Por Irmão Diego Joaquim, C.Ss.R. - Jornal Santuário Em Artigos

Por que cuidar do morador de rua?

“Todas as vezes que fizerem isso aos menores dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40)

Trata-se de uma realidade cada vez mais comum em nossas cidades: homens e mulheres vivendo nas ruas. Para quem tem onde morar e um meio seguro de subsistência, ver pessoas deitadas em um papelão numa calçada devia provocar indignação. Mas nem sempre é assim. Há quem culpe o governo, os traficantes, a injustiça social. Mas há também muitos que são indiferentes ou têm medo das pessoas que estão nesta situação.

Em geral, falta conhecimento da realidade dessas pessoas. Há quase um ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou um relatório de uma pesquisa experimental feita na cidade do Rio de Janeiro com pessoas em situação de rua. Era um ensaio para incluir essa população na contagem do censo demográfico. Sim, porque, até hoje, tais pessoas não são sequer contadas pelas autoridades brasileiras.

Ainda há poucos estudos que ajudam a compreender o que leva uma pessoa a morar na rua. Há diversas causas: falta de trabalho, rompimento do vínculo familiar, doenças mentais, adversidades pessoais, tragédias naturais, dependência química. O que parece fato é que não se trata de uma opção consciente, mas de uma consequência que transforma o modo como uma pessoa percebe a sua relação com os outros e com a sociedade.

Diante destas pessoas, a maior parte da sociedade já apresenta o seu pré-julgamento: são “mendigos”, “pedintes”, “vagabundos”, “bandidos”. Estão na rua, mesmo que tenham casa e família. Vistas assim, não parecem ser dignas de piedade e cuidado. Não são vistos como pessoas, muito menos como vítimas de situações em que não tiveram direito de escolha.

A resposta da Igreja para esta realidade já está organizada em muitas dioceses: a Pastoral do Povo de Rua. Seu principal objetivo é o desenvolvimento de ações que procurem transformar a situação de exclusão em um projeto de vida. Ela atua especialmente com a visita a esta população que está sob os viadutos, nas praças e ruas. Mas também oferece apoio ao denunciar sua situação, especialmente os casos de violência e discriminação.

O Papa Francisco não fala muito sobre o assunto, pois prefere agir. Em seus aniversários, comemora discretamente com os moradores de rua de Roma. A pedido de Francisco, o Vaticano instalou banheiros, chuveiros e até uma barbearia para atender essas pessoas. A intenção é dar dignidade às pessoas. Eis a motivação para as ações em favor da população de rua: respeito ao próximo, oferecendo ao menos o mínimo a que todo ser humano tem direito.

Irmão Diego Joaquim, C.Ss.R., é missionário redentorista, jornalista e diretor de conteúdo da Rede Pai Eterno de Comunicação

Escrito por
Irmão Diego Joaquim, C.Ss.R.
Irmão Diego Joaquim, C.Ss.R. - Jornal Santuário

Missionário Redentorista da Província de Goiás

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