Por Carmen Novoa Silva Em Palavra do Associado Atualizada em 03 OUT 2017 - 08H37

Páscoa do céu de abril

Páscoa

É tempo da Páscoa!

Dizem-me reluzentes as prateleiras dos supermercados e das lojas especializadas. O comércio de toda essa tralha que o Discurso Consumista apregoa nos palanques de nossos egos concentram-se em coelhos e ovos de chocolate. De todos tipos, cores, tamanhos que sua imaginação conceber. Páscoa significa hoje mais um item da “felicidade hedonista”. Consumir requer... dinheiro. O crediário e os cartões de crédito abrem as portas para o ócio e o prazer de gastar por gastar ou para ser igual aos demais. Ser diferentes torna hoje em dia as pessoas em deficientes do espírito moderno e progressista. Existe até o preconceito pascal! É aquele em que a maioria chama de anormais ou otários os que realmente sabem e cumprem o sentido e os serviços cristãos. Em verdade em verdade afirmo meu leitor persistente, pergunte a uma criança o que significa Páscoa e ela responderá com um brilho de gula nos olhos, ser tempo de ovos e coelhinhos de chocolate.

Quando contabilizamos várias páscoas vividas, o coração retorna às primeiras onde tudo tinha alma e sentimento. Aquele céu de abril da infância, ora chumbo, ora azul, converteu-se em categoria da alma. Recordo o hábito manauense de enviar pelos correios cartões de páscoa a desejar a ressurreição não só de Cristo, mas a ressurreição de nossas dores. Sim, saber ressurgir das dores! Dos problemas do dia a dia, das inimizades, das enfermidades. Porque o terceiro milênio impõe o Tratado da Felicidade Contínua esquecendo-se que a humanidade está sujeita à sua cota de mal estar, lágrimas, depressões, crises, fracassos... A vida é feita também de triunfos, de risos, de alegrias, de festas. A felicidade como quer o século XXI é obrigatória a todo ser humano. O certo é considerar um direito inalienável nosso aspirar a ser feliz, lutar por isso e atingi-lo, mas jamais essa consciência individualista do prazer imediato e perene. Do somente ócio do “feriadão” no Caribe, Las Vegas ou Punta del Este. Do somente doçuras e chocolates. Mas evidenciar a todos que existe não só na memória, o céu de abril feito categoria da alma. Esse céu que acreditava num ser Supremo. Que se ajoelhava e adorava; O Jesus do Getsemâni, o da Santa Ceia, o do domingo dos Ramos de Jerusalém, o do Calvário, o do Sepulcro, o do beijo do Iscariotes e o das Aleluias dos domingos.

:: QUEM TEM MEDO DA CRUZ? ( Meditação para a Quaresma-Páscoa)

Não, não estou afeita a rememorações inúteis. Não se pretende aqui o retorno de somente filmes sacros nos cinemas e as histórias santas e músicas clássicas das rádios nos dias do respeito cristão Da malhação do Judas, que hoje considero cristã e politicamente incorreto, pois incitava ao ódio, violência, vingança e morte.

 

Mudou a Páscoa, ou mudei eu?

Não estou requerendo o retorno do silêncio imposto na chamada quarta-feira de trevas quando tudo era feito pé ante pé, sem risos ou alegrias. Isso fica para tempos antes de João XXIII. Este alargou os horizontes católicos. Refrigerou o hermetismo eclesial de antes com seu Concílio Ecumênico em 1960. Deu-nos a consciência do valor de Ressurreição como Páscoa verdadeira. Passagem da morte para outra vida: A eterna. Essa última confeccionada na terra entre lutos e lutas, entre risos e alegrias. Utilizando valores espirituais como tesouros que permanecem para sempre. E que nos faz entender a frase do escritor Machado de Assis a dizer sobre o Natal. “Mudaram os tempos ou mudei eu?” Parafraseando-o atesto; sobre a Páscoa: Mudou a Páscoa, ou mudei eu? Por isso, quero de volta meu céu de abril feito categoria da alma. Testamento, não daquele Judas de pano dos “sítios” da infância, mas testamento endereçado para os homens de sentimento e coração e fé... Estes, existem.

 

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