Por Pe. José Carlos Pereira Em Artigos

Eternidade

As pessoas se eternizam não pelos anos que vivem, mas pelas obras que fazem. Há pessoas que ficam na nossa lembrança para o resto da vida pelas coisas boas que fizeram e nos ensinaram a fazer.

Ficam na nossa vida as pessoas que de alguma forma nos ensinaram a ser melhor e ver o lado bom da vida. Aquelas que nos ensinaram a ser como as águas de um rio, a correr contornando os obstáculos em vez de parar diante deles e se lamentar; as que nos ensinaram a fazer nosso próprio caminho, deixando nele as nossas marcas; a escrever nossa história com as penas dos nossos próprios atos; as que nos mostraram que há situações em que o silêncio é a melhor resposta; que princípios geralmente determinam os meios e fins e que quem possui princípios geralmente usa bons meios e terá um bom fim; que a vida dá voltas, mas é um caminho sem volta e que é preciso viver como se não fôssemos morrer, e morrer como se fôssemos viver. Elas nos ensinaram a curtir a vida porque a vida é curta.

Eternizam em nossas lembranças aquelas pessoas que nem sempre deram respostas, mas nos ensinaram a fazer perguntas. Essas se tornaram grandes porque deixam grandes ensinamentos: ensinaram que estudar não nos faz maiores que os outros, mas nos faz pessoas melhores, e que se isso não ocorreu na nossa vida com os nossos estudos, é sinal de que nossa formação pouco valeu, porque estudar é, antes de tudo, tomar consciência da nossa própria ignorância, das nossas limitações.

Elas nos ensinaram que conhecimento não pesa, mas ignorância sim. Essas pessoas foram verdadeiras mestras porque nos ensinaram a ler nas entrelinhas da vida; elas nos ensinaram que quem lê enxerga mais longe; que livros nos concedem asas; que quem lê enxerga melhor o caminho e que abrir um livro é como abrir uma caixa de surpresas, porque o futuro se constrói com pessoas e livros; que a nossa vida não precisa ser um livro aberto, mas que é importante ter na vida sempre um livro aberto. Que quem lê tem palavras amalgamadas no corpo, na mente e na alma. É o próprio verbo encarnado.

Elas são eternas porque nos ensinaram a nos relacionar melhor com os nossos semelhantes, não buscando pessoas perfeitas, mas pessoas cujos defeitos não nos impeçam de ser feliz com os nossos defeitos, e que todo preconceito é sinônimo de ignorância. Que aprendemos todos os dias, até o ultimo dia da nossa vida. Que tudo o que fazemos na vida terá críticas e aplausos e que não devemos nos esmorecer pelas críticas nem nos envaidecermos pelos aplausos, porque os mesmos que hoje aplaudem os nossos acertos, amanhã criticarão os nossos erros e tropeços. Essas pessoas se eternizaram porque nos ensinaram que fazer o bem faz bem, e que ajudar o próximo faz bem para a saúde.

Elas são eternas porque nos ensinaram muito de Deus. Elas mostraram que conversão não significa mudar de religião, mas de mente e coração. Que a religião transfigura as pessoas e pessoas transfiguram o mundo, e que se assim não for, a religião não tem sentido algum. Que sabemos muito pouco de Deus, mas que Deus sabe muito de nós, e que nos ama, e isso deve bastar. Que somos um grão de areia diante do universo, mas somos um universo diante de Deus. Enfim, é que ser grande é enxergar-se pequeno diante de Deus.

Essas pessoas são como estrelas, passam, mas seu brilho permanece eternamente. Elas partem, mas deixam conosco uma preciosa parte delas.

Padre José Carlos Pereira, CP é sociólogo e escritor de mais de 50 livros

 

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Pe, José Carlos Pereira
Pe. José Carlos Pereira

Sociólogo e escritor de mais de 50 livros

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