Por Pe. José Carlos Pereira Em Artigos

A fé

“A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera”, diz Paulo, apóstolo, na Carta aos Hebreus (11,1). E o Papa Francisco afirma: "penso na fé firme de mães ao pé da cama do filho doente, que se agarram a um terço ainda que não saibam elencar os artigos do Credo" (Evangelii Gaudium, n.125). A fé move montanhas, diz outra passagem bíblica (Mc 11,23).

Não importa como você acredita, o que importa é que você acredite, tenha fé e tudo será possível, porque para Deus nada é impossível. Existem muitas maneiras de acreditar, de ter fé. Uns a tem rezando, orando nas suas mais diversas formas e modalidades de oração. Outros, simplesmente acreditam, sem explicar nada, porque fé, crença, não se explica. É perda de tempo racionalizar a fé. Ela não vem da razão, da mente, mas do coração, que transcende a razão. A fé é metafísica e não física, embora a sintamos fisicamente.

Deus não se explica, mas se crê. Quem gosta de explicar, racionalizar Deus são os teólogos. Teólogos são teóricos de Deus, discutem o indiscutível, mas nem sempre creem em Deus. Falar sobre Deus não significa acreditar em Deus. Podemos ter teorias belíssimas sobre Deus, mas não acreditar em Deus.

Já os poetas não, eles revelam Deus, por isso eu acredito que os poetas são mais teólogos que os teólogos. Toda oração é uma poesia que toca o coração de Deus. Se assim não fosse, não existiriam os Salmos. Eles são poesias puras, por isso são teologias no sentido estrito do termo. A fé não precisa tanto de teologia, a fé precisa mais de poesia.

Como diz o Papa Francisco, "na carga imensa de esperança contida numa vela que se acende, numa casa humilde, para pedir ajuda a Maria, ou nos olhares de profundo amor a Cristo crucificado" (idem), não exige explicações teológicas, exige fé e um espaço teológico. Gaston Bachelard observa no seu livro, A chama de uma vela, que "parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxuleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis". Quando se acende uma vela para a oração, ela ilumina os recônditos mais profundos da alma, os cantos mais sombrios; cantos que toleram apenas essa chama amena que não ofusca o olhar do coração, porque o coração, como diz Bachelard, gosta de valores frágeis. A oração diante da chama de uma vela pode parecer um valor frágil aos olhos humanos, mas é muito forte perante Deus.

É a fé que move multidões em busca de Deus e remove as dúvidas e incertezas da presença dele em suas vidas. As pessoas mais simples nos ensinam mais sobre a fé. Diz ainda o Papa Francisco: "as expressões da piedade popular têm muito que nos ensinar e, para quem as sabe ler, são um lugar teológico a que devemos prestar atenção..." (idem, n. 126). Quem tem fé, mesmo que pequena como um grão de mostarda (Mt 17,20b), segue adiante, ainda que não tenha clareza das situações.

Padre José Carlos Pereira, CP é sociólogo e escritor de mais de 50 livros

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Pe, José Carlos Pereira
Pe. José Carlos Pereira

Sociólogo e escritor de mais de 50 livros

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