O mês de novembro é marcado espiritualmente pelo dia de Finados e a Festa de Todos os Santos. São Paulo VI, recentemente canonizado, refletiu muito sobre a realidade da esperança cristã, da ressurreição e da “irmã, a morte corporal”, como dizia São Francisco de Assis. Vamos aqui refletir sobre a morte a partir do testemunho de São Paulo VI.
Leia MaisDia de Finados: Do que fazer memória?A precariedade da vida é uma certeza que se impõe, é real. A hora chega. A saída deste mundo não é um castigo; é uma solução providencial.
A Providência Divina age no jogo das circunstâncias e de nossa 'pouqueza'. Somos servos inúteis. Não nos fundamentamos em bens efêmeros e esperanças falazes e enganosas do vazio das coisas. Esta vida é mortal. É preciso reconhecer e agradecer. Há uma fatal caducidade.
O que vale é a fé na visão do Invisível Sol. À gratidão une-se o arrependimento. Há um grito de glória e de misericórdia. É necessário confessar Tua bondade, Senhor, e minha culpa.
Vem, então, o eterno cantar: “Miseria mia, misericordia Dei”.
Não olhar para trás, mas curvar a cabeça e elevar o espírito. Humilhar-se e exaltar-te, Senhor, pois tua natureza é a bondade. Sim, cantemos nosso nascimento e celebremos as exéquias!
No fim, há a memória das coisas belas, atraentes, nostálgicas. Há quem denuncie o passado irrecuperável, há a desilusão do efêmero e do vazio, há a experiência do remorso ineficaz. Mas há também a sabedoria de ver a vaidade das coisas, o valor da virtude, o reconhecimento de que tudo era dom, era graça. Há o reconhecimento da beleza da vida, o canto e a gratidão, o prodígio comovente e digno de ser cantado: a vida do homem. Um canto de alegria e glória.
O mundo imenso, misterioso, magnífico, o universo com mil forças, mil luzes, mil belezas, mil profundidades. É um panorama encantador de prodigalidade sem medidas.
Assalta o arrependimento de o não ter admirado, observado, valorizado em sua realidade maravilhosa e surpreendente de macrocosmo e microcosmo. Há a queixa de não havê-lo estudado, explorado, admirado por causa de uma imperdoável superficialidade. Mas a conclusão é esta: o mundo é estupendo.
Eu te saúdo, eu te celebro no último instante com imensa admiração, gratidão, exultação, porque, por trás da natureza, da vida, do universo, está a Sabedoria, está o Amor. Tudo é dom. A cena deste mundo é um desígnio e um desenho do Criador: o Pai que está nos céus. No último olhar, eu me conscientizo de que essa cena é fascinante e misteriosa, é um revérbero, um reflexo, um fulgor da única luz. É uma revelação da riqueza e da beleza da visão do Invisível Sol. É uma iniciação, um prelúdio, uma antecipação, um convite à visão do Invisível Sol.
Neste pôr de sol, há uma luz vespertina, presságio da eterna aurora. Neste pôr de sol, aflora a história da minha vida, tecida de coisas singulares, inumeráveis benefícios e a bondade inefável de Deus.
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