Por Roberto Girola Em Artigos

Não é fácil ser um político

Na Rússia, o principal oponente do presidente é assassinado, mas este nega qualquer envolvimento com o crime. Um procurador que acusava a presidente da Argentina aparece morto. Em um primeiro momento, nega-se que ele tenha sido assassinado (já que não se pode negar que esteja morto) e a presidente acaba sendo sumariamente absolvida pela justiça das acusações que poderiam envolvê-la com o assassinato.

No Brasil, os efeitos desastrosos do escândalo da Petrobrás se alastram, criando um rombo cada vez maior no barco já instável da nação. Enquanto isso, a real dimensão econômica, política e ética do problema é minimizada, contradizendo o que a realidade teimosamente insiste em mostrar. Ninguém sabia de nada, a não ser os “delatores premiados” e a alguns políticos e empresários desavisados.

No Estado de São Paulo, falta água, mas, para o governador, não há racionamento e não há responsabilidade política pela crise hídrica, atribuída ao desavisado São Pedro e arquivada como outros inúmeros problemas supostamente “inexistentes”.

Em todos esses episódios, a “realidade” se dissolve nas brumas dos jogos políticos, no conluio que alimenta o desejo da manutenção do poder e dos privilégios que isso acarreta. O que impressiona o cidadão comum é a capacidade que os políticos, apoiados pelos seus acólitos, demonstram de fazer parecer “real” o que eles desejam que seja real.

Tudo isso até que, como na fábula, uma criança grite que o Rei está nu, fazendo com que os que estão acompanhando o cortejo real percebam que de fato o Rei está pelado e não vestindo uma roupa visível apenas aos olhos dos “bem-informados”.

O político hoje chega ao poder na medida em que se submete a uma complexa (e cara) máquina que o “transforma” em um produto vendável. O primeiro que deve se convencer que é vendável é ele mesmo, não baseado no que ele “é” de fato, mas no que o marqueteiro lhe mostra e lhe ensina a mostrar para os outros. A embalagem é tudo nesse produto, pois é o que o eleitor compra. Se, ao abrir a caixa, descobrir que o produto está vencido, não importa, haverá outro marqueteiro disposto a lhe dizer que o “podre” agora está na moda e que somente os “ingênuos” esperariam outra coisa.

O próprio político passa a acreditar que o que tem na caixa não importa, o que conta é manter a imagem do que se quer que os outros acreditem, para se manter no poder, juntamente com seus aliados. Afinal ele foi “escolhido” e merece estar ali, pois abriu mão dele mesmo para chegar até lá. Haja desprendimento!

Roberto Girola é psicanalista e terapeuta familiar

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Roberto Girola
Roberto Girola

Psicanalista e terapeuta familiar

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Por Alexandre Santos, em Artigos

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