Primeiro encontro dramático entre Moisés e o Faraó

Neste mês, estudaremos a primeira cena que relata o encontro de Moisés com Faraó (Ex 5,1-5). Trata-se de um texto dramático que servirá de base para a compreensão de toda narrativa posterior. Disso decorre a importância de estudá-lo.

Em Ex 5,1a, o autor faz a ligação com a narrativa anterior, utilizando a expressão “depois disso” e, portanto, referindo-se aos fatos ocorridos depois que Moisés teve seu encontro com o Senhor diante da sarça ardente, a saber: sua trajetória de retorno ao Egito (cf. Ex 4,18-26) e seu encontro com Aarão, seu irmão (cf. Ex 4,27-31).

Moisés e Aarão vão até a presença do faraó. Aqui a tensão começa. Textos antigos testemunham que era comum pessoas recorrerem ao rei do Egito. Entretanto, elas ficavam aterrorizadas e eram obrigadas falar prostradas ao chão, muitas vezes com a cabeça baixa.

Chama a atenção o fato de que a fala de Moisés e seu irmão tenha seu início com uma expressão muito forte na tradição bíblica, uma fórmula profética: “assim diz o Senhor”. Com isso, o autor evoca a coragem profética. Os porta-vozes de Deus não temem o poder opressor do Faraó.

Diante disso, o autor faz questão de utilizar um verbo imperativo “’deixa o meu povo ir”, o que significa que Deus deu uma ordem. Não era um pedido ao rei do Egito. Imagine só, dois simples homens proferindo uma ordem ao todo poderoso faraó. Eles não tiveram medo. A missão exige coragem.

O faraó, no Antigo Egito, era um deus. Sua resposta à ordem do Deus israelita foi irônica. O rei do Egito afirmou que não conhecia o Senhor, nem daria ouvidos à Sua voz, nem deixaria o povo ir (Ex 5,2).

Os enviados do Deus verdadeiro, então, insistem, afirmando o fato de que eles foram visitados pelo Senhor. Moisés e Aarão repetem a ordem, dessa vez, deixando-a mais específica. O faraó deveria despedir o povo numa caminhada de três dias. O que isso significa? Aqui não se trata de dizer que o povo ficaria por apenas alguns dias fora do Egito para depois retornar. Essa é uma linguagem bíblica para se falar de distância, assim como em Gn 31,22-23; Nm 10,33; 33,8. Com essa lonjura, os israelitas já teriam alcançado o deserto do outro lado do Mar Vermelho (cf. Ex 15,22).

Na ordem dada ao faraó, o autor revela qual era a finalidade da libertação: os israelitas deveriam “celebrar uma festa no deserto” (v.1), oferecendo sacrifícios (v.3). Dessa maneira, Moisés e Aarão comunicam que Deus é apenas um, o Deus de Israel. Faraó não é deus.

Isso se confirma com uma expressão, a princípio, obscura: se os israelitas não adorarem a Deus no deserto, o Senhor “nos alcançará com peste ou espada”. Parece que a punição será dirigida aos israelitas, se o faraó não os deixar sair do Egito. Isso seria injusto, certo? Nesse caso, o que o autor quer enfatizar era que Moisés e Aarão têm ao Deus verdadeiro e não ao rei egípcio.

Que Deus possa te abençoar, trazendo a cada perseverança ao teu coração, a fim de que você continue nesta jornada bíblica!

1) A opressão intensificada (Ex 5,6-14) - Neste trecho estudaremos o poder exercido pelo faraó, com mais força agora ao povo de Deus.

2) A reação dos israelitas (Ex 5,15-18) - Com este estudo, analisaremos como os israelitas se portaram em função da opressão do faraó.

3) Moisés e a sua oração sincera (Ex 5,19.6,1) - Nesta semana observaremos como Moisés assumiu a missa de que neste momento era a hora de agir e cumprir o chamado de Deus.

4) A nova vocação de Moisés (Ex 6,2-13) - Após uma experiência profunda com Deus, eis que o novo chamado de Deus vem a Moisés.