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Claudinei Chitolina lança livro pela Editora Ideias & Letras

Ler e escrever textos filosóficos sempre foi um desafio para muitos, mas recentemente foi lançado um livro que apresenta os elementos fundamentais para aprender e ensinar a filosofia, bem como praticar a leitura e a escrita.

Foto de: Arquivo Pessoal

Claudinei - Arquivo Pessoal

"É possível pensar o problema da leitura e da escrita 
filosóficas sob diferentes perspectivas filosóficas. 
A presente publicação é fruto da reflexão e da
investigação filosófica sobre os desafios e os problemas
referentes à experiência com a docência em filosofia"

É o livro Para ler e escrever textos filosóficos, do professor Claudinei Chitolina, Editora Ideias & Letras. A obra convida a refletir sobre a transmissão da filosofia, apontando as várias faces, as dificuldades e as particularidades dessa ciência. Veja como foi o bate-papo do JS com o autor.

Jornal Santuário de Aparecida  Como teve a ideia de escrever o livro?

 

Claudinei Luiz Chitolina – Observo que muitos alunos adentram a universidade sem hábitos e sem habilidade de leitura e de escrita (filosóficas). No caso do curso de filosofia, a capacidade de ler e de interpretar textos se revela ainda mais necessária, porque é preciso conhecer a história da filosofia, as obras fundamentais do pensamento filosófico. De modo que se alguém quiser fazer filosofia e não tiver familiaridade, frequência e desenvoltura em relação ao processo de leitura e de escrita dos textos filosóficos é incapaz de compreender a filosofia, seus problemas, conceitos e argumentos; será incapaz de reconhecer a tarefa crítica e formativa da filosofia.

Há uma convicção entre os professores de que a iniciação filosófica se dá por meio da leitura de textos filosóficos. A leitura dos grandes mestres do pensamento filosófico permite ao aprendiz adquirir uma experiência de pensamento que não poderá adquirir de outra maneira. Porém, iniciar um curso de filosofia não é necessariamente adentrar à Filosofia; é preciso saber elaborar seu próprio pensamento. Neste sentido, a escrita é um meio de produção e de expressão do pensamento filosófico. Entretanto, diante desse desafio, o aprendiz de filosofia depara-se, muitas vezes, com questões e dificuldades teóricas e metodológicas que não são facilmente respondidas. Ou seja, como é possível ler e escrever textos filosóficos? O que torna a leitura e a escrita filosóficas? O que distingue um texto filosófico de um texto não filosófico? Da parte dos professores, a escassez de recursos bibliográficos em relação ao aprendizado da leitura e da escrita filosóficas constitui um sério problema para o ensino e o aprendizado da filosofia. Foi a partir destas inquietações que teve origem a ideia de escrever esse livro, a fim de servir de subsídio teórico ao professores e alunos de filosofia.

JS  Como avalia os métodos atuais de ensino?

Claudinei Luiz Chitolina É muito comum ouvir dizer que os problemas educacionais poderiam ser em grande medida sanados se houvesse uma mudança nos métodos de ensino. Frequentemente, novas modas pedagógicas são lançadas e adotadas, mas os efeitos não são duradouros nem consistentes. Estranhamente, muitos pais desenvolvem uma visão equivocada acerca do ensino, porque responsabilizam os professores pelo fracasso educacional de seus filhos, visto que não compreendem a complexidade do problema educacional.

O reducionismo pedagógico (ou pedagogismo) é uma forma de ocultar as verdadeiras causas do déficit de aprendizagem dos alunos. Disto não se segue, porém, que os métodos de ensino são irrelevantes, mas que eles não podem solucionar sozinhos os problemas de aprendizagem e de desempenho dos alunos sem considerarmos outros fatores, como, por exemplo, as políticas educacionais e as condições sociais e econômicas dos jovens. Ora, o ensino de filosofia padece dos mesmos males de que padece a educação de um modo geral. O excesso de alunos por professor, o despreparo pedagógico e teórico de muitos professores, a falta de melhores condições de trabalho e de remuneração, aliados à desvalorização social do professor comprometem de modo decisivo o processo de ensino e de aprendizagem.

Existem muitos métodos de ensino, mas nenhum deles é mais original e atual que o método socrático – que implica perguntar e responder. Não se pode confundir os recursos tecnológicos de que dispomos com os métodos de ensino. O melhor professor não é necessariamente aquele que está tecnologicamente melhor equipado, mas aquele que é capaz de suscitar no aluno o desejo de conhecer ou de aprender.

A aula de filosofia deve ser uma espécie de laboratório para o pensamento e não uma distração para o pensamento. O uso de suporte tecnológico pode conferir à aula de filosofia mais entretenimento, envolvimento psicológico dos alunos, mas nem sempre consegue proporcionar o envolvimento intelectual que as questões filosóficas requerem. Na filosofia, o conceito é a matéria-prima do pensamento, porque permite a compreensão, nas tecnologias digitais é a imagem, que deve ser submetida a um conceito. Ou seja, para fazer filosofia é preciso fazer a experiência da solidão, ou como dirá Nietzsche em Assim falou Zaratustra, é preciso fugir da praça do mercado (das crenças, superstições e preconceitos) e subir à montanha para respirar ar puro, a fim de pensar por si mesmo.

JS  Qual o principal desafio de escrever um livro sobre essa temática?

Claudinei Luiz Chitolina O maior desafio é não repetir o que já foi dito ou escrito, mas contribuir teoricamente para aperfeiçoar os instrumentos metodológicos de leitura e de escrita filosóficas.

 

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