Por Leandro Villela de Azevedo Em Artigos

No cenário político atual é preciso uma bússola para saber por onde andar

David Nolan, político americano que viveu durante a Guerra Fria, coloca em dúvida se a simples divisão direita e esquerda poderia de fato ser eficiente em seu mundo, especialmente ao analisar o governo de Hitler, considerado de direita e o de Stalin, considerado de esquerda, e ver tantas semelhanças entre eles (censura, trabalhos forçados, polícia política, culto à personalidade, etc)

A divisão em direita e esquerda vem dos tempos da Revolução Francesa e há duas formas mais comuns de se interpretar esse termo, embora eles tenham a mesma origem. Os que se sentavam nas cadeiras da direita defendiam a monarquia, o conservadorismo, os grupos de elites e as propriedades feudais, enquanto os que se sentavam à esquerda queriam mudanças, reforma agrária, distribuição de renda e de bens. Mas e quando partidos de esquerda assumem o poder, eles passam a ser chamados de direita? Em vias de regras não se usa mais a ideia de “direita” para quem está no poder e “esquerda” para a oposição.

Direita refere-se àqueles que crêem que a principal função de um governo é estabilizar a economia e que com a economia estável as empresas crescem, geram empregos e isso como um todo faz o país crescer, sendo benéfico a todos no final das contas. Já os de esquerda acreditam que independente da economia e as empresas crescerem, a principal função do governo deve ser gerar igualdade social, e que sem igualdade não há verdadeiro avanço. (a divisão entre quem está no poder e quem não está seria assim: partidos de ocasião são os que estão no poder, e os de oposição, os que tentam entrar no poder).

Mesmo assim, segundo Nolan, era preciso ir para além disso, e ele propõe um outro eixo entre totalitário e libertário. Sendo que os totalitaristas seriam aqueles que acreditam que o governo deve controlar mais aspectos da vida das pessoas, sendo mais forte, e os libertários os que acreditam que o governo deve intervir o mínimo possível. Desta forma, Hitler é de direita, e Stalin de esquerda, mas ambos totalitários. Já Gandhi, que pregava a igualdade das raças e das religiões em ações civis, mas sem a interferência do governo, seria libertário de esquerda, enquanto os neoliberais, como Fernando Henrique, que lutam pelo avanço econômico mas com pouca intervenção do governo, inclusive através de privatizações, seriam os libertários de direita.

Leandro Villela de Azevedo é professor de História, graduado pela Universidade de São Paulo (USP)

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Leandro Villela de Azevedo

Professor de História, graduado pela Universidade de São Paulo (USP)

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