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A devoção filial a Nossa Senhora e a importância da reza do Santo Rosário

Escrito por Academia Marial

01 OUT 2023 - 13H00

O Tratado da verdadeira devoção da Santíssima Virgem, n. 9, (1992), de autoria de São Luís Maria Grignion de Monfort, justifica a importância da devoção à Nossa Senhora na vida de todos os cristãos. Mons. Monfort considera que a terra está cheia das glórias de Maria, quando afirma (MONFORT, 1992, n. 9:

Toda a terra está cheia de sua glória, particularmente entre os cristãos, que a tomam como padroeira e protetora em muitos países, províncias, dioceses e cidades. Inúmeras catedrais são consagradas sob a invocação do seu nome. Igreja alguma se encontra sem um altar em sua honra; não há região ou país que não possua alguma de suas imagens milagrosas, junto das quais todos os males são curados e se obtêm todos os bens. Quantas confrarias e congregações erigidas em sua honra! Quantos institutos e ordens religiosas abrigados sob seu nome e proteção! quantos irmãos e irmãs de todas as confrarias, e quantos religiosos e religiosas a entoar os seus louvores, a anunciar as suas maravilhas! Não há criancinha que, balbuciando a Ave-Maria, não a louve; mesmo os pecadores, os mais empedernidos, conservam sempre uma centelha de confiança em Maria. Dos próprios demônios no inferno, não há um que não a respeite, embora temendo (grifo nosso).

Por sua vez, Monfort (1992, n. 8) demonstra-nos que a importância da piedade e devoção à Virgem Maria deveria acontecer todos os dias, em todos os lugares. Noutros termos, tudo prega, tudo exalta a incomparável Maria.

(...) os homens de todas as idades, condições e religiões (...), de bom ou mau-grado, pela força da verdade, a proclamá-la bem-aventurada. Vibra nos céus, como diz São Boaventura, o clamor incessante dos anjos: Sancta, sancta, sancta Maria, Dei Genitrix et Virgo; e milhões e milhões de vezes, todos os dias, eles lhe dirigem a saudação Angélica: Ave, Maria (...), prosternando-se diante dela e pedindo-lhe a graça de honrá-la com suas ordens. E a todos se avantaja o príncipe da corte celeste, São Miguel, o mais zeloso em render-lhe e procurar toda a sorte de homenagens, sempre atento, para ter a honra de, à sua palavra, prestar um serviço a algum dos seus servidores.

O Papa emérito, Bento XVI, reza nas exéquias de São João Paulo II: “São João Paulo II, intercedei por nós, para que possamos permanecer na escola da Virgem Santa Maria, servindo a Deus e à Igreja com a generosidade da fé, com o testemunho da esperança e com a força transformadora da caridade.”[1]

Queremos destacar o valor espiritual e teológico do Rosário, evidenciando que está oração simples introduz em nós o gosto pelo conhecimento de Cristo e nos ajuda a meditar sobre os mistérios de sua vida, paixão, morte e ressurreição, presentes nos Evangelhos. Rezar o Rosário “é passear pelo Evangelho’ em união com Maria Santíssima. É contemplar os mistérios fundamentais da história da salvação com seu olhar” (Dom Murilo Krieger).[2] 

Como vemos, o terço e o rosário são partes constitutivas da identidade de nosso povo cristão. Vejamos sua história:

“A oração do Santo Rosário surge aproximadamente no ano 800 à sombra dos mosteiros, como Saltério dos leigos. Dado que os monges rezavam os salmos (150Salmos), os leigos, que em sua maioria não sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Pai nossos. Com o passar do tempo, se formaram outros três saltérios com 150 Ave Marias, 150 (como) louvores em honra a Jesus e 150 louvores em honra a Maria. No ano 1365 fez-se uma combinação dos quatro saltérios, dividindo as 150 Ave Marias em 15 dezenas e colocando um Pai nosso no início de cada uma delas. Em 1500 ficou estabelecido, para cada dezena, a meditação de um episódio da vida de Jesus ou Maria, e assim surgiu o Rosário de quinze mistérios. A palavra Rosário significa ‘Coroa de Rosas’. A Virgem Maria revelou a muitas pessoas que cada vez que rezam uma Ave Maria lhe é entregue uma rosa e por cada Rosário completo lhe é entregue uma coroa de rosas. A rosa é a rainha das flores, sendo assim o Rosário a rosa de todas as devoções e, portanto, a mais importante”.[3]

