Por Pe. Evaldo César de Souza, C.Ss.R. - Jornal Santuário Em Artigos

Inexiste hiato na política

A ciência política, fruto da inteligência humana, já sabe, desde tempos imemoriais, que não existe hiato no poder. A ausência ou fraqueza de um governante ou líder é imediatamente ocupada por seus pares ou oposição. O certo é que se alguém declina, outro rapidamente galga o espaço vazio.

O Brasil de hoje assiste a essa mudança de poder de modo muito claro. Talvez seja a crise do governo petista o cenário mais constrangedor a que o país assiste desde o fim da ditatura militar. Nem mesmo o fracassado governo de Fernando Collor de Melo, deposto do poder poucos meses depois de eleito, parece ser tão dramático quanto o momento pelo qual passa a presidente Dilma Rousseff e o Partido do Trabalhadores.

Semanas atrás o Datafolha registrou o pior índice de popularidade de um presidente desde a redemocratização do país. Nem mesmo Collor foi tão rechaçado pela população. E se falta a liderança petista no país, seguindo a máxima política acima citada, alguém precisa aparecer. E quem vem lá? O PSDB com Aécio Neves? Não! Os tucanos que perderam a eleição de modo contundente no último pleito e estão despreparados para um enfrentamento tête-à-tête com o PT. Falta coragem e ousadia ao PSDB, que vocifera, mas teme a opinião pública. Prefere o trabalho na surdina do que macular a fama de bom moço. Mas se o PSDB não ousa, quem está então aproveitando a brecha do poder? Eis que ressurge, das cinzas, como fênix adormecida, mas sempre voraz, o lado mais conservador e elitista da política brasileira, o PMDB.

Orquestrado pelo atual presidente da Câmara Eduardo Cunha, e nas últimas semanas, pelo vice-presidente da República, Michel Temer, os peemedebistas se lançam como hienas vorazes na carne do governo, e esperam com isso recolocar-se como salvadores de uma pátria que parece falida. Na Câmara, Eduardo Cunha tem proposto pautas bombas, ou seja, assuntos que mexem com o orçamento da união e com questões caras ao governo, e apoiados por políticos de carreira, vem aprovando, à revelia das possibilidades reais, uma série de leis e normas que logo se mostrarão hediondas e impraticáveis. Faz isso para provocar ainda mais o governo, e tem tido sucesso.

Felizmente para o Brasil indícios apontam que também ele tem a ficha suja pela corrupção. Tomara que alguém lhe ponha freios. O mesmo discurso contaminou o vice-presidente da República, que até ontem não era nem lembrando e que aparece agora como articulador político imprescindível ao país. Temer, fruto das artimanhas políticas do PT e PMDB para conquistar o poder, resolve agora dar uma de bom moço? Onde fica o brio e o caráter do político, que se aliou ao PT para estar onde está, que agora, de repente, parece virar as costas aos seus companheiros de governo? Temo que a briga pelo poder, as crises políticas (amplificadas pela mídia) e o despreparo de Dilma Rousseff em lidar com essa fase difícil de seu governo possa nos conduzir para um cenário político ainda mais instável e fracassado.

Admiro a capacidade mesquinha de nossos líderes em pensar em si próprios, e no próprio poder, em vez de investirem forças e inteligência para sanar os problemas do país. Enquanto nossos políticos se digladiam para ocupar o poder na República, o povo sofre, é manipulado pela mídia, faz panelaços e passeatas, sem saber exatamente o porquê. Esse é o Brasil que temos visto na mídia: doente, fraco, incapaz de resistir ao ataque sanguinário dos que deveriam cuidar do país, mas que se mostram unicamente preocupados em sugá-lo até a última gota. E o povo? O povo é só um detalhe!

Padre Evaldo César de Souza é diretor de produção/operação da TV Aparecida

Escrito por
Padre Evaldo César Souza, C.Ss.R, diretoria da Fundação Nossa Senhora Aparecida (FNSA) (TV Aparecida)
Pe. Evaldo César de Souza, C.Ss.R. - Jornal Santuário

Jornalista e missionário redentorista

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