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O Espírito e a História

Dom Orlando Brandes (Thiago Leon)

Escrito por Dom Orlando Brandes

02 FEV 2021 - 13H00 (Atualizada em 03 FEV 2021 - 14H20)

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Desde o início da criação, o Espírito de Deus é o condutor da história humana (Gn 1,2). Transformou o caos inicial em cosmos, que significa beleza, simpatia, harmonia. Todas as criaturas nos remetem ao Criador e suscitam o louvor e a gratidão. Quem não se maravilha diante da "simpatia de todas as coisas"? No mesmo Espírito, somos responsáveis pela ecologia, portanto pelo futuro da história. Merece todo cuidado a "irmã água", que é pura, casta e bela. Toda a criação é templo do Espírito. Diz o papa Dâmaso: "Toda verdade, venha donde vier, vem do Espírito Santo". Ele é o pedagogo da verdade e "treinador dos mártires da verdade".

Sem o Espírito, "Deus parece estar longe, Cristo parece algo do passado, o Evangelho é letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um domínio, o culto um teatro e a ética uma moral de escravos" (1 Lataquié). O Espírito agia no mundo antes de Cristo, dirigindo curso dos tempos. Ele é o Senhor da História, dirige-a como um diretor de teatro. Ele age agora, por isso é chamado de "Espírito da hora". "Ele penetra as artérias dos acontecimentos, ilumina soluções, faz expandir as potencialidades humanas e inspira criatividades" (João Paulo II). A mente humana e o Espírito são parceiros na busca da verdade.

Leia MaisA natureza em nósO Espírito atua fora dos limites das Igrejas, move os corações e as consciências, está presente na evolução social, suscita a libertação, promove o desenvolvimento integral da humanidade. "Onde está o Espírito, está a liberdade" (Rm 8,2). Ele é o "pai dos pobres e convencerá o mundo a respeito da justiça" (Jo 16,8). Autor da unidade de fé e da diversidade dos dons, o Espírito ilumina a invenção das ciências e das artes, impulsiona a criação do novo, conduz os processos históricos. "Ele revela coisas maravilhosas aos pequeninos" (Lc 10,21).

Jesus, ungido pelo Espírito, apresenta seu programa de ação na sinagoga de Nazaré, o programa do reino: "libertar os presos e oprimidos, dar vista aos cegos, evangelizar os pobres, proclamar o ano da graça" (Lc 4,18-19). O Espírito impele Jesus ao amor social, às atitudes proféticas, à libertação, à implantação de reino de Deus nas artérias do mundo, das culturas e da história. O mundo é o templo do Espírito, por isso Ele renova a face da terra.

Sim o Espírito é o advogado da justiça, o "Patrocinador do homem" (João Paulo II) e fonte de toda dádiva às criaturas. E o "pneumatizador da matéria" (Idem), ou seja, o Espírito espiritualiza a matéria, como é o caso da encarnação do Verbo em Maria, da eucaristia e da ressurreição da carne. O Espírito mora na matéria e a transforma. É o Senhor e a fonte de vida, condutor da evolução. Graças ao Espírito, a história humana não se autodestruiu e alcançará sua meta na glória.

Escrito por
Dom Orlando Brandes (Thiago Leon)
Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Aparecida (SP)

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Por Redação A12, em Artigos

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