Olá Regina Célia (São Paulo-SP), tudo em paz? De fato, as narrativas dos Evangelhos sinóticos (Mateus, Lucas e Marcos) mostram que Jesus já adulto foi ao encontro de João, o Batista, para ser mergulhado nas águas do rio Jordão e, assim, inaugurar seu ministério público. Mas esse batismo de Jesus não tem o mesmo sentido do batismo que recebemos Nele, nós que nos tornamos seguidores de Jesus Cristo. Para nós, batizar é aderir ao projeto de Jesus, assumi-lo em nossa vida, e ter nossos pecados perdoados. Por isso, a Igreja entende que o Batismo é um sacramento, ou seja, um sinal de que assumimos o discipulado cristão como razão definitiva de nossa vida. Batizar, ser mergulhado na água, e receber a força do Espírito Santo é o gesto que nos abre as portas das heranças do amor de Deus em Jesus Cristo.
A Igreja Católica, durante muitos séculos, também deu mais atenção ao batismo de adultos, ainda que, ao que parece, desde o começo das comunidades cristãs crianças devam ter recebido o batismo em nome da Trindade Santa. Várias passagens referem-se ao batismo de toda a casa, ou seja, de todos os que pertenciam àquele grupo familiar, o que deveria incluir crianças, como caso de Cornélio (At 10, 1ss), a negociante Lídia (At 16,14ss), o carcereiro de Filipos (At 16,31ss), Crispo de Corinto (At 18,8) e a família de Estéfanas (1Cor 1,16). Também alguns santos padres, como Orígenes, Cipriano e Irineu também mostraram o valor de se batizar também as crianças. Outra fonte segura de que o batismo podia ser ministrado para crianças, desde o começa da Igreja está na Didaqué, o primeiro catecismo que se tem notícia.
Obviamente, o batismo de adultos era o foco principal, com a preparação do catecúmeno por meio de séria catequese, até o dia do batismo, que acontecia somente na Vigília Pascal, com a imersão em piscina de água. Até hoje nos sábados santos mantém-se a tradição de realizar o rito batismal na Vigília Santa, com novos batizados e renovação das promessas batismais. Mas o crescimento da Igreja, o aumento dos fiéis e a necessidade pastoral foi fazendo com que o rito do batismo assumisse novas perspectivas, e introduziu-se, tranquilamente, o batismo das crianças, que deveriam ser educadas na fé e, no momento da maturidade, reafirmar sua adesão a Cristo e à Igreja por meio do sacramento da Crisma. Hoje, ainda que se tenha fortalecido o batismo das crianças, segue-se sendo válido e possível o batismo de adultos na Igreja Católica.
O Batismo é a porta para a entrada no mundo dos mistérios da fé, é a adesão à comunidade, à comunhão com todas as benesses das heranças espirituais em Jesus Cristo. Quando se batizam crianças, queremos com isso educá-las desde tenra idade para o amor a Jesus e à Igreja Católica. Batizar não é gesto mágico, que vai curar “sapinho”, ou livrar a crianças de doenças. Batizar é consagrar nossa vida a Jesus Cristo, e essa consagração precisa ser renovada a vida toda. Seja para adultos ou crianças, batismo é coisa séria e marca definitivamente nossa vida!
Padre Evaldo César de Souza é diretor de produção/operação da TV Aparecida
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