Os 200 anos da independência do Brasil nos dá oportunidade de refletirmos sobre a contribuição da Igreja católica na história do país. No especial do A12 ‘Os 200 anos da Igreja na independência’ traz a fala e a história de vários personagens que contribuíram para esse processo de emancipação.

Código Personalizado












8 DE MARÇO DE 1808
Chegada da Família Real ao Rio de Janeiro
Frei António de Arrábida
O frei português António de Arrábida foi um importante conselheiro de Dom João VI e, depois, de seu filho Dom Pedro I. Além disso, Frei Arrábida foi tutor e crismou Dom Pedro II. Sua presença e influência eram tamanhas que o religioso fez parte da Caravana Real que cruzou o oceano rumo ao Rio de Janeiro.
1808
Dom João VI
Depois da chegada de Portugal, o primeiríssimo momento do príncipe regente, Dom João VI, foi ir à missa! Ele e toda a Família Real se reuniram na então Sé Catedral do Rio de Janeiro, a igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos.
1808
Dona Maria I
A rainha, dona Maria I, era uma piedosa frequentadora da igreja de Nossa Senhora do Carmo. O fato de ela ir à missa todos os dias, sempre acompanhada de suas inúmeras damas, chamou a atenção dos cariocas que, muito brincalhões, criaram o ditado “Maria vai com as outras”.
1808












9 DE JANEIRO DE 1822
Dia do Fico
Frei Sampaio
Frei Francisco de Santa Teresa de Jesus Sampaio foi um franciscano residente no convento de Santo Antônio e era considerado, à sua época, a pessoa mais intelectual do Rio de Janeiro. Sua intelectualidade foi imprescindível para aconselhar o futuro imperador do Brasil, Dom Pedro I, a ficar no país.
1822
Dom Pedro I
“Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto: digam ao povo que fico!” - esta famosa frase dita pelo príncipe regente, Dom Pedro, foi inicialmente idealizada por um grande conselheiro seu, o frei Sampaio.
1822












19 DE FEVEREIRO DE 1822
A mártir da independência
Irmã Joana Angélica
Os movimentos pró-independência aconteciam por várias províncias. Na Bahia, os soldados portugueses estavam praticamente sitiados em Salvador e, rebelando-se, invadiram diversas propriedades. Na tentativa de invadir o convento da Lapa, depararam-se com a madre Joana Angélica, que defendia o convento e as demais religiosas. A irmã foi atingida por um golpe de baioneta e, por sua bravura, é considerada uma heroína da nossa independência.
1822












19 DE AGOSTO DE 1822
A mártir da independência
Parada de Dom Pedro em Aparecida
Indo do Rio de Janeiro para São Paulo, Dom Pedro fez uma breve parada na “Capela da Santa”, que abrigava a imagem encontrada no Rio Paraíba do Sul e ali, o príncipe regente fez sua oração. Teria ele pedido a intercessão de Nossa Senhora para realizar a independência do Brasil? Isso não se sabe, mas é certo que Dom Pedro teria dito que consagraria o Brasil à Nossa Senhora Aparecida, fazendo dela sua padroeira. Curiosamente, Dom Pedro I nasceu no dia 12 de outubro, mesmo dia de sua aclamação como imperador e mesmo dia em que celebramos a padroeira.
1822












7 DE SETEMBRO DE 1822
A mártir da independência.
O primeiro imperador se encontra com o futuro primeiro santo.
Dona Leopoldina
Aquele mesmo frei Sampaio, que convenceu Dom Pedro a ficar no Brasil, também aconselhou a então princesa regente, Dona Leopoldina, a romper definitivamente com Portugal. Escutando os conselhos do frei, a princesa redigiu uma carta que foi enviada ao marido, Dom Pedro, que estava em São Paulo. Após receber a carta, o príncipe teria gritado “independência ou morte” às margens do rio Ipiranga, gesto que entrou para a história como a independência do Brasil. Feito isso, a agora imperatriz Leopoldina se tornava a primeira mulher a governar o Brasil.
1822
São Frei Galvão
Especula-se que, na noite de 7 de setembro de 1822, após dar o “grito do Ipiranga”, Dom Pedro I teria se encontrado, no Mosteiro da Luz, em São Paulo, com o frade franciscano, Antônio Galvão. Curiosamente era o encontro do primeiro imperador brasileiro com aquele que se tornaria o primeiro santo nascido no Brasil.
1822












