Adolescentes são influenciados por familiares em relação ao abuso do álcool. A constatação é de uma pesquisa desenvolvida pela enfermeira Betânia da Mata Ribeiro Gomes, em trabalho produzido junto à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
Para Sonia Regina Solano Paes Breda, da Clínica Viva, experimentar droga lícita ou ilícita é uma escolha motivada por vários fatores, como influência de amigos e familiares.
Foram entrevistados 22 membros de 10 famílias, dentre eles 11 adolescentes de 14 a 19 anos que consumiam álcool. Grande parte dos entrevistados afirmou sofrer com desentendimentos, desafetos e outros conflitos dentro da família. A pesquisa mostrou também que a decisão pelo consumo da bebida foi associada ao prazer e diversão.
Na avaliação da psicóloga Sonia Regina Solano Paes Breda, da Clínica Viva, especializada em dependência química, experimentar uma droga – lícita ou ilícita – é uma escolha que pode ser motivada por uma série de fatores.
Esses fatores vão desde a influência de amigos e familiares a problemas como frustrações pessoais, timidez, insegurança, ou até mesmo pela crença que a substância aumentará a criatividade e a busca pelo prazer e novas emoções.
Família não pode estimular
A coordenadora nacional de Prevenção do Amor Exigente, Bernadete Maciel, diz que os resultados da pesquisa refletem o que acontece na sociedade. “Os pais enxergam que drogas lícitas podem ser usadas pelos seus filhos e muitos estimulam a iniciação dentro de casa”, denuncia.
De acordo com ela, pais que bebem diariamente acabam sinalizando para os filhos um modelo de comportamento. “Se o filho copiar, os pais estarão sem argumentos para rebater a conduta do filho”, adverte, lembrando que o mais adequado é que os pais não bebam ou façam isso com moderação.
A grande dificuldade, porém, é que o álcool está inserido na cultura social, conforme aponta Sonia Breda. “Está presente no lazer e nos encontros, dentro das casas, onde a família ‘cultua’ um verdadeiro altar para receber seus amigos.”
Uso traz consequências drásticas aos adolescentes
A psicóloga da Clínica Viva alerta também para consequências do abuso do álcool na adolescência. “Pode causar a destruição de neurônios e impedir a realização de sinapses, fundamentais a processos como o de aprendizagem.”
Segundo Sonia, é nessa fase da vida que o cérebro tem mais condições fisiológicas de armazenar e de processar informações. Diante disso, a ingestão da substância provoca alterações comportamentais ou psicológicas significativas.
Quanto às sequelas psíquicas, o quadro de embriaguez é acompanhado de esquecimento dos fatos ocorridos durante o estado de êxtase. “Alguns adolescentes ficam embriagados com doses muito pequenas de bebidas alcoólicas este quadro é denominado intoxicação patológica ou idiossincrática”, explica.
O álcool também pode aumentar a pressão arterial e provocar derrame cerebral. Além disso, o adolescente alcoolizado fica mais vulnerável a relações sexuais sem proteção e se expõe a doenças sexualmente transmissíveis.
A coordenadora do Amor Exigente adverte também para o risco maior de acidentes de trânsito e maior chance de envolvimento com drogas mais pesadas. “A embriaguez reduz o discernimento e encoraja o indivíduo para experimentar a droga ilícita se houver oportunidade”, justifica.
Como identificar limite que separa consumo social do vício
Há uma linha tênue que separa o chamado consumo “social” do álcool do vício na substância. De acordo com Sonia Breda, esse processo é composto de três fases.
– Leve: Estágio com baixo comprometimento em relação à saúde física e mental e o paciente mantem relações sociais, profissionais e familiares relativamente estáveis.
– Moderado: Estágio em que o dependente passa a fazer uso contínuo ou recorrente, com episódio de abusos da substância. É notado algum comprometimento da saúde física e mental.
– Grave: Nesse padrão a dependência já está instalada e não permite ao paciente escolher entre a abstinência e o uso contínuo. As relações sociais e familiares já estão totalmente comprometidas.
A especialista enumera alguns sintomas que, associados ao uso do álcool, identificam o vício:
– Ansiedade.
– Irritabilidade.
– Excitabilidade.
– Confusão.
– Aparência descuidada.
– Esquecimento.
– Fácies alcoólico (edema e eritema).
– Coloração amarelada na pele.
– Cicatrizes.
– Tremores.
– Ataxia (falta de coordenação motora).
Quando é preciso tratamento clínico
O tratamento clínico é necessário nos casos de alcoolismo, por se tratar de uma doença multidimensional e multifacetada, que atinge a pessoa nos níveis físico, mental, emocional e espiritual.
“Podemos dizer que temos a dependência psicológica, que é a forte necessidade do álcool para atingir o máximo da sensação desejada”, explica a psicóloga da Clínica Viva.
Já a dependência física da substância faz com que o organismo adapte-se ao uso crônico do álcool, apresentando sintomas, no caso de abstinência.
Quando o jovem apresentar três dos sete sintomas abaixo, há a necessidade urgente de tratamento:
– Forte desejo ou senso de compulsão para consumir álcool.
– Dificuldade em controlar o uso do álcool no início, no termino e também os níveis de consumo.
– Estado de abstinência fisiológico (síndrome de abstinência) ou a necessidade de usar para cessar o mal estar;
– Evidência da tolerância, ou seja, necessidade de doses maiores para atingir o mesmo efeito.
– Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos como emprego e escola.
– Evidência de consequências nocivas, como perda do ano escolar, envolvimento com polícia, agressões físicas e verbais a familiares ou em acidentes de trânsito, entre outras ocorrências, em função do uso do álcool.
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