Com o passar dos anos houve a necessidade de purificação da piedade popular: [4]

  • Litúrgico: harmonizar a piedade privada e a oração litúrgica da Igreja conforme as indicações do Concílio Vaticano II e critérios litúrgicos sérios (cf. p. 384).
  • O objetivo da oração privada: a oração privada deve corresponder à Litúrgica, cuja natureza é a celebração do mistério salvífico de Cristo na Igreja de modo a nos conduzir à Trindade. A piedade mariana deve, por e com Maria, visar a celebração do mistério de Cristo que nela se realiza (cf. p. 385).
  • Unidade íntima entre oração e agir cristão: uma devoção mariana legítima se manifesta num compromisso apostólico (cf. p. 385-386).
  • Os títulos marianos: são diversos pontos de partida que devem ter um só ponto de chegada: o que significa o mistério da devoção a Maria na Igreja – levar-nos a aprofundar a compreensão e vivência do mistério de Cristo, procurando viver o exemplo de Maria (p. ex. a devoção a Nossa Senhora das Dores – Maria associada a Cristo no mistério da cruz) (cf. p. 386-387). 

Por ocasião do pontificado de São João Paulo II, houve a necessidade de superar a lacuna vista nos mistérios por Santo Papa, criando-se os Mistérios Luminosos da vida pública de Jesus; 1. Batismo de Jesus, 2. Bodas de Caná da Galileia, 3. Anúncio do Reino de Deus, 4. Transfiguração de Jesus no Monte Tabor, 5. Instituição da Santíssima Eucaristia. Portanto, temos atualmente os quatro mistérios da vida de Jesus: Da Encarnação ou Gozosos (para os sábados e segunda-feira), da Paixão ou Dolorosos (para terça a sexta-feira), da Vida Pública de Jesus (para quinta-feira) e da Ressurreição de Jesus ou Gloriosos (para domingos).

Inspiramo-nos nos Maristas, discípulos de Pe. Marcelino Champagnat, que teve um relacionamento a Santíssima Virgem marcado por profunda afeição e confiança. O lema “Tudo a Jesus por Maria; tudo a Maria por Jesus”, atribuído a ele, revela este relacionamento e dedicação para com Ela, que diariamente nos convida a construir comunidades por meio da oração constante e calorosa, como em Pentecostes e em Nazaré.  

Portanto, é um convite para a que rezemos a oração do Rosário, se possível, com nossa família ou em comunidade. Que Maria, Mãe e Educadora, sob o título de Nossa Senhora do Rosário, abençoe todas as nossas comunidades e nos ajude cada vez mais a tornar nossos seus esforços evangelicalmente fecundos, por um mundo de justiça, paz e fraternidade.

Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, Mãe de Deus e nossa, rogai por nós, que recorremos a Vós. Amém!

[1] Sugerimos a leitura de A devoção de São João Paulo II a Nossa Senhora: um exemplo para os católicos. Disponível em www.a12.com/academia Acesso: 19 jul. 2023.
[2] Dom Murilo Sebastião Krieger. Disponível em www.a12.com/Academia/artigos/nossa-senhora-do-rosario- Acesso: 19 jul. 2023.
[4]Critérios (cf. GONZÁLES, C.I., S.I., Maria, evangelizada y evangelizadora – Mariología. Bogotá: CELAM, 1989):

Pe. Sílvio Firmo do Nascimento
Membro da Academia Marial de Aparecida – Ama
Vigário Paroquial da Paróquia Santuário Nossa Senhora de Nazaré – Nazareno
Diocese de São João del-Rei – MG
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O olhar da Mãe no caminho da cruz

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