Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 25 MAR 2019 - 17H27

Crer em Jesus é possuir já no presente a sua ressurreição futura

Ressurreição de Lázaro

5º Domingo da Quaresma
Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45

 

Entramos na última semana da Quaresma no calendário cristão. A Semana Santa está às portas! Apesar das dificuldades criadas pelos interesses, propósitos e ideias das pessoas materialistas, nosso espírito vive na e da fé. Iluminados pela fé buscamos uma nova sociedade, renovada, fraterna e sem tantas desigualdades sociais aberrantes! Como é a atual em que a diferença brutal de salário separa deputados, senadores e altos juízes da massa do povo. Povo que deveriam representar e servir honestamente

 

A Quaresma é tempo fértil, oportuno e favorável à conversão pessoal, à busca da graça e do perdão, à solidariedade e respeito com todas as pessoas.

Não existe força física ou moral, argumento científico ou racional, interesses de poder e dinheiro capazes de nos afastar intimamente de Deus e justificar a ausência dele e da sua vontade em nossa vida terrena. Não existe obstáculo que proíba ou impeça o crescimento íntimo no amor a Deus, na caridade fraterna, no real progresso do espírito em nós. A Quaresma é tempo fértil, oportuno e favorável à conversão pessoal, à busca da graça e do perdão, à solidariedade e respeito com todas as pessoas. Também com aquelas que nos criticam e descartam as posições da Igreja como atrasadas, medievais, contrárias às pesquisas da ciência. Ser contra o aborto, defender a constituição familiar contra as teorias de gênero é supostamente contrariar o avanço cultural e o progresso social. Muito ao contrário! O atraso da humanidade pode estar em pretendidas posições científicas. Aquilo que parece “científico” ou que é proposto como tal, pode mascarar o orgulho, a autoafirmação, a competição intelectual. Onde caduca a ética pouco importa atropelar as convicções mais profundas dos homens em todos os tempos. Exatamente as suas convicções religiosas! O sentimento de fé é tratado com desdém intelectual. Como se fora uma cegueira do ser humano a ser curada pelas luzes das ciências.

Não importa o juízo de quem quer que seja sobre o que nós, cristãos, cremos. Cremos em Jesus e que estamos participando de sua ressurreição. Ele é a luz! Ele nos “iluminou” no Batismo. Nele encontramos o sentido da vida. Isso nos basta! Há uma narrativa no Evangelho de São João que documenta de modo precioso a fé que a Igreja tem no Cristo ressuscitado desde os seus primórdios. Leia: João, cap. 11, 1-45.

São João não quer apenas narrar o milagre. Lázaro, Maria, Marta, os discípulos, os opositores judeus são todos personagens de um cenário com intenção catequética. O que importa é suscitar a fé em Jesus. A comunidade cristã de qualquer época está aqui representada por Lázaro, o ressuscitado e suas duas irmãs. Qualquer comunidade cristã viverá na insegurança, de mãos e pés atados como Lázaro que sai do túmulo, enquanto não fizer o ato de fé total: creio em Jesus que morreu e ressuscitou. Ele é o vencedor do pecado e da morte. Batizados nele, somos testemunhas de seu poder no mundo sujeito à angústia da morte.

 

No caso de Lázaro, Jesus é a fonte absoluta da vida.

Esta catequese primordial de São João torna-se mais clara para nós leitores hoje, se ligarmos este evangelho com os dois anteriores. Nos dois domingos anteriores lemos e comentamos o encontro daquela mulher samaritana com Jesus no poço de Jacó onde ela fora buscar água. Ele e ela tinham sede, mas foi Jesus que saciou no coração dela a sede da água viva: a do espírito, convertendo-a! Foi comentada também a cura do cego de nascença mendigando no caminho. Jesus passou, o viu, fez um pouco de lama com sua saliva e a passou nos olhos do cego. E mandou-o lavar-se nas águas de uma piscina de nome Siloé, palavra que significa: o Enviado! O episódio da ressurreição de Lázaro é a terceira narrativa de João sobre o tema do Batismo. São três “sinais”, ou argumentos do evangelista para a comunidade crer em Jesus ressuscitado e aceitar o Batismo por ele. Constituem um retrato da vivência da fé, das convicções religiosas cristãs vividas desde os primeiros tempos da Igreja. O evangelista ajuda os candidatos ao batismo na adesão a Jesus. No caso da mulher samaritana, ele é apresentado como a água-viva: quem a beber nunca mais terá sede, ou seja, alcançará a felicidade de viver. No caso do cego de nascimento, Jesus o libertou da escuridão. Foi solidário e o apoiou quando o mendigo cego foi rejeitado intelectual, religiosa e socialmente pelos líderes do povo. E de fato, o evangelho ensina que Jesus é a Luz que abre aos homens um caminho seguro em meio ao mundo cheio de maldades e dúvidas, apesar das conquistas da Ciência. No caso de Lázaro Jesus é a fonte absoluta da vida. Como nós, ele recebeu a vida na carne humana mortal, mas fiel a Deus até as últimas consequências, foi recompensado, pois Deus o libertou dos mortos e o glorificou.

A Quaresma, mesmo ignorada no calendário civil, nos faz peregrinos em busca da libertação e vida plena pelo Espírito de Deus. Aonde a morte vem se instalando com as pesquisas que matam até os embriões no útero feminino, nós buscamos salvar com Jesus a vida em todos. Queremos chegar à sua ressurreição e já experimentá-la contra a atual cultura violenta que destrói a própria Criação. Nesse ano mariano, que a Mãe da Vida, Maria, invocada como padroeira do País, “desamarre” nossa gente da ganância dos exploradores políticos. Que liberte a sociedade dos túmulos da corrupção.

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