Por Allan Ribeiro Em Notícias

Ação missionária anima comunidades pelo Brasil

Seja nos grandes centros urbanos ou nas pequenas cidades do interior, há quase 120 anos as Santas Missões Populares Redentoristas têm feito chegar a diversas localidades o amor e a constante misericórdia de Deus. O trabalho dura cerca de quatro meses, mas deixa para a comunidade local o anseio de perpetuar a missão. Uma experiência pastoral intensa, que usa da evangelização vivencial para anunciar a Cristo.

O cortejo que conduz a Imagem de Nossa Senhora Aparecida é o prelúdio dos trabalhos dos missionários na localidade selecionada. Mas a comunidade organiza-se meses antes para vivenciar esse momento e ouvir atentamente ao que os padres e religiosos redentoristas têm a oferecer durante todos os dias da ação.

Essa atividade é um reforço para a pastoral local formada pela paróquia e pelas comunidades. As Missões têm como objetivo principal evangelizar grupos pastoralmente mais abandonadas, respondendo às urgências pastorais da Igreja no Brasil. Esse esforço é dirigido tanto à comunidade de modo geral, quanto a cada um em particular. E, toda ação toma como base a palavra de Jesus: Convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1,15).

Foto de: Arquivo C.Ss.R.

Santas Missões - Arquivo CSsR (1)

Encerramento das Missões Redentoristas em Monte Belo (MG)

 

Tudo começa com a visita da equipe de coordenação na paróquia. Depois, a Irmã missionária é apresentada à comunidade e a partir de então começa a executar o cronograma da missão com os membros da paróquia. A Missão Redentorista envolve o pároco, os paroquianos, os redentoristas e as irmãs missionárias.

“As Missões Redentoristas pregam a união da Igreja, como um corpo inseparável da Santíssima Trindade; pregam contra todo aquele espírito que separa ou distancia do amor único de Deus”, ressalta o Conselheiro Provincial das Santas Missões Redentoristas da Província de São Paulo (SP), padre Denis Francisco.

Dessa maneira, visa-se a revigorar a fé do povo de Deus, ameaçada pelas filosofias ou pensamentos da inexistência de Deus, que é condenada pelo individualismo social que assola o espírito de viver e crescer em comunidade.

Contudo, a missão acontece na atuação dos leigos dessas comunidades que são a engrenagem fundamental dessa ação. Sem o protagonismo de cada um deles, o trabalho missionário não pode acontecer. A contribuição das Santas Missões para a Igreja parte da segurança e da certeza da fé que redentoristas deixam revigorada no coração e na consciência do fiel.

Além do engajamento de quem já é atuante na Igreja, as Missões despertam os olhares daqueles que estão fora desse perímetro. “Ninguém deixa de apreciar a Missão Redentorista, pois, mesmo aqueles que de alguma forma não participam, devido a diversos motivos, acabam participando porque a Missão envolve toda a cidade”, afirma padre Denis Francisco.

Mais de um século de evangelização

Todo esse processo de evangelização atravessou o século 19. O início dos trabalhos foi árduo. Os primeiros missionários foram alemães, vindos da Baviera, no ano de 1894. Um grupo de seis concentrou-se em Aparecida (SP) enquanto outro com o mesmo número viajou a cavalo para Trindade (GO). Os missionários que se fixaram no interior paulista foram os precursoresercussores e organizaram a primeira Missão na cidade de Areias (SP).

Foto de: Arquivo C.Ss.R.

Santas Missões - Arquivo CSsR (2)

Os trabalhos são conduzidos em quatro fases durante a missão

 

De lá para cá, as Missões foram crescendo e sucederam-se initerruptamente. Centenas de cidades já vivenciaram esta experiência missionária ao longo dos anos. Os trabalhos puderam transformar comunidades de quase todos os estados do Brasil.

Foram muitos os grandes pregadores e arrebanhadores de multidão, que conquistaram com o jeito simples e popular o coração humilde e sofredor do povo de Deus. Entre eles está padre Vítor Coelho que marca profundamente a história dos redentoristas da Província de São Paulo. O religioso, que levava sempre consigo a Imagem de Nossa Senhora Aparecida – hábito praticado até os dias de hoje nas comunidades visitadas – revigorou os trabalhos das Santas Missões.

Histórias únicas

A cada missão, uma história singular pode ser contada. São experiências vivenciadas não só por quem acolhe, mas também por quem leva a Boa-Nova. Entre as inúmeras vividas, padre Denis destaca a de Monte Belo (MG). O desejo de receber a missão não partiu do pároco, como geralmente ocorre, mas de uma senhora da comunidade.

Para concretizar a ideia de trazer os redentoristas para o município, a mulher fez economias pessoais. Antes de falecer, manifestou aos filhos a vontade do coração. A senhora já havia participado de diversas Missões e viu como a experiência havia revigorado o coração dos participantes e o dela próprio.

Depois da morte da moradora, os herdeiros procuraram o pároco da cidade e decidiram promover a ação missionária na cidade. A recepção foi calorosa, com vivas e fogos de artifício, com cantos ecoados e convidativos para aquele momento.

“Eu me senti mais evangelizado do que nunca ao ver o povo se reunindo com velas nas mãos, iluminando a pracinha do distrito de Santa Cruz, vindos dos seus setores missionários. Só de ver a alegria do povo nas Missões, o coração do missionário balança de alegria e de convicção, de que de fato foi enviado pelo Espírito Santo”, frisa o redentorista.

