O Brasil vem lidando com fatores nada agradáveis como elevação dos preços e da inflação, aumento do desemprego e redução do poder aquisitivo. É praticamente impossível, portanto, que o país retome seu crescimento econômico sem o chamado plano de ajuste fiscal – que tem gerado muita polêmica pois, entre suas medidas de corte nos gastos do governo, inclui maiores restrições para se obter benefícios como o seguro-desemprego e o abono salarial, visando coibir abusos e fraudes – medidas estas que já foram, inclusive, aprovadas no Senado.
O governo precisa levar em consideração que o ajuste fiscal não é a única medida para que o país possa enfim respirar aliviado. Se tais medidas estão sendo implantadas é porque erros graves foram cometidos e devem ser evitados para que, no futuro, o país não precise recorrer a um novo ajuste.
No dia 19 de maio de 2015 o primeiro ministro chinês Li Keqiang esteve no Brasil para assinar 35 acordos bilaterais nas áreas de planejamento, infraestrutura, comércio, energia, mineração, entre outras, no valor de mais de US$ 53 bilhões, que serão investidos no Brasil. Além disso, o banco chinês ICBC está estabelecendo um fundo de US$ 50 bilhões com a Caixa Econômica Federal para oportunizar negócios bilaterais. Mas é preciso considerar que os investimentos divulgados por Keqiang não “brotarão” de um dia para o outro, muito pelo contrário.
Um dos projetos mais ambiciosos anunciados pelo primeiro ministro chinês é a construção da ferrovia transoceânica, de Mato Grosso do Sul até o litoral do Peru, oferecendo uma ligação direta do Brasil com o Pacífico. A China pensou em tal proposta visando expandir suas exportações – já que atualmente ela conta com excesso de capacidade de infraestrutura e uma economia desacelerada – além de diversificar investimentos. Todavia, esse é um projeto que ainda será estudado e poderá passar por grandes entraves aqui no Brasil, como, por exemplo, em relação ao desmatamento.
Portanto, por mais que se criem expectativas, não se pode ignorar a legislação brasileira, que exige uma licitação pública para os projetos. Por outro lado, também é fato que a burocracia brasileira não deve complicar e sim facilitar os investimentos estrangeiros e, por isso, os ministros precisam retirar os obstáculos que atrapalham as negociações, desde que, é claro, tais interesses não sejam danosos ao país.
Segunda maior economia do planeta e uma das principais parceiras comerciais do Brasil, a China possui um histórico de investimentos em nosso país, todavia, os resultados nem sempre saíram como esperado para o Brasil, revelando-se ínfimos, como já ocorreu nas eras FHC, Lula e da própria Dilma – em 2011 a fabricante de computadores Foxconn anunciou um investimento de U$12 bilhões no Brasil, mas o valor investido foi muito aquém.
Assim como o ajuste fiscal – que deverá ser evitado no futuro – o Brasil precisa rever seus erros em negociações passadas com a China para estabelecer um novo cenário em que ambos saiam ganhando. Afinal errar uma vez é humano, já insistir no erro...
Mariana da Cruz Mascarenhas é jornalista, articulista e crítica de economia e cultura
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