Que a economia brasileira anda patinando, em meio a sua desaceleração constante, já não é novidade para ninguém! Segundo dados do IBGE, a economia, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), encolheu 0,6% no 2º trimestre em relação aos três meses anteriores. Com dois trimestres seguidos de resultado negativo, os especialistas afirmam termos entrado numa recessão técnica.
Em meio a este panorama, existe um setor no Brasil que representa hoje 20% do PIB, segundo o Ministério da Agricultura: o agronegócio, setor mais competitivo da economia nacional.
Ainda segundo o Ministério da Agricultura, o agronegócio representa 41% das exportações brasileiras atuais e emprega, direta ou indiretamente, cerca de 30% do pessoal ocupado no país. Todos estes fatores contribuem para que o setor seja um dos mais cobiçados por investidores estrangeiros.
Mas, o que de fato tem permitido que o agronegócio venha nadando contra a corrente e, ao contrário dos demais setores, continue crescendo em termos de produtividade? A resposta pode estar no grande salto que esta esfera deu nas últimas três décadas, permitindo que ela ganhasse estabilidade e continuasse a crescer, mesmo no cenário atual. Um dos responsáveis por isso está no próprio avanço tecnológico, que conseguiu produzir muito mais com a mesma área cultivada, caso contrário, o Brasil não colheria a safra atual.
Todavia, nem tudo são rosas e, apesar do agronegócio estar à frente dos demais setores, poderia avançar muito mais. Um dos grandes problemas enfrentados por esta esfera é a falta de mão de obra qualificada.
Soma-se a isso a expansão populacional das grandes metrópoles, graças também à migração de muitas pessoas oriundas do campo que vão para as cidades trabalhar, especialmente no setor de serviços – até mesmo pelo fato deste setor não exigir as mesmas qualificações que a mão de obra no campo exige – um dos responsáveis pela queda na taxa de desemprego.
Para lidar com isso já existem empresas que oferecem cursos de capacitação profissional nas áreas rurais, de modo a atrair cada vez mais mão de obra, e bem remunerada, mas esta solução precisa ser muito mais expandida. Há ainda a questão da falta de investimentos em infraestrutura e logística, implicando na deficiência de portos, ferrovias e rodovias, dificultando assim as exportações. Ou seja, se o agronegócio já está à frente dos demais setores, imagina como não estaria se tais entraves, que o impedem de avançar muito mais, fossem resolvidos.
Mariana da Cruz Mascarenhas é jornalista, articulista e crítica de economia e cultura
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