7 DE ABRIL DE 1831
Criado por religiosos
Dom Pedro II
O imperador Dom Pedro I precisou abdicar do trono brasileiro e retornar a Portugal. Seu filho e sucessor natural, Dom Pedro II, tinha apenas cinco anos nessa ocasião.
1831
Dom Pedro II
Para se tornar um exímio governante, o pequeno príncipe teve uma educação cuidadosamente pensada por seus tutores, dos quais a maioria eram religiosos, tais como Frei Arrábida e Frei Santa Mariana.
1831












12 DE OUTUBRO DE 1835
O padre que governou o Brasil
Padre Feijó
O padre Diogo Antônio Feijó foi um importante político durante o Império do Brasil. Foi deputado, senador e ministro da Justiça. Entretanto, seu principal cargo foi o de regente do Império durante a menoridade de Dom Pedro II, que, trocando em miúdos, significa que ele governou todo o país naquele tempo. O mais curioso é que ele foi eleito para tal cargo, portanto, pode-se concluir que um padre foi o primeiro chefe do poder executivo devidamente eleito no Brasil.
1835












7 DE DEZEMBRO DE 1868
Isabel visita Maria
Princesa Isabel
“Na Bíblia, Maria visita sua prima Isabel. Aqui, a princesa Isabel visitou a Rainha, Nossa Senhora Aparecida”. Foi com estas palavras que a historiadora Tereza Pasin descreveu a visita da princesa Isabel e seu marido, Conde d’Eu, à capela da Santa, em Aparecida. O motivo da visita foi uma promessa que a princesa fez a Nossa Senhora para poder engravidar e, assim, dar um herdeiro ao trono do Brasil. Mais tarde, Isabel de fato engravidou, e como forma de agradecimento presenteou Nossa Senhora com uma coroa, a mesma que está na cabeça da imagem até hoje.
1868
Dom Vital
Uma queda de braço aconteceu no início da década de 1870. De um lado, documentos papais proibiam os católicos de se alinharem à maçonaria. Do outro lado, o governo imperial não outorgava tais recomendações vindas do Vaticano. Nesse momento se destacam os bispos de Olinda e Recife e de Belém, Dom Vital e Dom Macedo, respectivamente.
1874
Dom Macedo
Eles se recusaram a seguir as decisões do Rio de Janeiro e consideraram as posições do papa. Naquela época, os clérigos eram funcionários públicos e deviam obediência ao imperador. Como os bispos citados se recuram a obedecê-lo, eles foram presos e isso chocou os fiéis e a Igreja como um todo. Tudo isso acarretou numa crise entre a Igreja e o Império. Essa crise se somou à outras e tudo culminou no fim da monarquia no Brasil em 1889.
1874












1931
A Rainha e o Redentor
Cristo Redentor
O ano de 1931 foi muito importante para a devoção brasileira. Primeiramente, em maio, Nossa Senhora Aparecida foi proclamada padroeira do Brasil, numa cerimônia belíssima no Rio de Janeiro. Depois, em outubro, o monumento do Cristo Redentor finalmente foi inaugurado no alto do Corcovado e tão logo se tornou o cartão postal mais conhecido do Brasil no mundo inteiro. Ou seja, além de ser um importante símbolo cristão, construído e mantido pela Igreja Católica, é também o maior símbolo brasileiro.
1931
Getúlio Vargas
O militar gaúcho, Getúlio Dorneles Vargas, quando perguntado sobre sua fé, dizia ser agnóstico. Entretanto, encontrou na Igreja Católica uma grande aliada para dar credibilidade e legitimar o golpe encabeçado por ele em 1930. Obviamente ele se aproveitou da proclamação de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil e da inauguração do monumento do Cristo Redentor para atrair para si a atenção da população católica que, naquela época, era quase a totalidade da população, além da boa relação com o clero.
1931












21 DE ABRIL DE 1960
O sonho de Dom Bosco
São João Bosco
Muito antes de Juscelino Kubitschek ou Oscar Niemeyer, um padre italiano já sonhava, literalmente, com Brasília. Quase um século antes da construção do Plano Piloto, São João Bosco registrou que sonhara com uma cidade, entre os paralelos 15° e 20°, nascida do seio de um grande lago, e que ali haveria uma riqueza impressionante. Ele não citou Brasília, mas em 1960, a nova capital do Brasil foi inaugurada justamente entre os paralelos sonhados por Dom Bosco, às margens do lago artificial Paranoá.
1964 - 1985
Juscelino Kubitschek
Não se sabe se o presidente Juscelino Kubitschek tinha conhecimento sobre o sonho de São João Bosco, mas há relatos de que religiosos salesianos o influenciaram em sua carreira e que insistiram para que o templo na Esplanada dos Ministérios (que a princípio seria ecumênico), fosse dedicado à Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. E assim foi feito. Hoje a Rainha do Brasil tem sua catedral no coração da capital federal.
1964 - 1985












