Por João Antônio Johas Leão Em Crescendo na Fé Atualizada em 03 ABR 2019 - 14H53

Qual a proporção entre a ação de Deus e a nossa?

Para ilustrar a proporção entre a ação de Deus e a nossa ação no mundo, existe uma historinha muito simples e simpática:

Um pequeno ratinho ia disputar uma corrida com um elefante. Marcaram o local de saída, o de chegada e começaram a correr. Quando finalizaram a carreira, o ratinho olha para trás e exclama: “Olha só elefante, quanta poeira levantamos”!

É certo que o ratinho levantou alguma poeira, mas qualquer um sabe que a maior parte da poeira foi levantada pelo Elefante. Assim acontece também quando agimos junto com Deus. Ele é o Todo Poderoso, aquele que governa o universo. “Muitos são os projetos do coração humano, mas é o desígnio de Iahweh que permanece firme” (Prov 19, 21). Nós cooperamos, mas é a Graça que tem o protagonismo.

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A experiência sensível, no entanto, é muitas vezes outra. Olhamos para trás e não vemos nada além da pouca poeira que levantamos e com muita dificuldade. Onde está Deus? Será que realmente está ao nosso lado nos confortando e ajudando? Gostaríamos muito que Deus fizesse barulho, que levantasse de maneira visível bastante poeira, para que pudéssemos facilmente sentir sua presença. Inclusive poderíamos dizer que se Ele assim o fizesse, acreditaríamos mais facilmente. Mas lembremos que Jesus não desceu da cruz quando lhe disseram que acreditariam se ele se salvasse naquele momento.

O Profeta Elias passou por uma situação que pode iluminar essa experiência. Deus lhe disse em um momento: “Sai e fica na montanha diante de Iahweh”. Passou um furacão, um terremoto e um grande fogo, mas, diz a Bíblia, Deus não estava em nenhuma dessas coisas. Passou então uma brisa leve, na qual o profeta logo reconheceu a presença de Deus.

 

Para perceber a presença de Deus, precisamos fazer silêncio. Sem isso, será cada vez mais difícil entender como Deus faz parte de nossa vida.

Deus está presente nessa brisa, silenciosa, leve, tranquila. Para perceber a presença de Deus precisamos procura-lo fazendo silêncio exterior e interior. O mundo em que vivemos às vezes é mais barulhento do que muitos furacões e terremotos. É preciso muito esforço para dar uma pausa em toda a correria do dia a dia, a fim de fazer silêncio, de ter um momento forte de oração e de encontro com o Senhor. Sem isso, vamos continuar olhando para nossa vida e nos será cada vez mais difícil entender como Deus faz parte dela.

Por outro lado, se nos comprometemos a escutá-lo de verdade, a fazer silêncio, começaremos a enxergar com os olhos da fé. Somente com esses olhos é que se pode ver a poeira que Deus levanta junto conosco. E podemos ver de maneira muito clara uma vez que tenhamos os olhos educados.

Voltando para a história do ratinho e do elefante, diria que ela nos faz ver o invisível. Na vida real, é a fé que nos proporciona isso. Os santos normalmente têm a experiência muito viva de perceber o pequeno que são e o muito que Deus obra através deles. Nós também somos chamados a ser santos, e na medida em que vamos “tirando as traves dos nossos olhos”, na medida em que Jesus vai curando nossa cegueira, na medida em que Ele vai nos ressuscitando para uma vida nova, nessa medida iremos percebendo como o amor providente de Deus nunca nos deixa, mesmo nos momentos mais difíceis de nossa vida.


Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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