Por Roberto Girola Em Artigos

Intolerância nas redes sociais

As pessoas continuam se engalfinhando por causa de política e já perdi muitos amigos nas redes sociais. Estamos vivendo na era da intolerância? (Raul Mascarenhas, São Paulo – SP)

As últimas eleições foram palco de intensas “brigas” travadas nas redes sociais pelos defensores dos candidatos que disputavam cargos públicos e seus respectivos partidos. Como era de se prever, as “brigas” travadas nas redes sociais acabaram deixando para trás rastros de morte e destruição que atingiram algumas “amizades”.

A psicanálise estuda esses fenômenos coletivos como fruto dos processos inconscientes da identificação e da projeção. Partes do inconsciente pessoal são “identificadas” ou “projetadas” em determinados personagens da vida pública, assim como acontece com os atores da televisão e do cinema.

Trata-se de processos inconscientes fortemente carregados no plano emocional por ativar fantasias que envolvem partes do mundo interno do sujeito e defesas que visam protegê-lo das angústias ligadas às ambiguidades desse mesmo mundo interno.

Mas o que esses processos têm a ver com a pretensa “realidade” defendida pelos integrantes das facções opostas que se acusam mutuamente de “ignorar ou deturpar” a tal realidade?

Cada sujeito fala a partir do seu mundo interno, construído a partir de aspectos de sua personalidade, mas também de “defesas” que distorcem a percepção do mundo real e a condicionam a intensos processos emocionais, uma espécie de lente que distorce, impedindo o acesso ao Real.

A adesão a esse ou àquele grupo depende de uma identificação com aspectos que são promovidos como a “bandeira” desse grupo, mas também como defesas de outros aspectos do outro grupo que o mundo interno identifica como maus, porque associados a aspectos reconhecidos como maus no próprio mundo interno e que, portanto, precisam ser “evacuados” para fora, no “outro” (grupo).

Tudo isso sem contar que a própria “realidade”, à qual supostamente ambos os “torcedores” têm acesso, é de fato uma realidade distorcida pelos marqueteiros políticos. Tanto as campanhas como os candidatos são construídos de acordo com as orientações desses profissionais. E a realidade? Bom, ela desponta sombria no horizonte, sob a suspeita de que o descaso e a corrupção imperam na forma como o país é conduzido por seus líderes políticos, não importa qual bandeira eles defendam.

Roberto Girola é psicanalista e terapeuta familiar

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Roberto Girola
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Psicanalista e terapeuta familiar

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