Em tempos de pós-modernidade, ou como diz Bauman, “sociedade líquida”, percebe-se a profusão dos meios de comunicação. Se antes só podíamos nos comunicar pessoalmente, por meio de uma carta, um telegrama ou um telefonema, agora podemos nos comunicar por meio de e-mail, fóruns, chat, facebook, skype, wathsapp, imo e tantos mais. Meios não faltam, a maioria deles instantâneos, ou seja em milésimo de segundo eu envio e recebo uma mensagem.
Aqui cabem duas questões: a primeira, o que tanto comunicamos, que conteúdo transmitimos nesses meios? A segunda, o que esperamos ao transmitir uma mensagem?
A primeira questão podemos abordá-la em um outro artigo, dada a sua complexidade e extensão. A segunda vamos discutir pelo viés do óbvio. Quando transmitimos uma mensagem é claro que esperamos uma reação, uma resposta das pessoas para as quais enviamos a mensagem. Como tudo é instantâneo, assim que envio já fico à espera da resposta e quando enviamos para várias pessoas, ficamos à espera de várias respostas. Se elas vêm ficamos satisfeitos pelo retorno imediato, se elas demoram a vir ou não vêm ficamos ansiosos, tão ansiosos que podemos até sentir uma certa paralisia em função de outras coisas que poderíamos realizar. O celular na mão ou o olho na tela do tablet ou do computador nos imobiliza na ação de realizar outras tarefas enquanto o retorno não vem.
Se ampliamos isso para um número significativo de mensagens enviadas, essa ansiedade pode ser multiplicada pelo número destas mensagens que enviamos. Resultado: ficamos presos a esta engrenagem e a vida perde o seu curso, ficamos estagnados.
Pode parecer algo insignificante, mas a sensação emocional que isso causa dentro da pessoa pode ser mais do que uma simples ansiedade em ter de volta um retorno. Isso pode causar prejuízos na relação, cobranças, prisão do outro e de si próprio. Pior ainda quando é preciso lidar com o retorno nada esperado, quando apenas retorna uma palavra, um emoticon, aquelas carinhas com significados duvidosos que se envia nas redes sociais. Uma palavra mal colocada, impensada ou despretensiosa, pode gerar um turbilhão de sensações, emoções e ações em cadeia. O sofrimento parece certo.
Outra vez se ampliamos isso para centenas de mensagens que recebemos como retorno imagine como fica a cabeça e a sensibilidade de quem recebe.
Administrar a necessidade e o vício das comunicações instantâneas parece ter se tornado urgente e imperativo. Corremos o risco de adoecer quando na verdade a comunicação deveria nos tornar sempre mais saudáveis.
Padre Pedro Cunha é sacerdote da diocese de Lorena (SP), fundador das Aldeias de Vida, professor universitário e apresentador
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