Por Miguel Júnior Em Artigos

Dom Juan Apaixonado

Dom Juan sempre foi um galanteador. Gabava-se de ter conquistado o coração de mais de mil mulheres em todos os lugares por onde andou. Suas características peculiares de convencer “as fêmeas” tornaram-se famosas. O homem misterioso seduzia todas as que cruzassem seu caminho. Não havia uma sequer que resistisse aos seus encantos.

Mil mulheres ou mais. Isso mesmo. Talvez os homens de um vilarejo inteiro, juntos, não alcançariam tão exagerada marca. Pode ser que tal feito seja um sonho de quase todo macho. É libertinagem que não acabava mais.

Ele considerava que o ato da conquista era de fundamental importância para que a águia agarrasse o coelho e não o soltasse mais. O grande problema é que quase todas as mulheres se apaixonavam por ele; e ele tinha isso como um troféu. Cada mulher tornava-se um prêmio diferente e portentoso. Como medalhas, elas eram guardadas nas suas lembranças.

As andanças continuavam e, num dia qualquer, quase na hora de dormir, a mente do mestre das conquistas foi invadida pela imagem de uma moça linda, “cabelos negros como a asa da graúna e mais longos que o talhe da palmeira”, pele morena, voz afinada e sorriso pontual. Seria ela única? Seria ela a pessoa que enterraria a espada no coração do conquistador?

Dom Juan estremeceu e não parou de pensar mais nela. Queria vê-la. Estava apreensivo pelo fato de que a moça pudesse ser a mulher da sua vida. Como num piscar de olhos, nenhuma outra mulher fazia mais sentido a ele. Queria aquela morena da pele de ébano a todo custo.

Dia seguinte foi procurar por ela. Como não havia perdido o jeito da conquista, ela caiu nas graças dele, mas havia um empecilho: a família poderia não aceitar. Havia um membro que parecia um ogro de tão xucro. Ele rugia feito um leão que havia perdido seu grupo. Rugiu, rugiu, rugiu até perder a voz. Não adiantou. Dom Juan conquistou sua princesa. O ogro não ruge mais, apenas mia de vez em quando. Como Romeu e Julieta, eles sobreviveram ao caos da ignorância.

Dom Juan e a princesa de ébano são felizes hoje. Ele esqueceu-se das seduções, pois quer apenas conquistar a mesma donzela todos os dias, incansavelmente. A partir disso, carregou consigo a seguinte frase: “A melhor parte do amor é perder todo o senso de realidade”.

Miguel Júnior é mestre em Linguística, jornalista e professor universitário

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Miguel Júnior
Miguel Júnior

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