Por Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. - Jornal Santuário Em Artigos

Anonimato na internet

Quem nunca sonhou em ser invisível e fazer muitas coisas sem ninguém perceber? Muitos de nós! Mas o que aconteceria se isso se tornasse realidade? Podemos tirar algumas conclusões analisando as consequências provindas de uma das formas que mais se aproximam da invisibilidade: o anonimato, que foi sempre uma espada de dois gumes na História.

Algumas formas de anonimato que podem ser percebidas hoje são benéficas à sociedade. A polícia, por exemplo, depende muito de denúncias anônimas para evitar crimes e combater sujeiras da sociedade. Por isso, esse tipo de invisibilidade é essencial para o crescimento da comunidade humana. O anonimato, como direito inalienável de cada ser humano, é essencial para salvaguardar nossa privacidade, haja vista o desespero vivido pelas celebridades por terem perdido o seu ser anônimo.

Por outro lado, ele também fez estragos na História. A perseguição às bruxas nos séculos 15,16 e 17, aconteceu por causa das acusações criminosas, e do desprezo ao direito de defesa do réu. Os delatores de má fé usavam motivos pífios para eliminar os inimigos. E os acusados (maioria mulheres) jamais saberiam quem foram seus acusadores: um anonimato destrutivo.

Hoje, a Internet começa a se assemelhar àquele ambiente de caça às bruxas. Anônimos destroem a dignidade e a honra de pessoas que mostram a cara. Ofensas gratuitas que seriam consideradas crimes na vida social são permitidas na vida virtual. O sentimento de invisibilidade de muitos internautas dá a falsa tranquilidade para que possam proferir injúrias, acusações e ameaças a torto e a direito.

Geralmente, atrás do computador se encontra alguém covarde e machucado, que não consegue se relacionar com as pessoas reais, ou se encontram seres mascarados, que são atenciosos e bondosos na vida familiar e social, mas que soltam as bestas internas ao entrar no seu personagem anônimo.

Cada vez mais, o espaço que era para informar e formar torna-se um ringue de galos anônimos e de fakes (perfis falsos). Rinhas entre católicos e evangélicos, entre brasileiros e portugueses, entre amantes do funk e do rock, entre paulistas e gaúchos, entre nordestinos e sulistas, entre negros e brancos, entre homossexuais e homofóbicos, entre gordos e magros, entre fans e haters, entre amantes de gatinhos e de cachorrinhos, entre pessoas que digladiam até à morte da dignidade na plataforma on-line.

É venerável tudo o que vier para coibir esses crimes inaceitáveis neste ambiente que é patrimônio e conquista da humanidade, inclusive a punição das plataformas que permitem esses crimes. Acusações e falsos testemunhos têm de ser provados no tribunal, por isso, a sociedade não deve se render a esses furacões invisíveis que destroem a honra e a dignidade de muita gente boa que doa a sua vida para melhorar a Internet. É importante que cada internauta exija seu direito inalienável de liberdade e de integridade moral, mas não se esqueça da responsabilidade de seus atos e de suas consequências.

Padre José Luís Queimado, C.Ss.R., é diretor do Portal A12.com

 

Escrito por:
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. (Arquivo Santuário Nacional)
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. - Jornal Santuário

Redentorista, formado em Filosofia e Teologia. Pesquisador das Sagradas Escrituras e História. Acumulou experiência nas Missões Populares e no Santuário Nacional de Aparecida.

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