Já somos mais de 200 milhões de brasileiros espalhados por suas cinco regiões, que juntas se assemelham a um continente, dada a grande diversidade étnica, cultural e social do Brasil. A economia brasileira hoje é a maior da América Latina e a sétima maior do mundo – corre o risco de perder este posto para a Índia. Todavia, o país vem passando por algumas dificuldades, agravadas pela queda na produtividade, alteração cambial e pelo afastamento dos investidores estrangeiros diante das incertezas econômicas apresentadas.
Em meio a este cenário conturbador, a falta de planejamento econômico surge como uma das grandes causadoras da “enfermidade econômica” atual. Mas planejar a economia de um país vai muito além de tomar as devidas providências para garantir uma estabilidade financeira. É preciso conscientizar-se das necessidades que assolam as minorias da sociedade brasileira, incluindo os marginalizados e excluídos sociais.
Não há como negar os avanços e benefícios que o capitalismo, a globalização e as inovações tecnológicas – dos quais sou totalmente defensora – trouxeram para o mundo em termos de crescimento e desenvolvimento econômico, social e político. Mas é preciso reforçar os riscos que o mau uso das novas tecnologias, especialmente, está trazendo quando cria um distanciamento e isolamento dos seus usuários.
Acompanhar todas as novidades que chegam ao mercado tecnológico, hoje, tornou-se tarefa quase impossível diante da infinidade de lançamentos momentâneos. Dessa forma, passamos a viver a cultura do descartável, em que tudo parece perder seu verdadeiro valor, já que pode ser trocado a qualquer instante. Essa desvalorização não se aplica apenas ao material, mas principalmente aos seres humanos. Ocorre uma distorção de valores em que as pessoas são definidas pelo que elas têm e não pelo que elas são.
Sem contar ainda que a preocupação exagerada pelo ter acaba gerando um egoísmo e individualismo que nos impedem de enxergar a realidade daqueles que nos cercam e clamam por ajuda. É a chamada “globalização da indiferença” muito bem abordada pelo Papa Francisco em seu discurso de abertura da Quaresma neste ano.
Mas os cidadãos precisam enxergar o outro a sua frente, pois é através da conscientização e mobilização social que podemos juntar forças para compelir os governantes a promover uma gestão mais integradora e acolhedora que enxergue as verdadeiras carências das minorias. Isso é planejar economia! O que só acontecerá quando muitos de nós deixarmos de ser apenas servidos e passarmos a servir.
“Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45): este é o lema da Campanha da Fraternidade de 2015, cujo tema é Fraternidade: Igreja e Sociedade, que neste ano trata da missão evangelizadora da Igreja na sociedade e seu papel de serviço ao povo. Mas o servir não deve ser apenas da Igreja e sim de cada um de nós na construção do desenvolvimento humano integral.
Mariana da Cruz Mascarenhas é jornalista, articulista e crítica de economia e cultura
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