Vivemos numa época em que renasce a fascinação pela pompa e por tudo o que é apoteótico. A maioria dos rapazes e das moças é seduzida por tudo o que é esplêndido. Ídolos da música, do cinema, do esporte ou das religiões são cada vez mais endeusados. A sociedade realmente está se tornando estruturalmente imagética, afinal, as imagens têm um forte poder de hipnose sobre o nosso cérebro.
Talvez seja essa a explicação para o fenômeno que volta a rondar a Igreja Católica: o fascínio pela pomposidade. O que mais encanta uma minúscula parcela de nossos fiéis católicos é o requinte das vestes dos clérigos, e não o sermão que ele profere sobre Jesus; muito menos o testemunho cristão que ele vive.
Muitas dessas pessoas não conseguem sequer dedicar dez minutos de sua vida para uma obra social, para uma visita aos doentes, para um diálogo aberto e fraterno com os irmãos e irmãs, para participar de uma pastoral na sua comunidade. Mas dedicam metade de seu tempo atacando virulentamente gente desconhecida na Internet, aproveitando-se da distância e do anonimato. É uma pequena porção da Igreja (e barulhenta) que ressuscita a cada dia o farisaísmo, e luta veementemente para estragar tudo o que Jesus Cristo tentou estabelecer.
Para eles, o ecumenismo, a tolerância com o próximo e a misericórdia são assuntos inventados por Satanás, visando somente à destruição de nossa Igreja. Aqueles que pregam a paz e a misericórdia são pejorativamente chamados de ursinhos carinhosos, que vivem no mundo do algodão doce. Essas pessoas ficam mais escandalizadas com os erros litúrgicos do que com a carência e a pobreza de sua comunidade local.
Tripudiam da misericórdia, do perdão, do acolhimento, do amor, da fraternidade, da tolerância, do respeito, mas veneram a pompa, e idolatram as cáligas, os galeros, os manípulos, as murças, as tiaras papais e as casulas romanas. O Cristo Jesus, na visão desses católicos, somente tem sentido se vier acompanhado pelas pompas e pelo luxo, pelas pedras preciosas e pelo pó de ouro. O Cristo que se esvaziou de si mesmo, morrendo numa Cruz, abandonado por quase todos, fala muito pouco a esses ouvidos.
Rezemos por nossa Igreja, para que esse pequeno grupo fissurado no fausto e na magnificência seja sempre essa minoria irrelevante e barulhenta, afinal, se a grande maioria dos católicos ainda consegue beijar o Cristo ensanguentado, que continua ressuscitado na Eucaristia, e amando os mais fracos e abandonados da sociedade, podemos respirar tranquilamente, pois o seu Projeto de Salvação está sendo posto em prática!
Padre José Luís Queimado, C.Ss.R., é diretor do Portal A12.com
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