Foto de: Arquivo C.Ss.R.

Santas Missões - Arquivo CSsR (3)

Missões organizadas na cidade de Carangola (MG)

 

Fases da Missão

A partir do momento que uma localidade é definida para acolher as Santas Missões Redentoristas, começa o trabalho de organização. Esse processo de estruturação é definido em quatro partes. Cada uma delas tem importância fundamental para o sucesso da Missão que consiste na participação ativa das comunidades e na partilha profunda de vida, ensinamentos, pensamentos e orações no entorno da experiência pessoal de cada um com Cristo.

A primeira das fases é o processo de setorização, que consiste em visitar as famílias para a realizar o anúncio da Missão. Uma irmã missionária, com a ajuda dos agentes pastorais da paróquia e da comunidade, percorre as ruas da cidade realizando uma contagem de casas e uma pesquisa de campo. A partir daí, tem-se o número de famílias católicas para o planejamento da ação evangelizadora na fase seguinte.

Em uma primeira reunião são definidas lideranças locais e colaboradores da Igreja. Nesse momento, a irmã explica, de maneira clara, as quatro fases da Missão e, sobretudo, a importância dos coordenadores de setor e seus auxiliares. Em seguida, a religiosa apresenta como vai coordenar o levantamento sociorreligioso e a formação dos setores, mostrando e explicando as fichas.

O pároco, pessoalmente ou representado por outra pessoa, é chamado a estar sempre disponível, providenciando condução para levar a irmã às comunidades. Além disso, ele deve fornecer as informações e materiais necessários para a realização do trabalho. Nessa fase, o principal empenho deve estar na escolha dos coordenadores e auxiliares dos setores. Eles não serão apenas colaboradores, mas sim sujeitos ativos da missão.

A próxima etapa é conhecida como missão de visitação, em que as famílias evangelizam umas às outras. Durante 30 dias, os grupos reúnem-se em oração tendo como subsídio o livro Missão na Família. Nessa fase são escolhidos coordenadores e auxiliares que responderão por esses grupos. Nesse momento serão envolvidas não apenas famílias, mas também outros ambientes especiais, como condomínios, escolas e meios de comunicação.

Em um fim de semana pré-determinado, alguns missionários chegam para visitar e animar as comunidades, além de organizarem tudo para que assim possa se colher todos os bons frutos dessa segunda fase. A comunidade prepara no período a confecção do cruzeiro, símbolo da Missão, entre outros detalhes práticos.

Foto de: Arquivo C.Ss.R.

Santas Missões - Arquivo CSsR (4)

Passeata com as crianças pelas ruas da cidade Poté (MG)

 

Nesse tempo, o coordenador da missão e a missionária aprontam o programa a ser impresso, confirmam as datas das missões, o número de missionários e tudo o mais necessário para haver tranquilidade entre todas as partes.

Já a terceira fase é definida pela evangelização dos missionários redentoristas já na comunidade local. O número de missionários varia de acordo com o tamanho e a realidade da paróquia. Geralmente, entre 10 a 20 dias, a comunidade recebe atividades, como pregações, atendimento, procissões penitencias, missas missionárias e visitas aos doentes. No primeiro domingo ocorre a carreata com a Imagem de Nossa Senhora Aparecida, divulgando toda a missão.

Por fim, a última fase é marcada pela missão permanente. É o tempo da perseverança e do agir missionário. Os grupos missionários continuarão evangelizando as famílias por meio dos setores que estão inseridas, sendo fiéis e leais a causa do Reino de Deus. Com a ajuda do pároco, os coordenadores e auxiliares, enquanto missionários leigos, continuam reunindo-se periodicamente nas casas. A partir de então, devem continuar perseverantes na oração, no testemunho, na formação, sobretudo, continuadores da misericórdia divina.

Os trabalhos não terminam por aí. Faz parte do carisma específico da Missão Redentorista o retorno, uma ou mais vezes, de alguns missionários para reanimar os setores e as mesmas comunidades, de acordo com as necessidades e o interesse dos párocos.

Missão Redentorista na minha comunidade

O pároco que desejar a realização das Santas Missões Populares Redentoristas em sua paróquia deve fazer o pedido por escrito ao Conselho Missionário. O pedido será analisado atenciosamente na reunião missionária e, sendo aceito, entrará na lista dos pedidos. Em seguida, o pároco receberá uma ficha para preencher.

A Província Redentorista de São Paulo possui três equipes missionária liberadas exclusivamente para a pregação das Santas Missões Populares Redentoristas, com sedes nas cidades de Tietê (SP), Araraquara (SP) e São João da Boa vista (SP). Ao todo, 24 missionários redentoristas entre padres e irmãos delegados dedicam-se às atividades.

Foto de: Arquivo C.Ss.R.

Santas Missões - Arquivo CSsR (5)

Comunidades recebem atividades, como pregações, atendimento, procissões penitenciais, e missas missionárias

 

Um Conselho Missionário, formado pelos coordenadores das três equipes, encarrega-se de encaminhar os pedidos de missões do território da província, formado pelas dioceses e paróquias do Estado de São Paulo e Sul de Minas. A princípio, nenhum pedido é recusado, mas pode ser protelado por razões diversas ou urgências pastorais.

Sempre ao fim de cada ano as esquipes missionárias escolhem as cidades ou paróquias que poderão receber as missões no ano seguinte, fazendo uma lista de pré-selecionadas.

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