, por exemplo, modifica-se frente a condição da virtualidade, pois torna próximo o distante e aproxima o afastado.

O avanço tecnológico aconteceu de forma súbita e quase inacreditável. A ciência parece ter tido um tempo de muita pressa, despejando tantos aparatos tecnológicos, dos quais nem conseguimos dar conta de suas múltiplas utilidades e serviços. No entanto, sem dúvida alguma, não podemos ou não devemos negar a importância e utilidade dos mesmos. Assim como não podemos negar seus perigos e complexidades.

Juliya Shangarey/ Shutterstock
Juliya Shangarey/ Shutterstock
Aulas online durante a pandemia de coronavírus


Papa Francisco, na Mensagem para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais, em 08 de dezembro de 2016, orienta: 

"E-mailsSMS, redes sociais, chats podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor. As redes sociais são capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos. O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral".  

Hoje, somos impelidos à comunicação sem perda de tempo. A cada minuto são novas ideias, novas descobertas, novas informações. Por isso, nos encantamos com os “ciberespaços”, pois somos, vamos, viajamos, informamos e nos formamos na mesma velocidade com que piscamos os olhos. Há nesse tipo de comunicação, a otimização de tempo e de espaço, que jamais pudemos imaginar. Levamos alguns segundos para enviar uma mensagem para muitas pessoas, enquanto anteriormente eram dias para enviar para uma única pessoa a mesma mensagem.

Shutterstock/Por fizkes
Shutterstock/Por fizkes


Papa Bento XVI, na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, em 24 de janeiro de 2012, afirmou: 

"Estes espaços, quando bem e equilibradamente valorizados, contribuem para favorecer formas de diálogo e debate que, se realizadas com respeito e cuidado pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade, podem reforçar os laços de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana. A troca de informações pode transformar-se numa verdadeira comunicação, os contatos podem amadurecer em amizade, as conexões podem facilitar a comunhão. Se as redes sociais são chamadas a concretizar este grande potencial, as pessoas que nelas participam devem esforçar-se por serem autênticas, porque nestes espaços não se partilham apenas ideias e informações, mas, em última instância, a pessoa comunica-se a si mesma". 

A Escola, como grande e fundamental local onde acontece Educação, não pode temer as tecnologias, tampouco diviniza-las, mas colocá-las, através de seus muitos aparatos, integralmente a serviço da formação humana, possibilitando o domínio da construção do conhecimento. As tecnologias podem colaborar definitivamente para a aprendizagem significativa, fazendo cumprir a desmistificação das mesmas, simplesmente como “meios”.

A Escola não pode negligenciar o estabelecimento desse novo contexto. Mais do que nunca, ela deve ser facilitadora e estar em sintonia com as inovações, ajustando-se às mudanças que beneficiam a aprendizagem, a pesquisa, a formação e informações. E claro: sem perder de vista sua capacidade de refletir sobre as mudanças que rompem com os valores éticos!

Shutterstock/Por Visual Generation
Shutterstock/Por Visual Generation


São Papa João Paulo II, em sua mensagem para o 39º dia mundial  das comunicações sociais, em 08 de maior de 2005, refletiu profundamente:

"As modernas tecnologias nos oferecem possibilidades nunca vistas antes para fazer o bem, para difundir a verdade de nossa salvação em Jesus Cristo, e para promover a harmonia e a reconciliação. Por isso mesmo, o seu mau uso pode provocar danos enormes, provocando incompreensão, preconceitos e até conflitos. (...) Um conhecimento adequado promove a compreensão, dissipa os preconceitos e desperta o desejo de aprender mais". 

Há muitas experiências que podem ser realizadas de forma positiva: criação de Grupo de Whatsapp ou Grupo Facebook da turma, com a devida e escrita autorização dos pais, para enriquecer o processo de Flipped classroom, a sala de aula invertida, que é uma metodologia que resgata o aluno como protagonista. Também é possível realizar concursos de Microcontos por Twitter; apresentação de trabalho de pesquisa de campo através do Instagram ou de ferramentas de edição de vídeos, como o Powtoon; transformação de cartazes físicos em virtuais, através de aplicativos, como o Aurasma. Tudo pode efetivamente contribuir com o processo de aprendizagem significativa. No entanto, depende do elemento inalienável do professor, sua autonomia e sensibilidade no ato de educar.

Os professores deverão ser preparados para a utilização dos modernos recursos tecnológicos, do “Admirável Mundo Novo” e empregá-los no processo pedagógico, sem, no entanto, fazer deles somente substitutos de recursos antigos, mas compreender que sua utilização está a serviço de uma Educação de qualidade e de incentivo à formação plena do sujeito, que não pode esperar.

Escrito por
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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