Holocausto: Conheça histórias de pessoas que salvaram vidas

Há 79 anos, chegava ao fim uma das batalhas mais dramáticas da Segunda Guerra. Em 27 de janeiro de 1945, os campos de concentração foram libertados pelas tropas soviéticas, dia este que é comemorado mundialmente como o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, assim designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Leia MaisPapa recorda holocausto para que não aconteça outra vezMais tarde, em 1947, a Polônia criou um museu no local de Auschwitz I e II, que desde então recebeu a visita de milhões de pessoas de todo mundo, que já passaram sob o portão de ferro que tem escrito em seu cimo o infame lema "Arbeit macht frei" (o trabalho liberta).

Em 2002, a UNESCO declarou oficialmente as ruínas de Auschwitz-Birkenau como Patrimônio da Humanidade.

Em meio a tanto horror e sofrimento, a atitude corajosa de algumas pessoas ajudou a salvar vidas e resgatar a esperança de centenas de judeus.

O Anjo de Hamburgo

Muitos desconhecem, mas uma brasileira ajudou a salvar dezenas de judeus do nazismo e, em 1985, teve seu nome colocado no Jardim dos Justos, no Museu do Holocausto, em Israel. Trata-se de Aracy Guimarães Rosa, ou o 'Anjo de Hamburgo', uma paranaense de Rio Negro, filha de pai brasileiro e mãe alemã.

Divorciada do primeiro marido, Aracy mudou-se para Alemanha em 1934, para morar com uma tia e o filho. Fluente em alemão, francês e inglês, encontrou trabalho no consulado brasileiro em Hamburgo, como chefe do setor de vistos.

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Cena do documentário "Esse viver ninguém me tira", sobre a vida de Aracy Guimarães Rosa

Em 1938, o diplomata João Guimarães Rosa - que mais tarde se tornaria um dos maiores escritores brasileiros e autor de ‘Grande sertão: veredas’, de 1956, obra-prima da literatura brasileira - foi nomeado cônsul-adjunto em Hamburgo. João Guimarães Rosa e Aracy casaram-se em 1940 e viveram em Hamburgo, sob bombardeios da RAF (Royal Air Force).

Inconformada com os horrores da ditadura nazista, Aracy facilitou centenas de vistos, ajudando incontáveis famílias de judeus a escapar da morte nos campos de concentração de Adolf Hitler. Além disso, o casal abrigou judeus em sua casa e transportou outros tantos para países vizinhos.

Aracy e Guimarães Rosa voltaram ao Brasil em 1942, e casaram-se, então, no México, por não haver ainda, no Brasil, o divórcio. Aracy morreu em 2011, aos 102 anos, com doença de Alzheimer, deixando uma grande lição de coragem.

O mártir do Holocausto

Outro exemplo de coragem durante os horrores do Holocausto foi Maximiliano Maria Kolbe, hoje santo.

Nascido na Polônia em 1894, aos 13 anos foi morar com os franciscanos. Durante toda a sua vida, manifestou seu zelo e amor a Maria, fundando o apostolado mariano "Milícia da Imaculada".

Concluiu os estudos em Roma, onde foi ordenado sacerdote. Em 1939, quando as tropas nazistas tomaram a Polônia, padre Kolbe foi preso e enviado para o campo de concentração de Auschwitz.

Por conta da fuga de um dos prisioneiros, outros dez foram condenados à morte. Um deles, Francisco, começou a chorar, declarando que tinha esposa e filhos.

Então, o padre Kolbe ofereceu sua vida no lugar de Francisco. Foi beatificado em 1971 e canonizado pelo papa João Paulo II, em 1982.

O dia 14 de agosto foi incluído no calendário litúrgico da Igreja para celebrar São Maximiliano Maria Kolbe, a quem o papa chamou de "padroeiro do nosso difícil século XX".

Na cerimônia de canonização, estava presente o sobrevivente Francisco Gajowniczek, dando testemunho do heroísmo daquele que se ofereceu para morrer no seu lugar.