Este ano a Campanha da Fraternidade nos convoca a refletir sobre a superação da violência. Sabiamente, a campanha não direciona, nem tampouco, norteia para uma pontualidade da violência, uma vez que esta acontece de diversas maneiras, sob diversos jeitos e em diferentes esferas. Para tanto, gostaria de nesta reflexão me ater a uma violência que não provoca gritos, nem dor física, nem hematomas que chamem a atenção, falo sobre a violência da/na comunicação.
A arte de comunicar exige de nós um artifício ou valor chamado, ética, mas quando esta se ausenta das pautas, das opiniões, das lentes, provoca a violência que precisa ser superada neste meio. Vivemos e convivemos com uma indústria da comunicação que na arte de aguçar desejos para o consumidor prolifera e se apossa, muitas das vezes, de estratégias geradoras de violência. Quando a comunicação deixa de informar e passa, estreitamente, a revelar uma ideologia, ou uma única opinião, ela está traindo a sua identidade, ela está agredindo a liberdade do outro. Bem já dizia Gandhi: “Eu sou contra a violência porque parece fazer bem, mas o bem só é temporário; o mal que faz é que é permanente”.
Urge a necessidade de superar esse desafio tangente da violência comunicacional. A capacidade de ser mal, ou seja, sermos violentos, começa onde inicia também a bondade, em nosso coração. Então, o meio em que vivemos é o que possui capacidade de nos transformar. O Papa Francisco tem conclamado para o mundo que é preciso que cresça cultura da paz. Que verdade! Há de convir que todo o processo de conversão do mundo antes de acontecer dentro de cada ser, passa pela célula social que é a família.
Há quem defenda que a família moderna perdeu valores, outros que os valores foram invertidos, todavia, uma só é a verdade: a família é quem precisa gerar líderes de opinião, líderes de discernimento, com envergadura para não se sujeitarem a “agulha hipodérmica” que ainda continua, de diversos modos, a ser injetada em nossas consciências a fim de transformar nosso comportamento. Não permitamos que a violência da comunicação faça parte do nosso cotidiano.
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