1964 - 1985
Ditadura Militar
Frei Tito
Símbolo de resistência contra a ditadura militar foi o frei cearense Tito de Alencar, preso por duas vezes por se associar à UNE (União Nacional dos Estudantes) e à ALN (Ação Libertadora Nacional). Na prisão, foi torturado e escreveu sobre suas torturas. Depois disso, foi expulso do Brasil e se exilou no Chile, na Itália e na França.
1964 - 1985
Dom Adriano Hipólito
Durante os anos em que o Brasil viveu uma ditadura militar, várias liberdades individuais foram cerceadas e, por causa de seus pensamentos, muitas pessoas foram perseguidas. Um exemplo de perseguição e tortura aconteceu com o bispo de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, Dom Adriano Hipólito. Em 1976, o frei foi sequestrado, torturado e abandonado em uma estrada. E mesmo sendo perseguido, Dom Adriano teve a coragem de criar a Comissão de Justiça e Paz na Baixada Fluminense.
1964 - 1985
Padre Vítor
Conhecido como o “Apóstolo de Aparecida”, padre Vítor Coelho de Almeida foi um exímio comunicador cristão no Brasil e, por meio das ondas da Rádio Aparecida, fez chegar a boa parte do Brasil sua mensagem evangélica e devocional à Nossa Senhora. Entretanto, o padre foi censurado e a rádio foi obrigada a ficar 24 horas fora do ar, depois de o missionário ter lido e comentado sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esta foi a única vez em que a Rádio Aparecida ficou fora do ar por motivos não-técnicos.
1964 - 1985












Anos 80
Redemocratização
Dom Paulo Evaristo Arns
Na contramão do que aconteceu com outros confrades, Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo de São Paulo, não foi perseguido, muito menos torturado. Pelo contrário. Ele oferecia refúgio para perseguidos políticos e servia de escudo para eles contra os perseguidores. Figura de notoriedade internacional, Cardeal Arns foi um grande articulador e, junto de outras figuras religiosas, como o rabino Henry Sobel, celebrou na Catedral da Sé um ato ecumênico em memória do jornalista Vladmir Herzog. Além disso, promoveu, na mesma praça da Sé, diversos atos a favor da volta da democracia no Brasil, sendo o mais conhecido deles o comício pelas “Diretas Já”, de 1984.
Anos 80
Dom Hélder Câmara
Arcebispo de Olinda e Recife, o franciscano Hélder Câmara foi uma “pedra no sapato” do regime militar, por divulgar em seus meios de comunicação críticas ao sistema, ao mesmo tempo em que promovia uma mensagem de não-violência. Por conta disso, foi censurado e teve o acesso aos meios de comunicação negado. Dom Hélder foi maldosamente apelidado de “o bispo vermelho” e, apesar da censura, a notoriedade de Dom Hélder não foi abalada, tornando-o o brasileiro mais vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz (em quatro ocasiões).
Anos 80












Atualidade
A Igreja contemporânea
Santa Dulce dos Pobres
Primeira santa nascida no Brasil, irmã Dulce teve um papel crucial em questões sociais de seu tempo, principalmente na Bahia, onde viveu. Foi fundadora do primeiro movimento cristão operário daquele estado, o União Operária São Francisco. Com o passar dos anos, fez de um simples galinheiro, no convento onde morava, um hospital que é a referência da sua filantropia. Em 1980, recebeu uma bênção especial do papa São João Paulo II e também foi indicada ao Nobel da Paz.
Atualidade
Dra. Zilda Arns
Pediatra catarinense e irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, doutora Zilda Arns foi uma das responsáveis pela fundação da Pastoral da Criança, movimento da Igreja Católica que, em quase 40 anos de existência, já deu assistência a milhões de crianças subnutridas em todos os municípios do Brasil e se expande por outros países da América do Sul. Doutora Zilda Arns morreu em 2010, enquanto fazia missão no Haiti, vitimada por um terremoto que atingiu aquele país. Seu processo de beatificação está em andamento.
Atualidade
Padre Júlio Lancellotti
O pároco da paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, em São Paulo, tem ganhado visibilidade nacional nos últimos anos por conta de seu empenho social, principalmente ao alimentar e orientar os moradores em situação de rua, dependentes químicos e minorias. O padre paulistano carrega polêmicas por suas ferrenhas críticas à política nacional.
Atualidade

Arquivo pessoal

Reportagem: Alessandro Cardoso
Imagens e edição: Alessandro Cardoso/ Gustavo Cabral
Fotografia: Gustavo Cabral
Ilustrações: Alicia Teberga e Maria Alice Figueira

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